menina egoísta

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Com muita dificuldade passei a manhã inteira limpando as baias, parava algumas vezes para respirar, já que aquele cheiro quase me matou várias vezes. Quando acabei, deixei a pá, tirei as botas de borracha que já estavam completamente sujas, e calcei meu tênis novamente. Meu estômago já roncava de fome, e pelo pequeno relógio que havia no estábulo, vi que já devia ser hora do almoço.

Enquanto andava em direção a casa, vi de longe Camila apoiada na porteira do pasto, ela conversava com um menino que usava um boné vermelho, uma blusa xadrez e botas, eles pareciam próximos e por algum motivo aquilo me incomodou.

Os dois me viram, mesmo estando bem longe, cochicharam alguma coisa sem tirarem os olhos de mim e voltaram a conversar normalmente.

- Desgraçada, era para ela estar trabalhando e não conversando. - murmurei para mim mesma, antes de voltar para a atenção no caminho de volta pra casa.

O delicioso cheiro de comida preenchia a cozinha toda, fazendo minha boca salivar.

- Bem na hora. - minha tia disse enquanto me olhava com um sorriso.

- Eu to morrendo de fome.

- Isso significa que está trabalhando mesmo.

- Claro que tô. Trabalhando até mais do que sua ajudante, que só fica conversando. - Lembrei da cena onde Camila conversava com o menino na porteira.

- Falando nela. Hoje a noite vamos sair, tem um rodeio na cidade, ela vai participar. - ela parecia orgulhosa em dizer aquilo.

- Eu tenho que ir mesmo? - Tratei de deixar bem visível a minha falta de vontade.

- Claro! Vai ser super legal e eu não vou fazer janta hoje não. Assim você aproveita e faz amizades.

- Tá. - suspirei me entregando as obrigações.

Diana serviu a mesa, colocando a comida e os pratos nos lugares vazios. Me ajeitei na cadeira, e logo comecei a me servir. Percebi o porque a galera do campo comia tanto, porque trabalhar dava uma fome do caramba.

- O almoço tá pronto? - Camila surgiu na porta da casa enquanto deixava seus sapatos para fora.

- Tá sim, já pode ir comendo. - minha tia apontou pra mesa.

Ela me olhou de cima a baixo antes de se sentar e se servir colocando pouca comida no seu prato e comendo com pressa, parecia que não aguentaria ficar comigo por mais nenhum segundo.

Quando terminou, se levantou e foi até a pia, limpando o prato e os talheres e já saiu correndo com a desculpa que precisava treinar. Até eu estava me esforçando para fazer companhia pra minha tia, e aquela menina só pensava em si mesma.

- Chata. - resmunguei vendo ela sair.

- Acho que eu vou descansar um pouquinho. - Diana se levantou da mesa, levando o prato até a pia.

- Pode deixar que eu limpo, tia. Já que tem uma criatura que só se importa com ela mesma. - arqueei a sobrancelha pensando em como Camila era uma ingrata.

- Obrigada querida. - ela sorriu. - depois descanse também, já trabalhou o suficiente por hoje.

Assenti com a cabeça, esperando ela deixar a cozinha. Limpei tudo, mas deixei os pratos e os talhes no escorredor já que não fazia ideia de onde minha tia guardava-os.

Quando subi para o meu quarto, olhei pela janela vendo Camila montada em cima do cavalo completamente parada no meio do pasto. Aquela menina podia até ser bonitinha, mas era esquisita que só.

- Senhora, além de chata e egoísta, é estranha. 



Cheiro de MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora