Tempestade

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Era sábado de tarde, e minha tia havia saído, passei horas pensando no que senti quando vi Camila naquela competição.

Estava na cozinha, analisando a chuva que caía do lado de fora, deixando a grama ao redor da casa mais verde que o normal, enquanto segurava uma caneca de café que já estava quase no fim.

Estava tudo silencioso, o que deixava meus pensamentos mais bagunçados. Por que eu não parava de pensar em Camila? Por que minha mente voltava nos nossos beijos, nela montada em cima do cavalo, nos seus olhos?

Meus pensamentos deixaram minha cabeça quando ouvi batidas desesperadas na porta. Deixei a caneca em cima do balcão e corri para ver quem era. Um homem ensopado pela chuva, com uma camiseta xadrez e um chapéu marrom molhado.

- Meus cavalos fugiram, pode me ajudar? - ele falou rápido, o que me deixou com dificuldade para entender de primeira.

- Claro. - respondi sem pensar muito, pegando a chave e trancando a porta. Estava sozinha em casa, Camila e minha tia haviam saído para comprar algumas coisas.

Corri atrás dele, logo sentindo a água fria da chuva atingir meus cabelos, meus braços e meu rosto, logo estava completamente encharcada, corri até a camionete, seguindo o carro do homem, pela tempestade até chegar no meio de uma floresta, que se mentia escondida por uma cortina feita pela chuva. Deixei o carro, sentindo a chuva me atingir com mais intensidade do que antes.

Caminhei com pressa, colocando a mão na frente da testa, tentando melhorar minha visão.

- Por aqui! - o homem gritou, me fazendo ir com ele até um pasto onde os cavalos estavam.

Eu estava perto de mais de um deles. Era lindo, de pelagem branca, com algumas manchas de terra avermelhadas perto das patas. Seus olhos brilhavam como diamantes, algo que eu não via há muito tempo. Era como se conhecesse aquele cavalo, como se já tivesse o montado, ou tido um carinho muito grande, mas não conseguia me lembrar, e quando me dei conta, estava dando passos largos para trás, pois ele se aproximava com raiva e medo, até que meu pé ficou preso, o cavalo empinou e assim que meu corpo se desestabilizou tudo ficou preto.

Cheiro de MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora