Rodeio

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Na pressa de encontrar algo para vestir, optei por ir com a calça jeans que eu já usava, e uma regata cinza, que deixava a alça do meu sutiã preto levemente à mostra. Calcei minhas botas de cano curto que tinham um salto, me deixando um pouco mais alta que minha altura normal. Agarrei minha jaqueta de couro e desci correndo.

Minha tia já estava na porta, batendo o pé no chão completamente impaciente.

- Vamos. - ela disse impaciente, rodando a chave do carro na mão.

A acompanhei na frente do carro, já que Camila deveria já estar lá, preparada para a competição.

Nunca vi minha tia dirigir tão rápido com naquela noite.

- Conseguiu falar com a sua irmã? - ela perguntou, quebrando o silêncio.

- Sim, ela está bem. - falei enquanto mexia em meus anéis, desconfortável em lembrar da pressa que Taylor teve para desligar o telefone.

- Sei que sente falta dela, mas vai ficar tudo bem, ela pode vir te visitar nas férias. - Diana tentou expressar um sorriso gentil, enquanto acariciava o meu braço em um gesto de conforto.

- É, pode ser.

Me calei o resto do caminho, e ficamos ouvindo apenas as músicas que tocavam no rádio, onde as músicas pareciam as mesmas sempre, alguém tinha que mudar aquela playlist.

Quando chegamos no rodeio, havia vários carros estacionados em um "campo", em sua maioria camionetes, já que estávamos em uma área rural, era possível ouvir a grande movimentação vindo da arena.

- Vamos procurar um lugar pra sentar. - minha tia disse enquanto andava na minha frente, servindo de guia para mim.

O lugar estava lotado, realmente era algo grande. Me lembro de quando éramos crianças e sempre ouvíamos falar do rodeio, mas nunca podíamos ir, porque segundo minha mãe era um lugar onde iríamos nos perder facilmente, e ela estava certa.

Fomos para as arquibancadas, sentamos a quatro degraus de distância da arena.

- Diana! Finalmente. - um homem de aparentemente 50 anos, com barba feita, um chapéu de palha, roupa azul clara de botões, e um cinto brilhante, se pronunciou. Devia ser próximo da minha tia pelo jeito que a cumprimentou.

- Oi, Sergio. Ela já foi? - minha tia procurava por Camila na arena, onde algumas pessoas se ajeitavam em cima dos seus cavalos.

- Ainda não. A corrida de tambor já está acabando e depois é ela.

- Essa é minha sobrinha, Lauren. - ela apontou em minha direção.

- É um prazer. - ele estendeu a mão para mim, a qual eu me senti obrigada a apertar.

Analisei a arena, também tentando encontrar Camila, e lá a vi, ao lado do cavalo que tínhamos na fazenda. Ela usava um chapéu preto, o que a deixava fácil de localizar. Reparei que ela conversava com alguém, o mesmo menino que havia ido até em casa.

- Menina safada. - sussurrei.

- O que foi? - minha tia olhou para mim.

- Nada. - respondi rapidamente.

- Aqui, pega uma pra você. - ela me entregou uma latinha de cerveja.

- Obrigada.

- Ai que nervoso. - mais um pouco e ela já estava rezando o terço de tão desesperada que estava.

- E agora, competição de montaria! - a voz do apresentador que ficava no canto da arquibancada fez todos prestarem atenção e minha tia quase dar um pulo. - apresentando os competidores, Pedro Figueredo, de 18 anos; Paulo da Silva, de 26 anos- só naquele momento percebi que todos já estavam no meio da arena, montados em seus cavalos e erguendo seus chapéu quando seus nomes eram chamados. - Camila Cabello, 20 anos!

- Lindaaaaa! - minha tia gritou, aplaudindo loucamente.

- Calma , mulher.

Fiquei perdida quanto ao propósito da competição, porque era só gente correndo atrás de vários bezerros até os juntarem em um quadrado. Mas quando Camila entrou na arena, minha mente se perdeu e já não procurava mais saber quais eram as regras, até os gritos da minha tia ficaram para trás, meus olhos estavam vidrados na mulher. Era incrível como o corpo dela seguia o caminhar do cavalo, indo para trás e para frente, com confiança, mostrando que sabia o que fazia.

- Puta que pariu. - murmurei, talvez deixando minha boca levemente aberta.

- Ela vai arrasar. - Diana disse sorridente, morrendo de orgulho de assistir Camila.

Foi dada a largada, e eu vi o imaginável. Ainda hipnotizada por Cabello, não perdia nenhum movimento que ela fazia. O cavalo corria loucamente pela arena, em direção a um bando de bezerros, e os levando até o quadrado em segundos, mas eu só prestava atenção em como seu corpo reagia em cima do animal, ela o comandava com as cordas, puxando quando necessário, até que o sinal tocou, acabou o tempo.

Camila puxou as cordas parando o cavalo de vez, dando um tempo para voltar a respirar, claramente ofegante e cansada, seus cabelos que antes estavam presos em um perfeito rabo de cavalo, agora estava com algumas mechas soltas e o penteado frouxo.

Não fazia ideia que uma competição de rodeio pudesse ser tão sedutora e frenética ao mesmo tempo. 





Cheiro de MatoOnde histórias criam vida. Descubra agora