Quando o relógio apontou 18 horas, eu desci correndo, já com as minhas coisas prontas, com medo de levar uma bronca. Havia feito uma pequena mala, colocando minhas coisas em uma mochila.
Chegando na cozinha, Camila já estava parada em frente a sua cadeira. A mesa estava posta, e um cheiro delicioso de carne assada me fazia salivar.
Jantamos em silêncio, às vezes sentia o olhar, ainda raivoso, de Camila ponderar sobre mim. Me deixando desconfortável e levemente culpada.
Quando terminamos, minha tia disse para pegarmos nossas coisas e irmos para o celeiro, ela nos acompanhou, pois tinha a chave, e iria nos trancar lá.
O celeiro não era muito grande, tinha apenas rações para gado e cavalo, e medicamentos para os animais. Havia também um velho sofá, e várias coisas antigas.
- Bom, deixei cobertas aqui pra vocês, e uma lanterna. - Diana disse, analisando o lugar com orgulho. - boa noite. - ela saiu com sorriso no rosto.
Ouvimos a porta se fechar e logo depois ser trancada. Deixando nós duas sozinhas, em um clima bem desagradável.
Camila me olhou de relance, ainda brava, enquanto ajeitava suas coisas.
- Pode dormir no sofá. - disse, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Aquele era o meu jeito de me redimir pela briga.
- Como se eu fosse dormir no chão. - ela respondeu, sem me encarar, apenas terminando de organizar as suas coisas.
Respirei fundo, tentando não me estressar, enquanto pegava um velho colchão e o arrastava para um canto.
Arrumei minhas cobertas, deixando a minha área de dormir decente o suficiente para passar a noite. Quando me deitei, senti o leve toque dos lençois na minha pele, me dando alguns segundos de paz. Precisava me livrar daquela roupa desconfortável, então me levantei, e tirei a blusa com a qual havia ficado o dia todo. Quando um grito surgiu do nada.
- Tá maluca! - Camila jogou uma almofada em mim.
- O que? Não posso trocar de roupa mais?
- Não precisa fazer isso na frente dos outros. Que falta de educação.
- Minha filha, se está incomodada é só não olhar. Vira se não quiser ver. Ou vai me dizer que nunca viu outra mulher de sutiã?
- Com certeza não tanto quanto você. - ela riu irônica.
- O que você quer dizer com isso? Tem algum problema?
- Com a sexualidade dos outros não, já com você, sim.
- Olha, eu não vou brigar com você. - finalizei, colocando meu pijama e me sentei de volta na cama, pegando minha mochila e procurando as comidas que havia pego antes de ir pro celeiro. - Você tem bebida alcoólica ? Eu não achei nada na casa.
- Eu não bebo. - ela respondeu séria.
- Bom, então vou ter que me contentar com isso. - peguei um toddynho que estava na bolsa.
Os olhos de Camila arregalaram quando ela viu o achocolatado que eu tinha em mãos.
- Você quer? - perguntei, sabendo que ela iria negar e ficaria brava quanto mais eu insistisse.
- Não. - ela respondeu, desviando o olhar da bebida para não ser tentada.
- Tem certeza? Tá geladinho. - forcei, na tentativa de fazê-la ceder.
- Eu já disse que não!
- Então, tá. - disse me rendendo.
- Que saco! - ela levantou, se aproximando de mim e pegando o toddynho fechado, antes de voltar para o seu sofá.
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Cheiro de Mato
FanfictionApós falhar miseravelmente na faculdade e se perder no mundo, Lauren é mandada para morar com sua tia, no interior de São Paulo. Se sentindo forçada a fazer aquilo e completamente desanimada, Jauregui pensa que aquela seria a pior experiência de su...