Lágrimas De Culpa

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A poeira da batalha começava a se dissipar, os lobos escondidos na floresta permaneciam imóveis, atordoados pelo que acabavam de testemunhar. Um silêncio tenso pairava no ar, interrompido apenas pelo eco distante dos eventos que se desenrolaram olhares perplexos foram trocados entre os membros, cada um processando a magnitude do que acabara de acontecer. Todoroki estava de pé, ainda se recuperando do ataque que o deixara ferido, enquanto Bakugou observava sua alcatéia com choque em seu olhar.

- Todo esse tempo.. Midoriya sempre foi bem mais do que só um lobo. - Katsuki começou a falar.

- Bem mais.. mas acho que ele prefere ser um lobo.- Todoroki solta um sorriso.

Os lobos, que haviam permanecido escondidos nas sombras da floresta, aqueles que observaram tudo, que lutaram antes da chegada de Midoriya finalmente avançaram para se juntar aos seus companheiros de alcateia. Seus olhos brilhavam com uma mistura de gratidão e respeito, reconhecendo agora plenamente Midoriya como um deles. Com passos determinados, os lobos correram em direção a Midoriya, suas caudas balançando em alegria e reconhecimento. Eles formaram um círculo protetor ao redor dele, uma demonstração de solidariedade e apoio, mostrando que agora ele era verdadeiramente parte da alcatéia,

Em agradecimento todos os lobos começaram a executar um antigo ritual de cura, suas mãos começaram a tecer padrões complexos no ar. Uma energia suave e reconfortante emanava de suas palmas, envolvendo Midoriya em uma aura de cura simples, ondas de energia pulsavam através do corpo de Midoriya, dissipando a dor e restaurando suas forças. Seus ferimentos começaram a se fechar, e sua respiração se tornou mais calma e regular à medida que ele era envolvido pelo poderoso poder de cura dos lobos.

- Vocês ainda fazem isso?..- Todoroki pergunta a Bakugou.

- Não pensei que um dia iríamos precisar de verdade.- Bakugou suspirou.

Enquanto o ritual prosseguia, uma sensação de paz e renovação se espalhava pela alcatéia e pela floresta, à medida que os lobos continuavam a canalizar sua energia de cura para Midoriya, uma sensação de preocupação crescente se espalhou entre eles, os presentes perceberam que a energia que fluía para Midoriya era insuficiente já que ele não era mais um mero lobo, e temiam que ele pudesse não se recuperar completamente.

Neste momento de incerteza, um movimento incomum começou a se desenrolar ao redor de Midoriya. Criaturas místicas, algumas benignas e outras sinistras, começaram a emergir das sombras da floresta. Demônios, incubus, súcubos e outras criaturas da floresta tortuosa se aproximaram de Midoriya, cada uma delas emanando uma energia de cura própria, as criaturas místicas se reuniam ao redor de Midoriya, suas energias se misturavam e se fundiam, formando uma aura de poder e mistério ao seu redor. Os presentes observavam com admiração e perplexidade enquanto testemunhavam esse espetáculo incomum, sem saber ao certo o que esperar.

No entanto, à medida que as criaturas continuavam a canalizar sua energia para Midoriya, algo notável começou a acontecer. Sua aura começou a brilhar com uma intensidade renovada, e sua expressão se suavizou enquanto ele absorvia a energia curativa que lhe era oferecida. A clareira da floresta estava agora envolta em uma atmosfera de magia e maravilha, à medida que as criaturas místicas trabalhavam em conjunto para ajudar Midoriya em sua recuperação. Era um testemunho da bondade e da união que podiam ser encontradas até mesmo nos lugares mais sombrios e imprevisíveis da floresta.



- Faz muito sentido que a deusa tenha pedido uma simples flor ao Midoriya como oferenda.- Todoroki comentou enquanto observa os diferentes seres envoltos.

- Ele uniu todos.. ele é mesmo incrível. Em todas as reencarnações talvez..- Katsuki solta um sorriso, então os dois decidem se aproximarem.



Um suspiro coletivo de alívio escapou dos lábios dos presentes quando o procedimento de cura finalizou, seus rostos se iluminaram com sorrisos de admiração e gratidão ao testemunhar os sinais de Midoriya voltarem ao normal. Porém agora de volta à sua forma de antes, Midoriya parecia um pouco mais baixo, com os cabelos bagunçados dançando ao vento, apenas com uma diferença nele, seus olhos brilhavam em um verde escuro.

- sabe..eu prefiro ser protegido mesmo..kaccan-. Midoriya falou enquanto recobrava a consciência.

Com um gesto sincero e carregado de emoção, Katsuki aproximou-se de Midoriya e envolveu-o em um abraço caloroso e reconfortante. Não eram necessárias palavras entre eles, Midoriya sentiu a força do abraço de Katsuki, uma mistura de alívio, por estarem juntos, sãos e salvos, após a intensa batalha que enfrentaram ele se deixou ser reconfortado e finalmente começou a chorar por Kirishima. Durante sete longos dias, a clareira da floresta ficou envolta em um manto de luto e tristeza pela perda de Kirishima.

Os dias passaram lentamente, marcados pelo silêncio solene e pelas lembranças vívidas de Kirishima. Cada canto da clareira parecia ecoar com a memória dele, seu sorriso brilhante e sua presença reconfortante agora apenas uma lembrança distante.

Os amigos de Kirishima compartilharam histórias e lembranças dele, encontrando consolo na camaradagem e no apoio mútuo. Eles se uniram em sua dor, buscando conforto uns nos outros enquanto enfrentavam a difícil jornada do luto. Midoriya e Katsuki se encontravam lado a lado na clareira da floresta, os ombros pesados pela dor da perda e pelo peso da culpa que carregavam em seus corações. Lágrimas silenciosas escorriam por seus rostos, testemunhas mudas de sua angústia e tristeza.

Midoriya soluçava baixinho, suas mãos tremendo enquanto ele lutava para conter as emoções avassaladoras que ameaçavam engoli-lo por completo. Ele se culpava por não ter sido capaz de proteger Kirishima, por não ter sido forte o suficiente para impedir sua morte. Cada lágrima que caía era uma expressão de sua dor e auto-recriminação, uma prova tangível de sua sensação de falha e impotência.

Ao seu lado, Katsuki também lutava com suas próprias emoções tumultuadas. Sua expressão era uma mistura de raiva contida e tristeza profunda, seus punhos cerrados com a frustração de não ter sido capaz de salvar seu amigo. Ele se culpava por não ter agido mais rápido, por não ter sido mais forte, por não ter feito mais para proteger Kirishima e por não ter ficado ao seu lado, quando apenas Midoriya deveria ter ido até a alcatéia de nrve. Cada lágrima que ele derramava era uma manifestação de sua culpa e desespero, uma prova dolorosa de seu senso de responsabilidade pela tragédia que se abateu sobre eles.

Enquanto as lágrimas continuavam a cair, Midoriya e Katsuki encontraram conforto um no outro, compartilhando sua dor e culpa em um silêncio carregado de significado. Eles sabiam que não podiam mudar o passado, que não podiam desfazer o que havia sido feito, mas juntos, eles encontraram uma centelha de esperança.

Todos se reuniram na serena Floresta das Flores para prestar seus últimos respeitos a Kirishima. Sob as copas das árvores altas e frondosas, onde os raios de sol filtravam-se suavemente entre as folhas, eles encontraram um local sagrado para o enterro de seu querido amigo.

O ambiente estava impregnado com o aroma doce das flores silvestres que adornavam o local, criando uma atmosfera de tranquilidade e beleza em meio à tristeza da ocasião. O som suave do vento soprando através dos galhos das árvores acrescentava uma sensação de calma e solenidade ao ambiente. Com os corações pesados, se reuniram em volta da sepultura, cada um deles segurando uma flor em suas mãos em homenagem ao amigo que se fora. Palavras de despedida foram pronunciadas em voz baixa, lembranças amorosas foram compartilhadas e lágrimas foram derramadas em sua memória.

À medida que o sol se punha no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa, Kirishima foi gentilmente baixado à terra, seu corpo descansando agora sob uma colcha de flores e folhas. Katsuki se despediu em silêncio, deixando para trás o local sagrado onde seu amigo seria lembrado para sempre.

Enquanto se afastavam da sepultura, os corações dos presentes estavam pesados com a dor da perda, mas também cheios de gratidão pela oportunidade de terem compartilhado suas vidas com alguém tão especial como Kirishima. Eles prometeram nunca esquecer seu amigo querido, honrando sua memória através de suas próprias vidas e ações. E assim, com um último olhar para trás, eles seguiram em frente, determinados a manter viva a lembrança daquele que havia tocado suas vidas tão profundamente.

Coração de Lobos: BakuDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora