Boa Sorte

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"É só isso/ Acabou/ Boa sorte/ Não tenho o que dizer/ São só palavras/ E o que eu sinto não mudará"

Quando amanheceu Fernanda pediu a Pitel que preparasse o café da manhã, ia buscar as crianças. Fernanda decidiu fazer uma surpresa a eles, afinal Pitel estava em sua casa e era tudo que eles mais queriam.

- Nanda, por que não deixa eles aqui? Podemos almoçar todos. - O pai de Fernanda respondeu ao entregar os dois para ela.

- Não pai, hoje não. Quero fazer um programa diferente com eles. Nessa correria de trabalho estamos ficando pouco tempo juntos.

Ao chegar em casa Laura foi caminhando para seu quarto quando encontrou a cacheada na cozinha.

- Tiiiiiia Pitel - A menina correu para os braços de Pitel que agachava para recebe-la.

Marcelo deu um sorriso largo e também aceitou ser abraçado por Pitel.

O dia não podia ser melhor, aliás desde que estavam juntas era assim. Só amor e muito amor. Chegou segunda cada uma foi para o seu ensaio, passaram o dia longe e sentiram muita saudade uma da outra. 

Ao sair do Teatro Poeira Fernanda foi em direção à companhia, ia buscar Pitel como sempre. Olhou em seu relógio, estava adiantada. Aproveitou o tempo para responder algumas mensagens no celular. Estava distraída nele quando viu o relógio novamente. Pitel já deveria ter saído, Fernanda não tinha conseguido parar o carro muito perto, mas dava para ver a porta do espaço, pensou que Pitel estaria a esperando. Ia fazer uma ligação pra ela enquanto vasculhava as pessoas na porta do galpão, quando viu Pitel de costas ao lado de Buda. Ele pegou na nuca da sua mulher e simulou um beijo. Ele não ia beijar mas para Fernanda a visão era nada clara, e ficou uma imagem de que um beijo ia acontecer naquele momento. Fernanda ligou o carro e saiu andando.

Quinze minutos antes o ensaio de Pitel acabou, estavam todos exaustos e completamente imersos em seus textos. Todos foram caminhando em direção a porta e fazendo diversos comentários. Quando Buda falou já na rua:

- Como vai ser nosso beijo Pitelzinha? Vai ser assim? - Colocou a mão na nuca da cacheada e chegou com o rosto bem próximo ao dela e desviou. Pitel ficou bastante desconfortável com a situação e Giovanna achou Buda, um tanto quanto desnecessário.

- Sai pra lá Lucas - Pitel disse desvencilhando o corpo o máximo possível.

- É brincadeira.

- Pois eu não gostei dessa brincadeira.

Todos despediram e cada um seguiu seu caminho. Menos Pitel que esperava Fernanda, o tempo passava e nada dela chegar. Pitel pensou em ligar, mas pensou também que o ensaio de Fernanda poderia ter prolongado, além do que sua casa era muito próxima, era melhor ela ir a pé que esperar ali sozinha.

Ao chegar próximo de casa viu um carro igual ao seu, conferiu a placa: era o carro dela. Foi caminhando em direção a ele, os vidros estavam abertos. Encontrou Fernanda chorando muito.

-Que isso Nanda? O que aconteceu? - Pitel perguntou preocupada, abrindo a porta e direcionando para um abraço.

Fernanda não disse nada e desvencilhou o corpo enquanto chorava.

-Fala comigo mulher, estou preocupada. - Pitel insistiu.

Fernanda pegou a chave do carro e direcionou para Pitel.

- Toma é sua, acabou Pitel.

Pitel levou um choque, queria que beliscassem ela. Não acreditava. "Fernanda era doida, bipolar? Do nada isso?"

- Acabou o que Fernanda? Eu não estou entendendo nadinha.

- Acabou a gente Pitel. Agora você está livre. Vai lá, ficar com seu cara casado.

- Quem é casado Fernanda?

- O Buda - Fernanda disse ríspida - O Buda é casado Pitel, mas se você quer mesmo ele então vá, fique com ele. Eu não posso te privar de nada, você é jovem. Eu estava com você, mas achei que era porque você queria. Fui uma idiota, você quer apenas saciar seus desejos com qualquer um.

- Fernanda Bande eu não admito que você fale assim comigo. Eu não fiquei com Buda porque ele é casado, aliás nem sabia disso, eu não fiquei porque não quero. Não gosto dele, sinto nada por ele. Eu amo você Nanda.

Fernanda estava obcecada por seus pensamentos e a imagem de Buda com Pitel, não conseguia ouvir a morena e nem absorver aquelas palavras.

- Eu vi Pitel, eu vi vocês dois. Ninguém me contou eu vi. Estou indo embora, a chave está aqui, este carro não me pertence, ele é seu. - Fernanda disse abrindo a porta para sair.

- Fernanda Bande - Pitel falou com voz baixa e lenta - Se você sair deste carro agora, nunca mais precisa falar comigo. Eu não admito você falar por algo que eu não fiz.

Fernanda abriu a porta e saiu, pois na sua cabeça o beijo tinha acontecido e ela não saberia lidar com aquilo. Tinha se entregado para Pitel como nunca tinha feito antes. Seguiu andando pelas ruas, com os olhos molhados, queria sumir, mas sabia que não podia tinha seus filhos a esperando em casa. Pitel olhou pelo vidro de trás Fernanda se afastando na multidão, começou a chorar sem saber o que seria dela dali pra frente. 

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