Cabide

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"Se eu fingir e sair por aí na noitada/ Me acabando de rir/ E se eu disser que não digo, e não ligo, e que fico/ E que só vou aprontar/ É que eu mando direitinho, assim bem miudinho/ Sei que você vai gostar"

Os dias se passavam com o melhor clima possível entre todos, Pitel estava fascinada com as gravações e o mundo por trás dos bastidores da televisão, Fernanda cada dia mais envolvida com sua futura peça, as crianças muito felizes pois Pitel completava para eles tudo que Fernanda não conseguia dar. A carioca era uma super mãe pra eles, mas por ter criado eles sozinha ela muitas vezes se deixava absorver na cozinha, pois tinha que tirar o sustento da casa. Por mais que muitas vezes brincassem ou fizessem algum passeio diferente era Gabriel o responsável pelos momentos mais divertidos da casa, porém ele não morava lá e tinha seu trabalho. Ao mudar de endereço Pitel trouxe à casa uma alegria diferente, sua personalidade extremamente acolhedora e gentil trazia aos dois um conforto muito grande.

Os preparativos para o casamento cada dia mais adiantado, na medida do possível, claro, a data estava marcada e iriam se casar em 10 meses. As duas começavam a sair para já olhar vestidos. Pitel já tinha terminado sua gravação e esperava pela estreia no globoplay, enquanto Fernanda ainda não tinha encontrado com João para saber detalhes de sua peça. Era sexta de tarde quando Fernanda recebeu uma mensagem, perguntando se o jantar poderia ser naquele sábado ela aceitou de imediato. Quando Pitel chegou em casa ela disse:

- Amor, amanhã temos um jantar.

- Só nosso patroa? - Pitel perguntou mal intencionada.

- Não, com o pessoal do teatro, quero que você vá comigo.

- Oh minha gostosa, amanhã eu tenho que ir no Projac.

- Mas suas gravações não acabaram? - Fernanda perguntou com dúvida.

- Sim, mas eu preciso ir lá. - Pitel falou desconversando.

- Estranho... - Fernanda desconversou - Tudo bem, quando eu voltar te conto as novidades e saiu para o banho.

Quando Pitel escutou a água caindo do chuveiro de Fernanda, pegou o celular da carioca, destravou e fez uma ligação:

- Fernanda? - Alane respondeu assustada com a ligação que há muito tempo não recebia.

- Oi Alane, aqui é Giovanna. - Pitel não viu, mas do outro lado da linha a paraense estava extremamente desconfiada.

- Oi Pitel, tudo bem?

- Sim, eu queria conversar com você. O que você vai fazer amanhã à noite?

- Nada.

- Podemos encontrar?

- Sim? - Alane estava muito desconfiada.

- Anota meu número, vou te adicionar lá e combinamos melhor.

- A Fernanda sabe que você está me ligando?

- Não, e prefiro que não saiba.

- Pitel, não converso com Fernanda direito mais, não quero complicar mais ainda meu relacionamento com ela.

- Eu sei garota, fica tranquila, não vai acontecer nada de errado. Tenho que desligar.

Pitel tomou cuidado em colocar o telefone travado na mesma posição que estava antes, além de claro, deletar a ligação que fez. Quando Fernanda chegou estava só de toalha, quando começou a se secar e preparar para pegar o pijama Pitel disse:

- Não coloque nada gostosa, quero você assim, na cama comigo hoje.- Fernanda sorriu e mordeu os lábios, aprovando a vontade da morena.

Na noite do dia seguinte, Fernanda se arrumava para sair, enquanto Pitel assistia tv:

- Você não vai arrumar também? - disse Fernanda olhando para sua mulher muito tranquila ainda na cama.

- Vou mais tarde, quero te ver pronta primeiro.

- Mais tarde que horas? O que você vai fazer hoje na globo?

- Não sei, acho que algo interno.

- Como não sabe? Isso tá muito estranho Pitel, tá muito estranho.

Pitel levantou inquieta.

- Vou tomar meu banho patroa. - Fernanda a segurou pelo braço quando ia entrar no banheiro.

- Você está me escondendo algo? - Falou desconfiada.

- Oxe, é umas coisa sabe. Eu já te disse mulher, é algo interno, quando eu souber te falo. - Pitel continuou o seu caminho.

Quando terminou seu banho encontrou a carioca pronta para sair. Fernanda estava linda, Pitel chegou a arrepender de deixar a mulher sair sozinha para um jantar. Quanto mais o tempo passava mais apaixonada ficava e mais atraente Fernanda lhe parecia.

- Nooossa, que gostosa - Fernanda não esboçou reação, olhou pra mais nova e disse:

- Estou indo Pitel, espero que você não me apronte nada. Essa sua "reunião" - fez os aspas com os dedos - está me cheirando à confusão. Se você pisar na bola dessa vez não tem volta - Disse séria, dando um selinho em Pitel e saindo.

Pitel não tinha certeza do que estava fazendo, estava morrendo de medo na verdade, não sabia mentir. Mas já tinha algum tempo que pensava nisso. Sabia que tinha falhado, que tinha sido precipitada, não precisava marcar o encontro com a Alane em um dia tão especial para sua mulher, acabou que não soube sustentar a mentira. Tinha medo de Fernanda não ir jantar e segui-la, mas ao mesmo tempo não conseguia pensar em outra data para encontrar Alane. Nos últimos dias tudo era sobre o casamento, e os momentos que tinham juntas queriam aproveitar o máximo possível , entre elas ou em família.

"O que será que Fernanda vai achar de tudo isso?" "Será que ela foi mesmo no jantar?" Pitel pensava enquanto finalizava o cabelo. Quando estava arrumada mandou uma mensagem para a companheira:

"Me mande uma foto sua, estou com saudade".

Passou pelos quartos vazios dos meninos que iam dormir na casa dos avós, já estava de saída quando recebeu uma foto de Fernanda "Linda", Pitel pensou enquanto lia a resposta:

"Quero uma sua também".

A sorte que Pitel estava na Porta de casa então mandou uma sua e um coração.

Ao chegar em Botafogo, sentou em uma mesa e esperou a paraense, logo a viu chegando no ambiente, acenou para ela até ser reconhecida e pensou "É bonita a safada, não dá pra negar".

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