Trem das Cores

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"Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios/ Ou pra ser exato, lábios cor de açaí"

O dia começou e Fernanda resolveu aproveitá-lo o máximo possível ao lado de Pitel e os filhos. Foram na casa de seus pais e fizeram alguns programas em família. Quando resolveu ir de São Paulo para o Rio as intenções de Fernanda eram outras, ela queria sim, fazer programas em família, mas acima de tudo curtir Pitel. Havia se passado quase um mês que elas não aproveitam um momento sozinhas. Porém ao chegar no Rio, Fernanda optou por aproveitar mais da companhia dela do que de seu corpo.

Fernanda tinha uma dificuldade enorme em absorver as coisas, ela sempre gastava muito tempo digerindo situações, e por vezes quando não desistia da situação preferia manter com neutralidade até estar totalmente entregue novamente. Essa era uma característica marcante sua, a entrega, ela se doava ao máximo quando achava que valia a pena.

Seus três dias no Rio foram ótimos e o intervalo da sua chegada até ela pegar o voo de volta para São Paulo passou muito rápido. Dessa vez ela estava bem mais tranquila do que quando terminou com Pitel, pois sabia que podia contar com a morena e só dependia dela as duas ficarem bem.

Desde que começou a turnê fora do Rio ela e Pitel conversavam frequentemente por mensagens ou ligações, mas não a todo momento pois as duas tinham rotinas bastante puxadas. Nesse retorno porém ela teria a última apresentação em São Paulo e depois viagem marcada para Belo Horizonte, onde apresentaria no Palácio das Artes, um importante teatro da cidade. Toda essa mudança de cidade e apresentações fez com que Fernanda e Pitel conversassem um pouco menos que o de costume.

As apresentações eram um sucesso por onde passava, com todas bilheterias esgotadas. Todo o elenco estava contente com o resultado e com um entrosamento muito forte entre eles. Belo Horizonte era uma cidade conhecida por muitos bares e o pessoal resolveu aproveitar um pouco da vida noturna por lá para comemorar o resultado de tanto esforço.

Estavam em um bar no centro, todos bastante animados. Alane estava maravilhosa, tinha uma maquiagem impecável, cabelos soltos ondulados e um vestido mais soltinho. Fernanda sempre achou Alane muito bonita, mas nada além disso. O coração dela sempre pertenceu a Pitel, que a deixou fascinada e intrigada desde o primeiro dia. Com Alane não era diferente, achava Fernanda muito bonita e sexy, adorava ver ela dançando, às vezes até se imaginava beijando a carioca, mas nada além disso. Alane costumava falar que não tinha preferência por sexo, podendo ficar com homens ou mulheres, o que ia mandar era o momento. Com a Fernanda em especial ela até ficaria, mas sabia de Pitel, então preferia não arriscar. "Mas se Fernanda fosse solteira..."

Ao passar do tempo Alane resolveu tirar fotos e postar em seu story no Instagram. Tirou foto sozinha, dela com pessoas individuais, com amigos, com Fernanda e uma com todo mundo na mesa. 

Enquanto isso no Rio de Janeiro, Pitel se preparava para dormir quando viu as fotos de Alane sem qualquer interesse. De repente se deparou com uma foto dela com Fernanda, as duas muito sorridentes e próximas. Pitel desligou o celular e saiu pra longe.

- É umas coisas sabe - Falou enquanto buscava alguma coisa para fazer e se distrair. Não tinha. Os meninos já dormiam, a casa estava em ordem, então só restaria a ela ligar a tv. Ligou, não adiantou. Voltou pro perfil, viu a foto novamente, buscou detalhes, achou que estava marolando demais, passou pra próxima foto que era com todo mundo. Essa foto mexeu com ela e mexeu muito, pois nela estavam Fernanda e Alane sentadas em cadeiras próximas e para caber na foto elas traziam os rostos praticamente colados.

Em Belo Horizonte a noite no bar rendia, Fernanda estava mais alta que o normal, coisa que dificilmente acontecia, Alane já tinha perdido a conta da quantidade que tinha bebido. Resolveram ir numa boate. O ambiente da boate era propício para curtir muito mais, a música era boa, o lugar não estava lotado e todos os amigos estavam muito animados. Fernanda dançou na pista como se fosse dela o espaço, se entregou totalmente ali. Alane que estava próxima ao balcão a olhava com desejo, ela chegou a achar que Pitel era uma mulher de sorte. Aproximou da carioca e dançaram juntas, não estavam muito próximas, mas os passos estavam sincronizados mesmo à distância.

Já era 4am quando as luzes da boate se acenderam para o lamento de todos. Eles caminharam pelas ruas se escorando uns nos outros, fazendo muitas piadas. Tinha sido um dia muito leve e muito relaxante para eles.

Ao chegar em seu quarto no hotel, Fernanda tirou a maquiagem, fez um coque alto e ficou de lingerie se preparando para dormir, não queria roupas aquela noite, queria ficar o mais à vontade possível, já ia deitar quando escutou um batido na porta. Colocou um roupão e foi ver quem era, provavelmente algum colega muito bêbado.

- Alane?- A mais nova trazia com ela uma garrafa de vinho e dois copos.

- Oi Nanda! Pensei que a gente podia continuar bebendo um pouco mais. - Fernanda sorriu um sorriso bobo e bêbado e deixou a mais nova entrar.

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