Cheiro de Amor

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"E confesso, tive medo/ Quase disse não/ Mas o seu jeito de me olhar/ A fala mansa, meio rouca/ Foi me deixando quase louca/ Já não podia mais pensar/ Eu me dei toda pra você" 

- Pity, acorda meu amor - Fernanda acordou a morena com um beijo em suas costas - Olha, tem uma nota na coluna da Patrícia Kogut falando sobre a série, e fala sobre você - Fernanda estava super excitada com a notícia, Pitel por sua vez sonolenta.

Fernanda leu toda a crítica, deu ênfase ao trecho que falava da estreante Giovanna Marinho e seu talento, Pitel sorriu envergonhada fazendo Fernanda encher ela de beijos antes de descer para o café.

Os ensaios de Fernanda iriam começar, enquanto Pitel ia ter uma agenda junto com o elenco para participar de programas na emissora, com o objetivo de divulgar a série. Mas mesmo com toda a agenda corrida os preparativos para o casamento não ficavam para trás, já tinha acertado a banda e o buffet, os pais de Pitel deram à elas o lugar que escolheram e Fernanda já tinha um fotografo em mente. Pitel se sentia a cada dia mais realizada em saber que sua vida e de Fernanda seriam entrelaçadas em um voto único de amor.

De acordo com a agenda de Fernanda o casamento seria na metade da sua turnê, mas tudo estava alinhado com João, que deixou a data entre duas cidades diferentes, então todo o elenco poderia regressar ao Rio para participar do evento. Não era o planejado, quando foi feito o pedido elas imaginaram a viagem de lua de mel e um tempo para curtir a nova vida de casadas. Mas elas sabiam que as oportunidades naquele momento eram preciosas e precisavam aproveitar. Pitel não abria mão de trocar as alianças o quanto antes, então programaram de fazer a lua de mel em um futuro próximo.

Os ensaios de Fernanda tomavam conta do seu dia e as tarefas de casa quase todas eram realizadas por Pitel. Quando Fernanda chegava, encontrava os filhos com dever de casa feito e de banho tomado, apenas esperando por ela para fazer alguma refeição. Muitas vezes faziam a refeição na sala, que Fernanda havia voltado com o sofá, e assistiam a reprise de algum programa que tinha ido ao ar aquele dia onde contava com a participação de Pitel. Marcelo assistia atento, observava os mínimos detalhes e muitas vezes sorria. Laura já era mais comunicativa e quando não entendia uma resposta perguntava de novo diretamente para a cacheada ao seu lado.

Ao final de uma noite, já em sua cama acompanhada de Pitel, Fernanda perguntou:

- Amor, como está para você assumir tantas coisas ao mesmo tempo?

- Ah Nanda, tem horas que fico perdidinha, mas lembro de você. Como você consegue mulher? Eu te admiro muito sabia? - Fernanda sorriu.

- Eu também te admiro, meu amor. Fico preocupada com você.

- Pois não fique, eu e os meninos damos muito certo - Pitel respondeu enquanto fazia carinho nos cabelos longos da carioca que estava deitada com a cabeça em seu ombro.

- Eu acho que você dá muito certo com eles, sabe? Eu quero muito que quando esse caos passar a gente pense sobre aquilo que te falei.

- O que patroa?

- Sobre você ter um filho nosso, seria um sonho Pitel. Você passar pela maternidade.

- Mas eu sou mãe deles também.

- Sim, você é, mas é diferente. É muito diferente. - Pitel ouvia pensativa.

- Nós vamos ter, vamos olhar como funciona, mas vamos dar um passo de cada vez. - Ao falar isso Fernanda virou o rosto para o seu e sorriu.

- Eu te amo muito, sabia? - Fernanda falou.

- Eu sei meu amor, eu te amo muito também.

Os meses que se seguiram foram em um ritmo avassalador, os ensaios eram extenuantes, a estreia se aproximava e Fernanda estava extremamente nervosa, tinha medo, e o frio na barriga a acompanhava em todos os cômodos da casa, mesmo com a mais nova fazendo de tudo para relaxar a parceira. Pitel pensou em esperar mais próximo do casamento para ligar para a paraense, mas sabia que ia ser complicado pois Fernanda estaria em turnê, além do que a carioca precisa relaxar e achou que seria bom chamar a amiga dela para uma noite de vinhos em casa.

Fernanda não aguentava mais ouvir tango, ela entrou em uma vibe de ouvir funk e pagode, o que fez a morena estranhar, pois Fernanda adorava MPB e PopRock anos 90. Mas para a carioca a música servia também como fuga, para relaxar e deixar o teatro apenas para os ensaios, mesmo assim continuou seu curso de dança 1x por semana. 

Uma semana antes da estreia de sua peça, em uma sexta-feira Fernanda chegou bem mais cedo que de costume em casa. Como estava com o carro chamou Pitel para buscar os meninos. 

- Pode deixar que dirijo amor, você deve estar cansada - Fernanda agradeceu por dentro a compreensão da mulher e trocou de banco com ela.

Ao pegar as crianças que contavam as novidades do dia Fernanda percebeu que o caminho adotado por Pitel não era o de casa. 

- Onde você está indo Pitel?

- Na casa dos seus pais.

- Nããão, hoje não, por favor, estou morta.

- Calma meu amor, as crianças vão dormir lá, nós vamos pra casa, acho que precisamos relaxar um pouco, não acha? - Fernanda deixou o corpo relaxar cansado no assento do carro enquanto olhava pela janela o caminho. Despediram de Marcelo e Laura e seguiram para casa.

- Pity, eu estou tão cansada, você nem imagina. Nem sei se hoje é um bom dia para ficarmos sozinhas.

- Por isso que hoje é um ótimo dia. Olhe quero que você chegue, tome seu banho, fique bem cheirosa e gostosa. Eu vou preparar nosso jantar, igual no dia que você me esperou com o jantar a luz de velas, lembra? - Fernanda sorriu, pois tinha uma lembrança muito gostosa daquele dia. - Depois você vai enfeitar a mesa, porque você leva jeito com essas coisas e eu vou me preparar para ficar bem cheirosa pra você também.

- Hummmm - Fernanda murmurou com um sorriso, já começando a gostar da ideia.

E assim foi feito, Fernanda se preparou para seu jantar romântico e como não poderia ser diferente estava linda. Ao chegar na cozinha, viu que Pitel finalizava a comida. Chegou por trás da morena beijando seu pescoço.

- Cheguei.

- Nossa assim você me quebra. Como vou sair daqui agora? - Pitel falou quando virou de frente para a companheira.

- Mas e o combinado? - Fernanda falou sorrindo bem próxima a ela.

- Aí você tem um ponto. - Pitel disse desvencilhando o corpo da carioca e quando a viu de costas com o vestido bem marcado acentuando sua bunda não resistiu e deu um tapa. - É muito gostosa mesmo essa mulher, é uma loucura isso.

Fernanda caprichou nos detalhes, o banho tinha deixado ela bem relaxada, e ela queria aproveitar ao máximo sua noite com sua mulher. Depois de arrumar toda a mesa, escolher o vinho que combinava com o cardápio foi à sua televisão selecionar uma playlist. Tinha dado play a poucos minutos quando a campainha tocou. A carioca lamentou mentalmente e torceu para que não fosse ninguém para atrapalhar os planos daquela noite. Quando abriu a porta se deparou com uma morena alta, muito atraente e produzida à sua frente.

- Alane? Você aqui? Hoje? - Fernanda perdeu o ar. "Como ela ia fazer?" "E Pitel?" "Não podia brigar com Pitel em um momento como aquele, era a peça, o casamento..." "Tinha que mandar Alane embora, mas como?"

- Oi Fernanda! - Alane sorriu mostrando uma garrafa de vinho. - Dessa vez não trouxe as taças, não vai me chamar para entrar?

- Você é louca Alane? Como te chamo para entrar na minha casa e de Pitel? - Alane continuava com um sorriso um pouco debochado na porta, mas mesmo assim estava muito bonita aos olhos de Fernanda. - Eu preciso que você vá embora, Pitel não pode sonhar que você está aqui - Alane não se movia continuava com o mesmo sorriso.

- Alane! Que bom que você veio! Achei que não ia topar. - Fernanda olhou para trás, com dúvida e raiva de Pitel "Ela chamou a Alane?" "Sem me avisar?", ao mesmo tempo não conseguia pensar pois Pitel estava mais bonita que de costume. - Vamos entre! - Pitel convidou.

- Como assim? Não estou entendendo nada o que está acontecendo aqui. - Fernanda estava visivelmente fora de si. Pitel abraçou a mulher beijando seu rosto.

- Nada demais meu amor, eu tenho visto como você está ansiosa com a peça, resolvi chamar a Alane que é sua amiga. Vai ser bom pra você relaxar um pouco.

Fernanda estava muito desconfiada e desconfortável, ela não entendia nada do que estava acontecendo.

- Relaxa Nanda, é só um vinho em boas companhias!

Pitel colocou mais um prato à mesa e puxou a cadeira para Alane e para Fernanda sentar.

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