Sina

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"O luar, estrela do mar, o sol e o dom/ Quiçá um dia/ A fúria desse front/ Virá lapidar o sonho/Até gerar o som/ Como querer Caetanear o que há de bom"

Já era maio e faltava apenas três meses para a peça que Fernanda estava ensaiando estrear. Ela e Alane, assim como alguns outros dançarinos sabiam que aqueles ensaios funcionavam mais como uma aula do que como um ensaio propriamente dito, uma vez que a chance de algum deles entrarem em cena era bem difícil. Mas Fernanda não importava, estava muito envolvida com a dança, sentia que tinha se encontrado naquele espaço. Mesmo que tivesse ficado chateada pelo teste da Globo não ter dado certo, pensou que ia dedicar mais a dança e aos musicais, pois era algo que fluía naturalmente para ela.

Miguel entrou apressado há muito tempo vinha dedicando mais ao elenco principal e deixando os dançarinos com o coreógrafo, porém hoje ele resolveu ver como estava a dinâmica da peça, talvez ia fazer alguns ajustes dos tempos que já tinha programado mentalmente.

Fernanda vendo Miguel no mesmo espaço que ela, ficou levemente ansiosa. Depois que havia voltado com Pitel sua vida tinha entrado novamente no eixo e sentia que estava muito melhor que antes, mas ser dirigida por Miguel naquele momento era uma prova de fogo para ela. Ainda tinha Alane, de quem estava cada vez mais amiga, porém ela era extremamente insegura, mesmo sendo uma excelente bailarina a todo momento sentia que alguém estaria julgando ou a criticando. A pilha de Alane, pilhava ainda mais Fernanda que ia ficando cada vez mais nervosa.

- Meu amor qual o seu nome? - Miguel apontava para a mulher que dançava.

- Fernanda.

-Então Fernanda, você é dançarina profissional?

- Não, não sou.

- Você é do teatro?

- Não, não sou. Mas estava começando a fazer aula na Companhia das Artes na Lapa quando Luisa me chamou para ensaiar aqui.

- Grande Luisa! - Miguel disse como se estivesse aplaudindo a mulher. - Eu quero você junto do elenco principal. - Todos olharam incrédulos, Fernanda perdeu o chão, Alane trouxe a mão à boca aberta tomada pelo susto. Ela estava realmente feliz por Fernanda, ela gostava muito da forma que a carioca dançava, por vezes se distraía vendo a forma que a loba se movimentava pelo palco.

Quando o ensaio terminou Miguel queria que Fernanda ficasse, alinhou com ela alguns detalhes e explicou que seu papel seria acrescentado à peça, pois ele tinha se sentido tomado por uma forte emoção a vendo dançar. Ela faria dupla com Cláudia nas vezes que a atriz começasse a cantar. Nem nos maiores sonhos de Fernanda imaginou um salto tão grande em sua vida. Miguel ainda finalizou a conversa a chamando para casa dele naquela noite, queria apresentar o elenco principal para ela.

- Posso levar minha namorada? - Fernanda não sabia se era algo mais intimista, mas Pitel precisa estar presente.

- Claro. - Respondeu ele.

Fernanda estava na porta do galpão da Lapa, quando Pitel saiu do espaço. Fernanda buzinou desesperadamente, todos na rua olharam, Pitel se sentiu corar com a vergonha que a mulher estava a fazendo passar, foi correndo então em direção a ela.

- O que é isso mulher? Tá doida é?

Fernanda deu um beijo rápido e já ligou o carro com pressa em sair daquele local.

- Pitel você não vai acreditar, Miguel Falabella me colocou no elenco principal da peça. Você tem noção? O elenco principal! Eu vou dançar junto com Cláudia Raia. Eu simplesmente não acredito. E tem mais: ele chamou a gente para a casa dele, para conhecer todo mundo. Estamos com o tempo contado, vamos chegar tomar um banho. Quero você a mais linda de todas Pitel, quero todo mundo morrendo de inveja de mim com a mulher mais bonita daquele lugar. 

Pitel ouvia aquela avalanche de informações intercalando perguntas como "Como assim?" "A Cláudia Raia?" "Na casa dele?" "Você não tá falando coisa com coisa garota". Enquanto isso Fernanda disparava a falar empolgada com tudo que tinha vivido aquele dia, fazendo Pitel pensar que Laura tinha a quem puxar. Fernanda ligou durante o caminho para os pais contando a novidade e avisando que provavelmente os filhos dormiriam com eles aquela noite, pois não sabia que horas ia sair do jantar.

Fernanda sempre se virou sozinha, lógico que não sozinha de tudo. Contava muito com Gabriel, à ele devia sua vida, contava muito com seus pais que sempre a ajudava. Ela se sentia mais à vontade pra contar com Gabriel, mas mais por uma questão pessoal mesmo. O pai dos meninos era um pai distante, aparecia em datas especiais e exibia os filhos como troféu, como se participasse ativamente na criação deles. Isso matava Fernanda, que ainda por cima tinha que reeducar os filhos que voltavam para casa achando que podiam fazer o que bem entendessem, quando não era bem assim. Mas desde que começou a se envolver com o teatro, passou a contar com sua família todos os dias e tinha muita sorte, pois eles sempre estavam dispostos a ajudá-la.

Ao chegar em casa Fernanda quis tomar seu banho junto com Pitel, estava extremamente excitada. O dia havia sido agitado e o conjunto de emoções trazia ao seu corpo sensações que não podia explicar. Tomar banho junto com Pitel era apenas uma desculpa para economizar tempo, mas ao ver o corpo da mulher nu na sua frente Fernanda resolveu beijá-la com a água da ducha caindo sobre elas, deixando escorrer por seus corpos. Pitel tinha entendido que Fernanda estava em um dia de emoção máxima então resolveu presenteá-la com um pouco de prazer. Fernanda não recuou deixou Pitel sentir seu corpo com as mãos. Fernanda buscava facilitar o movimento da morena, aproveitando ao máximo os dedos da cacheada que faziam um gostoso movimento de vai e vem dentro dela. O banho que era para ser rápido durou o dobro do tempo.

Pitel finalizou seus cabelos foi com uma roupa de Fernanda, estava extremamente sexy. Pitel também arrumou o cabelo de Fernanda que vestia uma calça e uma blusa social. As duas se olhavam e a tensão sexual no olhar era sentida no ar. Pegaram o carro, foram para o Rio. Ao chegar no endereço Fernanda falou para Pitel:

- Mulher, você está tão gostosa com essa roupa - disse dando um tapa leve acompanhado de um aperto na bunda de Pitel.

- Oh patroa para com isso eles estão quase abrindo a porta.

Fernanda riu, adorava deixar Pitel sem graça. Sabia que a mulher não era tímida, mas muitas vezes ela corava e para Fernanda aquilo era muito lindo.

Ao chegar no lugar elas foram tratadas com muita cordialidade e curiosidade, todos queriam saber sobre a trajetória delas. Nem parecia que elas é que eram as anônimas. Pitel estava extremamente orgulhosa do futuro que Nanda estava traçando. Quando foram embora o caminho para Niterói era pequeno para tantos comentários e impressões daquela noite. Chegando em casa Fernanda pegou um vinho e caminhou em direção ao sofá. Pitel olhou assustada pra ela com mais uma garrafa de bebida depois de tantos drinks que a mais nova havia tomado naquela noite.

- Agora é a minha vez de aproveitar né dona Pitel! Além do mais você realmente achou que ia me escapar sexy desse jeito?

Pitel sabia o que aquilo queria dizer e começou a molhar os lábios com a respiração já começando a alterar.

- Agora vai ser a minha vez de te dar prazer. - A voz de Fernanda já era motivo de prazer para Pitel. Ela era presa fácil daquela loba. Ao iniciar um beijo ela entendeu que a noite estava apenas começando para elas.

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