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Saboreio meu gelato de framboesa com pedaços de chocolate e solto um gemido de satisfação depois de anos sem sentir esse gosto maravilhoso no meu paladar.

— Isso é perfeito, — murmuro, colocando outra colherada na boca.

— Percebi que você está praticamente devorando o sorvete, Cicila leva a xícara até os lábios, provando o mocha que pediu.

— Não enche, é o meu gelato preferido, — dou de ombros, fazendo uma careta e voltando a devorar meu sorvete.

— É muito bom ter você aqui, Amélia. Saiba que sempre que precisar, vou estar aqui para você, Cicila estende sua mão sobre a mesa, segurando a minha. — Deixo um sorriso singelo.

— Você... tem notícias, sabe...

Minha prima suspira fundo, soltando minha mão.

— Não, Amélia, eu não tenho. E acho melhor assim. Não se preocupe, você está segura. Dominic e ninguém vai te fazer nada. 

  Cicila percebe minhas mãos trêmulas e alisa minhas costas, segurando firme em minha mão e me passando confiança. Olho suas íris azuis com uma coloração acinzentada, tão lindas, me trazendo várias recordações da nossa infância. Pela primeira vez em muitos anos, sinto um sentimento estranho, mas bom e reconfortante. Finalmente posso dizer que estou em casa, com pessoas que me amam. Cicila e eu crescemos juntas, sempre fomos muito apegadas. Somos mais que primas, somos amigas como irmãs. Quando contei a Cicila que iria me casar com Dominic, ela não escondeu seu desgosto, dizia que ele era falso e não transmitia confiança. Bom, ela não estava totalmente enganada, porém sempre me apoiou em tudo.

— Não sei do que sou capaz de fazer se eu voltar e ver esse homem na minha frente e ... bom... Fiorella, não podemos esperar muito daquela mulher — Cicila faz uma careta engraçada, com certeza deve estar lembrando do que eu contei — mas agora precisamos colocar sua vida de volta nos trilhos. Podemos começar por um emprego. O que você quer fazer? — a loira pergunta, me fazendo repensar na ideia de trabalhar em alguma empresa.

— Humm... bem, eu não sei exatamente. Não pensei nisso ainda.

— Como não? Bom, não tem problema, eu penso por você. Que tal trabalhar na mesma empresa que eu? Eles estão contratando, assim podemos ficar juntinhas o tempo todo.

— Eu não tenho muita certeza se quero trabalhar em uma empresa — falo, vendo minha amiga franzir as sobrancelhas de modo engraçado, totalmente confusa.

— Como assim, amiga? Explica isso direito — ela se ajeita na cadeira, me olhando atenta.

— A vida corrida e o cansaço de trabalhar em uma empresa grande não é para mim — falo, vendo que a loira sabe exatamente do que estou falando. Quando eu trabalhava em Nova York, era totalmente desgastante ter que aturar meu ex-noivo e sua família, sem contar os funcionários que viviam fazendo fofoca e me incomodando a mando da senhora Isabella. Apesar de ser apenas uma secretária na empresa, eu exercia em vários departamentos, principalmente no administrativo e financeiro. Na maioria das vezes, era eu quem fazia o serviço do Dominic, administrando a empresa e aprovando os projetos. Porém, nunca fui reconhecida por isso, era ele quem sempre ganhava os créditos.

— eu entendo, amiga... mas esse era seu sonho: trabalhar em uma empresa grande, em um setor à sua altura, amiga. Lá você pode ser reconhecida — a loira fala convicta. Cicila e eu sempre sonhamos alto, nosso sonho era nos formar na faculdade e conseguir um cargo à nossa altura. Cicila trabalha em uma das maiores empresas imobiliárias do país, no setor financeiro.

— eu sei, mas... quero tentar outras experiências por enquanto.

— te apoio, amiga. Sempre vou — Cicila sorriu largo, franzindo seu rosto, dando mais visibilidade para suas sardas.

— certo, vamos está ficando tarde — falo, arrastando a cadeira para trás e levantando. — você paga — indago

— espertinha —  ela fala.

— Eu sou uma cidadã desempregada, então você paga sim.

— Ok, ok, vamos. 

  O vento frio bate contra meu rosto

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  O vento frio bate contra meu rosto. Ajeito meu casaco, tentando me aquecer. Ergo meus olhos para o imenso céu cheio de estrelas, admirada. Meu celular vibra entre o bolso da minha calça. Pego o celular vendo ser uma mensagem de texto de um número desconhecido.

"Não pense que irá escapar tão facilmente de mim, Amélia. Você é minha, minha noiva. Vai se arrepender de ter saído de casa. Sabe melhor do que ninguém que não conseguirá se virar sem mim. Eu sou sua única opção, a melhor, na verdade. O que aconteceu entre mim e Fiorella não significou nada para mim. E é a você quem amo. Me responde, porra!!"

        Termino de ler perplexa. Esse homem é louco! Durante minha volta à Itália , Dominic vem me mandando mensagens. Sempre bloqueio sem responder, porém ele sempre troca de número e continua a me atormentar. Quase cometido a maior burrada da minha vida, nunca me perdoaria se tivesse me casado com Dominic.Ele sempre arrumando uma maneira de jogar na minha cara que, se eu o largasse, não conseguiria viver sem ele e seu padrão de vida, já que ele sempre teve de tudo, enquanto eu era somente uma simples secretária.

       Não tinha vergonha do meu trabalho, era um trabalho digno. Porém, por conta do nosso relacionamento, as pessoas sempre me rebaixavam, diziam muitas coisas a meu respeito que não eram verdade. Sempre aguentei as ofensas de dona Isabella calada e, toda vez que a mulher abria a boca para me desprezar, Dominic nunca me defendia, muito pelo contrário, achava que o que tínhamos era amor. Acreditavam verdadeiramente que ele me amava e não conseguia enxergar que nosso relacionamento era tóxico. Acho que o passo mais difícil de um relacionamento tóxico e abusivo é sair dele.

Estou pronta para seguir em frente e esquecer o meu passado. Não preciso de Dominic, nem do seu amor toxico.

 Não preciso de Dominic, nem do seu amor toxico

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Contrato ardiloso com o Mafioso : Livro 1 Série Máfia N'DRANGHETA Onde histórias criam vida. Descubra agora