quatro

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Rosamaria POV

"Vamos Cá?" Perguntei para Carol quando me aproximei dela e de Annie que estavam sentadas no sofá da sala.

"Vamos" Carol respondeu com um sorriso falso no rosto. Antes de se levantar e vim até meu encontro na porta da casa, ela deu um selinho e se despediu de Annie.

Enquanto estávamos no corredor no meu andar em direção ao elevador, Carol estava mexendo no seu celular, e eu ficava olhando para ela tentando entender o motivo do seu semblante triste.

"O que você tem Cá? Ta parecendo triste...Não tá afim de correr? Podemos fazer alguma outra coisa..."

Ela levantou o olhar quando o elevador fez barulho anunciando sua chegada e me olhou.

"Eu realmente não quero correr" ela falou com um sorriso travesso na cara.

"Tu devia ter dito logo isso! Depois eu vou na academia, vamos tomar uma água de coco na esquina e podemos conversar. Pode ser?" Sorri para minha amiga quando percebi que ela pelo menos estava com um sorriso verdadeiro no rosto e esperei ela assentir antes de começarmos a andar em direção a barraca do coco.

"Enquanto eu vou pegar nossos cocos, tu vai logo pensando se o motivo daquele sorriso falso mais cedo, e o motivo desse olhar triste ai são os mesmos e quais são esses motivos..."

Ela novamente levantou o seu olhar cabisbaixo e me olhou surpresa.

"Ai Maria, tu me conhece melhor do que ocê deveria...Vai comprar meu coco que depois eu te conto vai.." Ela falou enquanto já se sentava na cadeira na barraca e eu ia em direção ao senhorzinho e pedia dois cocos.

"Então...vou começar compartilhando uma coisa contigo, e espero que seja o suficiente para pelo menos você sorrir um pouco." Ao ouvir minhas palavras Carol levantou o olhar e deixou de mastigar o canudinho do coco que provavelmente já estava vazio.

"Eu já assinei contrato com um clube para a próxima temporada, inclusive dessa vez já até escolhi apartamento..na verdade eu até comprei o apartamento." Falei meio nervosa. Não sei dizer ao certo o motivo desse meu nervosismo repentino, mas sei que quando comecei a falar, minha boca ficou seca e eu procurava algum tipo de reação positiva no olhar de Carol.

"Nossa Rosa, ate comprar apartamento? Ocê vai realmente exercer sua cidadania italiana..." Carol falou em um tom de brincadeira, mas seus olhos estavam um pouco mais tristes.

"Não Carol! Eu vou jogar pro SESC na próxima temporada...vou voltar para o Brasil. Não vai ser o minas juntos com você mas pelo menos vou estar bem mais perto. Isso é bom né?!" Enquanto eu falava, eu via o sorriso de Carol ficar cada vez mais largo até que ela já estava vibrando na cadeira e pulou como quem tivesse levado um choque. Ela desviou da mesa que estava entre nós e me abraçou bem apertado. Naquele momento eu soube que eu estava fazendo a coisa certa, que a minha decisão de voltar para o Brasil tinha sido a correta e que ela mudaria a minha vida.

"Ai Rosa, você não sabe o quão feliz você acabou de me fazer com essa notícia! Eu realmente estava precisando de uma coisa boa na minha vida, e o fato que eu vou ter você mais perto com certeza é a melhor coisa que poderia estar acontecendo!" Ela falava essas coisas lindas enquanto ainda me abraçava bem apertado.

Eu me afastei dela e peguei em suas mãos e continuei sorrindo bem largo e disse:

"Cá, eu to muito feliz em voltar. Essa escolha foi devido a saúde da minha avó, meu relacionamento, e também devido a você. Eu sei o quão difícil esse último ano foi pra você, e o fato deu estar tão longe e em um fuso horário totalmente contrário foram torturantes. Eu tive que estar no Japão para poder ter uns pontinhos a mais na hora do Zé escolher o time, mas pode ter certeza que estar longe de ti quando eu sabia que você tava precisando de suporte foi uma das coisas mais difíceis que eu já tive que enfrentar." Carol tinha lágrimas escorrendo enquanto falava pra ela da minha decisão. Ela logo tratou de colocar seu rosto no meu pescoço e falou baixinho.

"Ai Maria, eu te mato por ta me fazendo chorar assim em público!" Eu comecei a rir e isso fez com que ela também desse uma gargalhada gostosa no meu pescoço, e começou a se desvencilhar dos meus braços.

"Então o apartamento chique que nós estamos hospedadas não é um AirBnb?"

"Não.." Eu disse um pouco envergonhada por ter escondido, e novamente esperando que ela tenha uma reação positiva e goste do meu novo apê.

"Você gostou dele? Eu deveria ter conversado com a Renata pra ela dar umas dicas ne? Que merda, dei mancada!" Carol me ouvia devagar um pouco sobre o apartamento, até que ela me interrompeu.

"Logico que o apartamento é lindo Rosa, eu amei! E a localização nem se fale. Vou adorar ter lugar pra ficar sempre que eu vier passear pelo Rio" Carol logo me tranquilizou, e fez meu coração ficar cheio e feliz.

"Você é sempre bem vida Cá, cê sabe disso. Enfim essa era minha novidade para te animar, mas acho que precisamos conversar sobre alguma coisa mais séria e talvez deixar o clima mais pesado novamente? Em quem eu preciso dar umas boladas para colocar juízo na cabeça?" Eu indaguei Carol, afinal eu estava muito contente com sua alegria sobre minha notícia, mas eu gostaria de saber o motivo da sua tristeza anterior. Não gosto de ver a Carol triste, e faria qualquer coisa em meu alcance para manter o sorriso lindo dela em seu rosto.

Carol me olhou novamente com aquele olhar cabisbaixo e falou a coisa que espero jamais ouvir saindo de sua boca novamente.

"Se tem alguém que seria capaz de dar uma bolada em si mesmo, essa seria você. Mas mesmo ficando magoada com suas palavras, eu nunca iria querer que ocê se machucasse assim. Afinal sua bolada doi pra caralho!" Ela me disse com um leve sorriso brincalhão no rosto, acho que na esperança de amenizar o que ela quis dizer.

Apparently, it was meant to be?!Onde histórias criam vida. Descubra agora