vinte e dois

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Nova Trento, SC


Rosamaria POV


Tinha se passado apenas um dia desde que eu desembarquei em Santa Catarina e vi meus pais me esperando na porta do desembarque do aeroporto. Essa cena nunca vai cansar de aquecer meu coração e de quebra-lo também. Apesar de não sermos aquelas famílias que se veem toda hora eu sempre sinto falta deles, então quando eu tenho uma oportunidade de ficar com eles eu tento ao máximo estar ali. Eu estava extremamente feliz desde que eu cheguei, afinal não só eu tinha visto meus pais, mas Paula também tinha vindo para Nova Trento e trouxe Laurinha. Eu sou muito apaixonada naquela menina! Acho que é um dos bebês mais fofos que já conheci, e super tranquila também. Ter ela em meus braços e estar cercada de minha família fez com que eu considere a possibilidade de ter minha própria família. Eu nunca tive interesse na maternidade, até porque isso envolve uma escolha entre minha profissão e minha vida pessoal, pelo menos eu sempre via dessa forma. Por muitos anos a única coisa que eu me importava eram minhas conquistas profissionais e meus objetivos, mas acho que o que dizem sobre fazermos trinta anos e o relógio começar a bater pode ser verdade. Infelizmente isso não era algo que eu nem deveria estar cogitando naquele momento, afinal, tem uma olimpíada chegando ai, e outra, não é como se eu tivesse algum candidato para construir essa família comigo nesse momento.

Laurinha me salva de meus pensamentos quando ela começa a chorar e eu olho para ela com os olhos arregalados. Ela é um bebê tão bonzinho que ainda me surpreende quando chora, e quebra meu coração vê-la daquela forma. Eu logo levanto o rosto à procura de Paula ou de minha mãe, afinal eu não tenho noção do motivo daquele choro, então preciso entregar o problema pra alguém que possa lidar com ele.

Estamos na casa de minha avó para um almoço em família então está cheio de pessoas ali, o que dificulta eu achar minha mãe ou irmã, porém Paula logo aparece e tira sua filha de minhas mãos sem nem falar nada. Acho que mãe deve ouvir o choro de seu filho a quilômetros de distância.

Sem Laurinha em meus braços eu sou obrigada a interagir com o restante de minha família. Não que eu não os ame, mas é que tanto tempo morando longe faz com que eu me sinta desconectada deles. Minhas primas com quem eu cresci por exemplo, nós estamos conversamos e eu sei superficialmente o que anda acontecendo em suas vidas, porém eu não faço parte das piadas internas então me sinto um pouco perdida sobre onde é meu lugar ali. Sento ao lado de minha tia Janete que é uma fofoqueira de marca maior, o que sinceramente é era muito bem vindo naquele momento, afinal ela iria ficar falando sem esperar que eu fizesse qualquer tipo de interjeição naquela conversa.

"Mas porque a Carol não veio com você Rosamaria? Ela foi ver os pais dela?" Minha tia Janete pergunta. Porra tia Janete achei que não ia precisar interagir sentando aqui do seu lado.

"Na verdade ela tá nos Estados Unidos tia, tinha coisas pra resolver lá."

"Ah.. Uma pena, eu gostei muito dela no seu aniversário, sua mãe já tinha dito o quão boa ela era pra tu, mas ver como ela te faz feliz foi bom." Ela fala e logo emenda em outro assunto sem me dar tempo de corrigi-la. Porém se eu for pensar mesmo, não havia o que corrigir naquela frase. Carol realmente era muito boa para mim e me fazia muito feliz, a única coisa que eu sabia que estava errada naquela frase era a sua intenção, ela dava a entender que tinha algo além de amizade entre eu e Caroline.

O dia, mesmo eu me sentindo perdida em alguns momentos, tinha sido bem divertido. Eu amo ir na casa de minha nonna, sempre é algo que me lembra a minha infância e traz uma nostalgia boa. Eu estava feliz e me sentindo revigorada para as próximas semanas de treinamentos intensos que iriam acontecer antes das olimpíadas.

Apparently, it was meant to be?!Onde histórias criam vida. Descubra agora