vinte e quatro

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Aeroporto Internacional de Confins

Carol POV

Onde eu estava com a cabeça quando eu achei que poderia viajar sozinha com a Alice sem nem ao menos levar o carrinho comigo. Eu sou aquelas pessoas que acha que sabe tudo de criança sem nunca ter cuidado de uma de verdade, acho que criança não tem que ficar andando de carrinho se já consegue andar só, que não tem que ficar usando tablet e celuar, que não existe essa frescura toda com açucar...Enfim depois dessa experiencia acho que eu estava pronta para jogar a toalha e admitir que ainda tenho muito a aprender.

Eu só posso tá muito louca mesmo! Eu sendo a anta que eu sou achei que sabia mais que a própria mãe da criança e optei por despachar o carrinho, coisa que até a mulher do despacho da mala fez questão de frisar que não era necessário, e que eu poderia levar o carrinho comigo até a entrada da aeronave se eu quisesse. Todos sabiam de alguma coisa que eu não sabia e só fui descobrir no momento que eu tentava escanear os nossos cartões de embarque e carregar minha bolsa, uma mochilinha da Alice, seu boneco de pelúcia que ela não parava de deixar cair então resolvi que seria mais simples eu mesmo carregá-lo, e minha mala. Ah e não podia esquecer a criança, que não queria ficar parada e ficava tentando me puxar em todas as direções quando alguma coisa chamava sua atenção. Depois desse perrengue, onde todos só me olhavam de cara feia e não faziam um esforço em querer me ajudar, fomos em direção ao raio-x e inspeção. Graças ao bom Deus tínhamos preferência por Alice ainda ser pequena, então pelo menos fomos para outra fila e eu não senti aquela pressão de várias pessoas me julgando e apressando para passar correndo.

Porém minha querida sobrinha não me avisou que tinha colocado um brinquedo seu em seu bolso que era a bateria, ou seja como ela estava passando em meu colo no detector de metais, eles insistiram que devia ser alguma coisa comigo e me fizeram tirar até os sapatos para enfim me revistarem e constatarem que não era eu o problema. Ai com a cara mais lavada a bonita da minha afilhada resolve mostrar o que tinha em seu micro bolso de sua calça, algo que eu nem sabia que existia, desde quando criança precisa de bolso? É para garantir que ela não esqueça da carteira dela? Das chaves? Não! É pra fazer a vida da sua dinda ainda mais difícil enquanto tentamos não perder nosso voo. Ela simplesmente resolveu levar um peixinho que toca música e tinha bateria dentro de seu bolso, pois acho ele bonitinho! A coisa era tão ridícula e pequena que cabia na minha mão! A coisa mais ridícula e sem noção que só uma criança poderia inventar de fazer. Só não sei dizer se ela pegou em alguma loja enquanto eu não estava vendo ou se veio de casa, mas esse problema de uma possível delinquente em minha família vai ter que ser resolvido outra hora precisavamos correr.

Com todo esse perrengue da inspeção eu tive que correr até o portão de embarque para não perdermos nosso voo, onde novamente eu gritava internamente comigo mesma por minha burrice de não ter ido com o carrinho para pelo menos poder colocar tudo em cima dele e apenas empurrar uma coisa. Então lá ia uma mulher de mais de 1,9m de altura correndo pelo aeroporto e passando vários portões de embarque em Confins arrastando uma mala de mão, e carregando uma bolsa, uma mochilinha rosa brilhante, um ursinho de pelúcia e uma criança que não parava de rir e adorar cada minuto daquilo tudo.

Quando finalmente estávamos sentadas em nossos assentos eu respirei fundo e agradeci aos céus que pelo menos não haviamos perdido nosso voo porque senão minhas irmãs nunca iriam me deixar esquecer desse episódio.

"Tia Cá, cadê o John-John?" Minha sobrinha me pergunta, e faz com que eu olhe em volta de onde estamos sentadas e comece a procurar-lo. Achei que ela poderia ter deixado ele cair embaixo de sua poltrona então resolvo olhar ali e não o encontro. Depois me levanto e atrapalho o embarque de outros passageiros para poder ver se eu não tinha esquecido e acidentalmente deixado o John-John no compartimento de cima. Não encontro o bichinho ali, e é naquele momento que o desespero começa a bater, pois eu sei que minha sobrinha não dorme sem ele quando ela esta longe de sua casa. Se ele se perdeu na nossa correria, ela nunca mais iria dormir até voltar para sua casa e minha irmã iria me matar.

Apparently, it was meant to be?!Onde histórias criam vida. Descubra agora