vinte e nove

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Voo em direção a Paris


Rosamaria POV


Nossa às vezes ser mão de vaca não compensa não. Eu deveria ter escutado a Caroline e feito o upgrade da minha passagem. Viajar em classe econômica sendo alta como eu sou era muito desconfortável, mas pelo menos eu estava sentada com a Betinha e com um assento vago entre nós, podia ser pior. A Roberta está com seus fones de ouvido vendo alguma coisa na tv do avião, então eu resolvo não incomodá-la. Talvez fosse até bom ela estar distraída, pois desse jeito eu ia poder pensar sobre a situação da Caroline e surtar um pouco sem ter que me explicar para ninguém.

Resolvo escrever um pouco em meu caderno para ver se consigo decifrar esses sentimentos sobre a situação do natal. Eu uso o meu caderno quando estou muito conturbada e escrevo tudo que vem na minha cabeça e depois eu releio e tento me entender. Muitas vezes não ajuda em nada e eu fico mais confusa ainda, mas em outros momentos ajuda bastante e eu consigo olhar quase que de fora a situação.

Não sei quanto tempo passou comigo rabiscando frases e pequenos poemas, descrevendo cada pequeno sentimento que cruzava minha mente desenhando. Eu paro e admiro meu trabalho e consigo ver que eu tinha desenhado uma Caroline com um algo em seu colo, acho que era minha intenção de desenhar ela com um bebê. O que me tira desse ciclo de desenho, poemas e rabiscos é Roberta que se levanta de seu assento e senta no banco ao meu lado me fazendo parar e fechar meu caderno.

"O que foi Rosa? Tá nervosa? Cê não para de rabiscar ai" Ela me pergunta enquanto tenta enxugar minhas lágrimas, que só agora percebo estavam caindo sobre a capa do meu caderno. Minha garganta está seca e não consigo responder, então eu apenas concordo com a cabeça na esperança que ela me deixe ficar aqui mais um pouco. "Mas nervosa com o que? Ainda temos alguns dias e cê tá jogando muito! Vai ficar tudo bem Rosa." Ela continua tentando me consolar, o que apenas faz com que mais lágrimas caiam de meus olhos.

Eu coço a garganta e pego minha garrafa de água e tomo um gole. Aproveito para fechar meu caderno e olho para minha amiga.

"Eu to nervosa sim, Rô, mas não sobre as olimpíadas. O jogo é algo que eu posso trabalhar, estudar e me esforçar. Até tenho um certo controle sobre." Eu falo e ela me olha um pouco confusa. "Eu tô nervosa porque eu tive uma conversa com a Caroline que me fez pensar..." Eu deixo minha frase morrer pois apesar de eu querer muito a opinião de minha amiga, eu não sabia se Carol iria ficar chateada se eu contasse para outra pessoa sobre seus planos.

"Ta, vocês conversaram...sobre vocês duas?" Sua frase tão simples me faz sorrir. Sempre é sobre nós duas.

"Também, mas conversamos sobre o futuro. O que ela pretende fazer esse ano..."

"E cê não tá de acordo com os planos dela para aposentadoria? Bora Rosamaria fala logo. Fica difícil tentar te ajudar se você não fala o que tá pegando." Ela diz um pouco exasperada no final. Eu respiro fundo e resolvi me abrir.

"Olha Roberta, eu vou te falar uma coisa muito séria. É segredo e só to te falando porque eu preciso desabafar e conversar sobre os meus sentimentos, e acho que prefiro mil vezes que a Caroline me odeie por contar um segredo dela do que ela se decepcione comigo falando ou fazendo algo que não seja dar cem por cento de suporte para ela." Eu digo olhando nos olhos da minha amiga. Sei que posso confiar nela, e se duvidar nem para Naiane ela deve falar.

"Okay Rosa, é segredo. E parece ser sério, então fala logo para eu ver como posso te ajudar."

"Tá. A Carol decidiu que quer ser mãe e vai usar uma barriga de aluguel." Eu solto a bomba para minha amiga e espero sua reação. A única coisa que ela fez foi sorrir e me olhar como quem esperava mais alguma coisa.

Apparently, it was meant to be?!Onde histórias criam vida. Descubra agora