trinta

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Paris


Carol POV


"Bonjour Bonjour, cheguei em solo parisiense pronta pra ver muitas competições, mas antes de qualquer coisa eu preciso comer um crepe enquanto eu admiro a vista aqui." Eu termino de falar para a câmera do celular enquanto eu gravo a vista da Torre Eiffel e preparo para postar o story no perfil do Instagram do time brasil. Eu cheguei em Paris a alguns dias, porém eu ainda não consegui parar direito. Eu estou a toda hora filmando conteúdo, ou indo para competições e gravando entrevistas. Essa vida de influencer não é brincadeira mesmo.

Enquanto eu entro no carro que a produtora reservou e aguardo o motorista começar a dirigir, eu checo o placar do jogo do Brasil. Hoje a seleção feminina jogava contra a Itália nas oitavas, e até a última vez que eu tinha visto o Brasil estava ganhando o primeiro set.

Eu vejo que ganhamos o primeiro set, porém perdemos o segundo. O terceiro estava 12x10 para o Brasil, então qualquer coisa podia acontecer. Eu continuo assistindo o jogo enquanto o motorista me leva para a próxima parada onde eu iria gravar com o pessoal do skate. Antes de eu sair do carro perto do skatepark que foi montado para as olimpíadas e o time Brasil estava usando para treinar, eu olho para o jogo em meu celular e vejo que  Rosamaria tinha acabado de fazer um block e deixando o jogo 23 x 20 para o Brasil. Borá que dá meninas!

Eu desço do carro e sigo o produtor que falava mais uma vez sobre os planos para aquela gravação com os skatistas. Depois de algumas horas de gravação eu finalmente tenho um momento para relaxar. Eu me sento na grama que tinha por ali e aprecio o dia bonito que estava fazendo e o quão grata eu estava de poder estar vendo pessoas que são tão boas no que fazem e que ainda curtem o esporte. Eu tinha começado a tentar ver as coisas com mais gratidão e positividade nessas últimas semanas. Minha terapeuta dizia que eu tinha que parar de pensar que tudo era um sinal para desistir ou que não ia dar certo. Inclusive Alicia já tinha feito outra transferência nesta semana. Agora eu tinha que esperar mais duas semanas antes de saber se deu certo.

Pensar na transferência me faz pensar no meu futuro bebê. Será que ele ou ela iriam jogar algum esporte? Será que seria vôlei? Ou seria skate? Ver a fadinha agora com seus 16 anos curtindo o esporte me faz questionar se o vôlei não é um esporte muito competitivo. Rayssa ama o que faz e sempre foi nítido isso, e não sente uma pressão como nós jogadoras de vôlei sentimos. Não sei se eu ia querer isso pro meu futuro filho, mas eu sei que o que meu futuro filho decidisse fazer eu estaria ali para ajudá-lo e ia ser uma mãe coruja com certeza!

Eu estava tão distraída pensando no meu futuro filho e nas minhas preocupações com relação à qual esporte ele vai jogar que me assusto um pouco quando percebo que Rayssa está ali do meu lado e pedindo para tirar uma foto comigo. Depois de batermos algumas fotos e gravamos alguns stories eu posto minhas fotos e vejo que eu fui marcada várias vezes em algum post no Instagram. Eu olho o que os fãs tinham me marcado e vejo que são vídeos de Rosamaria abraçada com Bosetti onde a brasileira parecia estar fazendo um carinho na italiana ridícula. Rosamaria estava provavelmente confortando Bosetti já que o Brasil tinha ganho da Itália. Acho que se fosse qualquer outro momento eu não acharia nada demais aquele abraço, mas eu to com saudades de Rosamaria. Eu estava com saudades da Rosamaria porque desde que eu tinha contado pra ela sobre Alicia não estar grávida nós não conseguimos mais nos falar direito, só mensagens e áudios. Ela estava concentrada e na bolha e eu não tive tempo com o tanto de trabalho e viagens que eu estava fazendo.

Então ao ver aquele vídeo em slow motion do abraço das duas com uma música romântica me fez sentir uma insegurança enorme. Será que a Rosa estava estressada e precisando de um alívio e por isso ela estava procurando alguém que ela conhecia tão bem?

Apparently, it was meant to be?!Onde histórias criam vida. Descubra agora