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A luz do sol invade o quarto através das cortinas entreabertas, pintando padrões dourados nas paredes enquanto eu abro os olhos lentamente. Meu celular mostra o horário, 11 horas, e eu me permito ficar mais alguns minutos na cama, desfrutando da sensação de ter finalmente dormido bem após tantas noites de insônia no hospital.

Ao fundo, o som suave das ondas do mar me acolhe, trazendo uma sensação de calma que eu não sentia há muito tempo. Me levanto devagar, ainda envolta pela sonolência, e me aproximo da janela. O céu está claro, e já consigo avistar alguns surfistas aproveitando as ondas lá embaixo. Um leve sorriso se forma em meus lábios, finalmente sentindo um humor melhor do que nos dias anteriores.

Decido tomar um banho para começar o dia bem. Entro no banheiro do meu quarto e vou me despindo com um suspiro de alívio. Sob o chuveiro, a água morna me envolve, relaxando meus músculos e lavando a sensação de hospital da minha pele. Aplico uma hidratação rápida nos meus cabelos, tentando recuperá-los depois de tantos dias no hospital.

Enquanto ensaboo meu corpo, me sinto renovada, como se cada gota de água fosse um novo começo. Após tirar todo sabão, saio do chuveiro e me envolvo em uma toalha macia, absorvendo o calor reconfortante. Volto para o quarto e escolho um short e uma blusa confortáveis antes de seguir para a cozinha, pronta para começar o dia com um café da manhã finalmente diferente daqueles que eu estava comendo no hospital.

Passei pelo corredor e os quartos de Bill e Tom estavam abertos, provavelmente saíram cedo. Desci as escadas e minha mãe estava organizando algumas coisas na cozinha.

— Sabe que o que Bill fez foi errado e você deveria estar no hospital. — Ela disse assim que entrei na cozinha.

— Não entendo porque queriam me deixar lá mais do que o combinado. — Respondi já imaginando que a manhã tranquila que eu desejava ter depois de tanto tempo, eu não teria.

Ela se virou me encarando, como se já tivesse desistido de mim.

— Você vai para casa do seu tio. — Ela disse e a encarei confusa. — Você precisa de limites, precisa entrar na linha. Olha tudo oque causou, e ainda por cima seu irmão faz isso...

Ela disse brava e cansada. Eu não entendia até onde ela queria chegar. Era uma sensação de abandono, como se eu estivesse sendo jogada fora, como se eu não tivesse mais jeito. 

— Eu não entendo. — Respondi a olhando. — Porque eu deveria sair da minha casa pra ficar na casa de verão que meu tio alugou?

— E por acaso você entende alguma coisa que eu falo, Sierra? — Ela perguntou. — Notas baixas, reclamações, drogas, você vive a vida de maneira descontrolada, simplesmente não dá valor a nada do que eu e seu pai fazemos para você.

Oque eles fazem para mim?

— Nunca é suficiente, nada pra você é suficiente. — Ela continuou. — Você tem tudo e não dá valor. Está querendo estragar a sua vida e levar sua família para o abismo.

— Claro que é suficiente. — Respondi indignada com suas palavras. — Tudo bem, mãe, me desculpe!

Será que eu realmente fiz ela chegar no seu limite? Eu me tornei a pior filha do mundo e nem sequer percebi isso?

— Posso não ser uma boa pessoa, boa filha, mas, por favor mãe! — Falei quase que implorando para conseguir sentir algum conforto pelo menos em seu olhar. — Eu sinto muito, eu não queria desapontar nem você e nem meu pai. Eu aprecio tudo oque já fizeram por mim, eu sou uma ingrata e eu sinto muito!

Falei sentindo meus olhos queimarem.

— Eu não sei mais oque fazer com você, Sierra. — Ela disse friamente. — Eu já tenho preocupações suficiente com Tom, Bill...

PALOS VERDES || TOM KAULITZ.Onde histórias criam vida. Descubra agora