Prólogo: Vampiros do Crepúsculo

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A luz fraca da lâmpada incide sobre os mapas, criando sombras dançantes na sala. Sento-me à mesa, minha ficha de personagem à minha frente, pronta para mais uma sessão de Dungeons & Dragons com meu irmão Lucas, minha irmã Rafaela, Walace e Cecília, seus respectivos namoradinhos.

Eu era a única encalhada da família mesmo. Já aceitei meu cruel destino de ser gostosa demais para qualquer pessoa.

— Então, Beyoncé, o que você faz enquanto o grupo se aproxima da floresta proibida? — Lucas, o mestre do jogo, pergunta, com seus olhos voltados para mim.

Eu nunca curti muito dessas coisas de nerdola, jogos de mesa e tudo mais. Mas, com um imenso amor ao meu irmão, aceitei jogar. Minha personagem se chamava Beyoncé, e Lucas reclamou bastante no começo até que aceitou.

Minha personagem tinha que ter nome de diva, ao menos.

— Eu me coloco à frente do grupo, examinando as árvores em busca de qualquer sinal de perigo — Respondo, minha voz assumindo a determinação de minha personagem, a guerreira elfa Beyoncé.

— Boa ideia, Beyoncé! Eu te acompanho de perto, pronto para lançar um feitiço se necessário — Diz Lucas, seu mago erguendo um dedo em sinal de prontidão.

— Eu seguro firmemente meu escudo e minha espada, pronta para proteger meus amigos a qualquer custo — Walace, o paladino, afirma com convicção.

— Enquanto isso, eu fico nas sombras, observando atentamente qualquer movimento suspeito — Rafaela, a ladina, acrescenta, um brilho travesso em seus olhos.

Sua personagem simplesmente chamava-se Rafaela. A coisa mais patética que eu já vi, colocar o próprio nome na personagem. Falta de criatividade.

— Com o coração acelerado, avançamos pela floresta proibida, nossos passos cautelosos ecoando entre as árvores antigas. De repente, ouço um ruído estranho à minha esquerda.

— Vocês ouviram isso? — Pergunto, girando minha espada em preparação para o perigo iminente.

— Sim, Beyonce, eu também ouvi. Talvez seja uma armadilha! Fiquem alertas! — Cecília adverte com a voz carregada de suspense.

— Não podemos recuar agora. Precisamos descobrir o que está acontecendo — Walace declara, seu escudo erguido diante dele como um escudo protetor.

Com nossos nervos à flor da pele, avançamos em direção ao som misterioso, prontos para enfrentar qualquer desafio que o destino nos reserve. A adrenalina corre em nossas veias enquanto nos preparamos para o desconhecido, sabendo que juntos somos mais fortes.

— Crianças! Não fiquem até tarde, amanhã tem aula! — Minha mãe vem até a cozinha, onde estávamos jogando, e põe as mãos na cintura.

— Estamos terminando a sessão, mãe. — Rafaela diz, e minha mãe apenas concorda e nos dá as costas novamente.

Com um suspiro de expectativa, pego o dado d20 em minhas mãos, sentindo o peso reconfortante do poliedro frio. Com um movimento rápido, lanço-o sobre a mesa, observando enquanto ele quica e rola, determinando o destino de minha personagem.

— Vamos lá, precisa ser um 15 ou mais para acertar o golpe! — Exclamo, torcendo para a sorte estar ao meu lado.

O dado roda algumas vezes antes de finalmente parar, revelando o número 18. Um sorriso de satisfação se espalha pelo meu rosto enquanto proclamo:

— ISSO SEUS OTÁRIOS! CHUPA MEU 18!

Todos da mesa comemoram ao mesmo tempo. Acho que pelo meu azar com os dados, já quase matei a Beyoncé sem querer umas vinte vezes. Eu odiava admitir, mas amava jogar D&D com eles, mesmo Lucas sendo um panaca e Rafaela sendo mandona. Walace, seu esposo, e Cecília, namorada do Lucas, eram chatos também, mas dava para aturar mais.

Coração de Lobo, Alma de BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora