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JAMES GRIFFIN

Despejei os ovos mexidos em um prato e virei os bacons na frigideira para terminar de dourar do outro lado enquanto uma música dos Beatles tocava em volume baixo na caixinha de som em cima de uma das bancadas. Após terminar virá-los, comecei a arrumar a ilha com os outros pratos para o café da manhã.

Além de ovos e bacon, eu também havia feito torradas, algumas panquecas com chantilly, assado alguns pães de queijo e feito suco natural de laranja com as frutas de um pé que havia aqui na propriedade.

Depois daquela conversa, mais conhecida como "tapa na cara", que minha irmã me deu e ter conciliado meus horários e finalmente conseguido tirar todas as pendências acumuladas no HVG eu finalmente tinha tempo livre para tomar café, ter mais momentos ao lado da minha filha e conseguir levá-la para a escola. Por isso, hoje, decidi preparar o café da manhã e fazer uma surpresinha para a minha filhota.

Ao ver tudo pronto e posto, achei ter exagerado com a quantidade de coisas, mas nada disso afetou a minha cabeça quando minha filha entrou junto da minha irmã na cozinha e viu que, além de estar aqui, eu tinha feito o café da manhã e comeria com elas.

— PAPAI!! — gritou e veio correndo na minha direção, pulando em mim para que eu a pegasse. — Você vai tomar café da manhã com a gente?

— Sim, pacotinho — falei e dei um beijo na sua cabeça.

O sorriso que me lançou foi tão lindo, brilhante e grande que eu quase chorei ao notar que esse simples gesto a faria tão feliz. A abracei mais apertado. Fitei minha irmã, enquanto ainda abraçava a minha pequena. Ela estava meio embasbacada na porta da cozinha olhando de mim para a ilha tentando raciocinar o que, de fato, acontecia. Ao se dar conta, encarou-me com os olhos orgulhosos e marejados e sorriu ao cruzar os braços e se aproximar de nós dois.

— Olha só, meu amor, seu pai fez o café da manhã. Será que está tão gostoso quanto o da titia?

— Eu aposto que está até melhor — falei, me gabando.

Olhou-me cheia de desafio.
— Ah, isso eu duvido, irmãozinho. Vamos apostar?

— Dez dólares? — perguntei erguendo a mão que ela logo aceitou.

— Ganharei sem esforços. Sou mestre em cafés da manhã — desviou o olhar para minha filha com os braços cruzados. — Não sou, Mia?

Melissa fitou a nós dois, meio hesitante, mas não disse nada, provavelmente com medo de dar a resposta errada.

— Você está pensando, Pacotinho? Achei que tivesse um pouco mais de fé no seu pai — fingi indignação e comecei a fazer cócegas na sua barriga.

— Para papai, para! — se contorceu, rindo.

— Só se disser que o café do seu pai é o melhor.

— Ei! — Beatriz protestou, fingindo estar brava. — Isso é golpe baixo! Ela nem experimentou ainda, seu trapaceiro!

— Cada um com as suas armas, Sombra — justifiquei, e depois coloquei minha filha sentada em uma das banquetas altas em volta da ilha.

Bia sentou-se de um lado da minha filha e abaixou-se para fingir que ia lhe contar um segredo:
— Seu pai é um vigarista, pequena.

Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora