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JAMES GRIFFIN

Comecei a observá-las enquanto aproveitava o maravilhoso descanso das mãos brutas que minha filha tinha. Meu coro cabeludo agradecia muito, já que ele doía demais por conta dos puxões que ela, vez ou outra, dava nos meus fios, quase os arrancando.

Elas acabaram entraram em um assunto aleatório do qual eu já não escutava mais porque estava ocupado admirando o quanto elas se davam bem e o quanto minha filha havia se apegado rapidamente em Emma.

Eu ainda não tinha conseguido entender como uma pessoa conseguia se infiltrar assim tão rápido, mas essa mulher conseguiu a confiança da família Griffin sem que ao menos percebêssemos. Sei que não havia passado tanto tempo assim na sua presença, porém ela era um assunto bastante comentado dentro da minha casa, já que ela passava muito tempo com a minha irmã e filha.

Quando a vi ali, sentada embaixo da árvore, uma tristeza profunda pairando sobre ela enquanto encarava Muse e acariciava o seu pelo, não soube explicar como o meu coração ficou exprimido dentro do peito. Era justificável o quanto estava mal, afinal, sua mais fiel companheira não iria ficar entre nós por muito tempo. Entretanto, o sorriso que apareceu no seu rosto quando aconchegou minha filha nos braços, ou o modo como ficou emocionada com as palavras da pequena, aqueceu esse órgão.

Aquilo que Melissa havia dito, tinha mexido até com algo dentro de mim, fazendo-me pensar em como Valerin estaria orgulhosa da nossa menina e em como venho tentado dar o melhor de mim para criá-la. Assim como as palavras profundas que Emma tinha dito quando começou a contar para Mia que Muse não ficaria mais tanto tempo aqui.

"...mesmo quando alguma coisa que nos deixa triste acontecer, precisamos priorizar as lembranças boas que tivemos."

Essa frase foi como um estalo na minha cabeça. O último pingo de combustível para me tocar que, mesmo que o destino, a vida, Deus ou sei lá, tenha me tirado Valerin, os nossos momentos eu sempre levaria comigo. Sempre carregaria um pedaço dela no meu coração.

As gargalhadas das duas fizeram com que eu voltasse para a realidade e perdi o ar quando as vi rolando pelo gramado, ambas fazendo cócegas uma na outra. O sorriso estampado no rosto da minha filha era tão genuíno, tão lindo. Fazia tempo que ela não ria parecendo tão feliz desde que Emma entrou na sua vida. Mas foi também o lindo e brilhante sorriso no rosto de Emma que fez o meu coração acelerar feito louco.

Não. Isso não poderia estar acontecendo. Eu não poderia estar loucamente atraído pela minha vizinha, poderia? A resposta era óbvia: não poderia, mas era exatamente isso que estava acontecendo.

Emma, com seus cabelos loiros e seu olhar marcante, aquele sorriso aconchegante e pele perfeita parecia me chamar com uma atração que me faltava o fôlego.

Eu não queria que isso acontecesse comigo. Não queria sentir desejo por mais ninguém. Havia prometido a mim mesmo que nunca mais deixaria uma mulher entrar na minha vida de uma forma romântica. Porém, tudo o que meu corpo desejava, era Emma.

Bufei, sentindo-me impotente. Eu nem havia sequer beijado a mulher e já me sentia rendido, como isso era possível? Eu também nem deveria me sentir assim, ela tinha um noivo, logo se casaria, então não havia porquê alimentar essa atração proibida.

Deixei que esses sentimentos conflituosos fossem para o fundo da gaveta, ignorando todos eles e focando aonde importava. No aqui e agora.

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