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EMMA CONWAY

Eu não sabia que se quando estivesse morrendo, eu sentiria alguma coisa, que se quando estivesse indo para o outro lado, eu, de alguma forma, saberia que aquilo estava acontecendo.

Mas agora, era possível ter essa percepção, sentir essa dor, essa abundante agonia junto com a sensação aterrorizante que arrombava o meu peito, eu tinha a certeza de que estava morrendo. Tinha a concepção de que não demoraria muito para que eu virasse uma estrela.

Por que apenas isso explicava a dor dilacerante que me assolava ou, eu tinha perdido o bem mais preciso que existia na minha vida, o que, para mim, eram as mesmas coisas.

Ao ouvir a voz fraca e melancólica de James pelo telefone eu sabia o que tinha acontecido, sabia que minha bebezinha tinha me deixado e apenas pensar em viver uma vida sem ele, sentia que poderia morrer a qualquer momento.

Muse, apesar do seu estado clínico grave, aparentava estar melhorando gradativamente diante das consultas semanais, dos medicamentos e dos passeios que dávamos regularmente para animá-la e para mim, estava funcionando por conta de chegar o prazo estipulado pelos veterinários e nada, graças a Deus, não ter acontecido.

Mas após a semana em que os profissionais disseram chegar, eu vivia ligada no duzentos e vinte, completamente alarmada e com medo de alguma coisa acontecer enquanto eu não estivesse junto a ela. Trabalhar tinha virado uma tarefa difícil, sair de casa para organizar alguma coisa do casamento era pior ainda, não foi atoa que tinha deixado tudo nas mãos da minha ex-sogra. Eu mal comia, mal dormia, meus dias tinha sido em prol da minha cachorra.

O único dia em que a deixei sem mim tinha sido hoje para o meu casamento. Eu aproveitaria que era um dos dias das duas consultas regulares para ir para a igreja me casar com Nolan.

Mas parecia que, mesmo se eu não tivesse corrido daquele lugar após ler aquela carta, de qualquer forma, eu nunca pisaria naquele altar.

Entrei pelas portas duplas do Hospital Veterinário Griffin sem me importar em ser discreta e chamando a atenção de quem quer que fosse que caminhava pelos corredores.

Dona Vera me olhou assustada com a minha entrada súbita, mas quando percebeu que era eu quem entrava daquele jeito, não conseguiu conter a expressão de pena que tomou totalmente o seu rosto. Senti-me ainda pior com isso.

As lágrimas caíam dos meus olhos como uma cachoeira, embaçando a minha visão e deixando-me ainda mais desnorteada do que já estava. Eu não conseguia ver nada a minha frente, nem ouvir qualquer coisa ao meu redor, eu apenas seguia adiante.

Em algum corredor qualquer, pude ver James conversando com alguém que eu não me importava no momento, só em ir até ele, pedir para que o que quer que esteja passando na minha cabeça fosse mentira.

Assim que me viu, nem ao menos se despediu da pessoa, vindo até mim a passos largos e rápidos até seus braços fortes estarem ao meu redor. James me abraçou tão forte que eu finalmente pude deixar-me ceder.

Ele me segurou quando minhas pernas foram em direção ao chão, meu grito reverberou por todas as paredes daquele corredor, meu choro enguiçado se tornou audível, meus soluços viam um após o outro e meu coração se apertou de uma forma torturante.

— M-me d-diga... Po-por fav-vor po-por fa-favor.. Jam-mes... Me F-fala que é men-menti-ra... EU IMPLORO! — ele se agachou comigo, puxando-me para o seu colo e me apertando com uma força gigantesca.

Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora