Passando pano

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P.O.V GREGO

Eram três da manhã quando cheguei no apartamento e o que eu encontro é o Manuel debruçado sobre o chão com uma esponja na mão.

Pensei comigo mesmo.. esse garoto só pode estar ficando maluco, eu sabia que ele era meio doido por limpeza e organização mas limpar o chão com esponja as duas da manhã era demais pra mim.

– Merda! – ele direciona seu olhar pra mim e seus cachos cor de mel estavam caidos sobre seus olhos, suas bochechas estavam vermelhas. – Eu acabei cochilando.

Ele  vira de volta pro chão e fica esfregando tudo em movimentos circulares.

– Eu posso saber porque você está limpando o apartamento? – Ele olha novamente para mim.

– Você consegue fazer daqui um chiqueiro e como eu não estava conseguindo dormir eu resolvi limpar.

– As duas da manhã? – Franzi a sobrancelhas – Sabia que você pode matar pessoas de  preocupação debruçado no chão desse jeito?

– não precisa se preocupar – Ele sorri forçadamente.

– Só estou dizendo que limpar a casa de madrugada é no minimo maluquice da sua cabeça

– eu tenho toc e não é maluquice da minha cabeça.

Ele olha pra mim, e a maneira que seus olhos conseguem expressar coisas que até as palavras mais detalhas não conseguem me assusta um pouco.

– Se não for me ajudar, pode sair e me deixar limpando.

Engulo em seco. Esse garoto de merda
consegue tirar todas as palavras da minha boca do nada. Queria gritar com ele por ser tão antipático comigo, merda, a gente divide um apartamento, devíamos pelo menos agir como se não fôssemos dois pedaços de merda; ele pelo menos.

Ajoelho a sua frente. Seus olhos
automaticamente se voltaram para mim.

– Oque você está fazendo?

– Eu moro aqui também, não moro? – coloco meu boné para trás; pegando uma escova que estava do seu lado. Ele ainda permanecia sem reação, como se nem em um milhão de anos acreditasse que eu faria isso.

– O que foi? Não acha que eu sou capaz de limpar um chão?- digo meio irritado e ele fica sem respostas.

Continuo esfregando o chão sem fazer contato visual. Deixando uma névoa de tensão sobre tudo em volta.

Estávamos tanto tempo sem dizer
nada, que sua voz me assusta
momentaneamente enquanto limpo a mesa da cozinha.

– O que.. droga, não! – ele suspira, e fecha os olhos – Tá fazendo errado. O pano está todo embolado, seria bem
mais fácil se você o dobrasse em um
quadrado.

- Ah... não começa com essas frescuras.

- Se você limpar em círculos nenhum lugar vai ficar sujo.

Ele dedica sua atenção ao pano por um
momento, dobrando ele diversas vezes
antes de formar m quadrado perfeito e me devolvendo no final.

Sem perceber me pego fitando seus olhos cor de mel, suas sardas espalhadas pela sua bocheca e sua boca desenhada, ele me olha meio envergonhado e suas bochechas ficam coradas e eu sem dizer nada volto a limpar.

Isso nunca aconteceu comigo.

Terminamos de limpar tudo; já eram
quase quatro da manhā, meus dedos
estavam enrugados por tanto contato
com a água, e ele estava com olhos cansados limpando a testa com as costas da mão.

– acho que terminamos – digo.

– acho que sim – ele inspira.

– Vou dormir então... boa noite –  digo e ele assente com a cabeça e responde boa noite antes de dar uma boa olhada em todo o apartamento em volta

Entrei no meu quarto, não vou tomar banho estou cansado para caralho e já tive minha cota de limpeza por hoje.

Troquei a calça, que estava com o joelho molhado, e desabei na cama.
Suspirei. Que se foda, não vou para
faculdade de manhã.

 Que se foda, não vou parafaculdade de manhã

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Eu Odeio Amar Você ( Romance Gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora