12 - lírios

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Desci as escadas correndo e fitei o enorme gramado logo vi Adler correr de um lado para o outro, sentei na arquibancada e abri meu notebook, precisava falar com ele.

Por um momento reparei no céu e nas árvores ao meu redor, o campus era recheado de área verde, eu definitivamente amava esse lugar, desde que cheguei, desde as fotos que tinha antes de entrar aqui, respirei a brisa gelada e reparei em alguns lírios, parece que acabaram de florecer.

Lírios eram minhas flores favoritas da vida.
As flores de lírio significam poder, soberania,honra, lealdade, romance e paixão.

Aparece na Bíblia uma vez, (Lc 12:27). A amada de Salomão era tão bela que foi comparada a um lírio assim como Jesus é tão belo para aqueles que o amam.

Nunca fui forte, passei meu ensino médio tentando ser invisível às vezes, passar despercebida, me perder nas milhões de pessoas da escola que eu via, tinha amigos, e eram incríveis, ainda falo com alguns? Sim, mas existem amizades que você só precisa encontrar alguma vez em sua vida e depois deixar ir, assim como existem pessoas que virem a para ficar, no meu caso foi a Mia.

Comecei a gostar dessas flores no 7º ano, quando tudo começou, eu não conseguia ir para a escola, ou fazer amigos, ou andar no intervalo, eu ficava presa numa bolha que parecia um redemoinho, meus pais olharam e viram que eu precisava de uma ajuda, foi minha primeira vez indo no psicólogo com algumas consultas descobri que tinha fobia social, foi um baque e ao mesmo tempo foi como se tudo fizesse sentido, a psicóloga falou para eu me agarrar em algo que me mostrasse que eu conseguia, me agarrei em Jesus e nessas flores, sempre que eu ficava nervosa por ir a escola ou chegar em algum lugar com pessoas eu pensava nessas coisas, em Jesus principalmente e então nas flores, me lembrava do significado e tinha um pouco mais de coragem para seguir em frente e tentar, tentar de verdade.

Eu ainda ficava nervosa, mas para uma menina que não conseguia entrar na escola por vergonha e medo do que iriam pensar, uma uma menina que não conseguia ir em absolutamente nada sozinha, morar em outro país sem conhecer ninguém foi a maior prova de que eu consigo tudo que eu quiser, se eu estiver disposta a correr atrás.

— Eu sei que está pensando em mim agora, sou irresistível eu sei, mas não pode ficar desse jeito obcecada por mim linda. — Eu pisco algumas vezes e vejo Adler suado dessa vez sem o capacete, falando em minha frente. Eu reviro os olhos.

— O mundo não se chama Adler se quer saber. — Ele sabia, mas parecia gostar de implicar.

— Gosta delas? — Ele aponta para os lírios rosa.

— Gosto, preciso falar com você. — Ele cruza os braços e se senta ao meu lado.

— Vou ter de refazer o trabalho da publicidade, sozinha, com o mesmo tema de futebol americano, queria saber se podem participar de novo.

— Seu queridinho não está mais na jogada?

— Não, algo me diz que ninguém dessa escola gosta dele a não ser Britanny.

— E talvez nem ela devesse gostar dele, Haelyn é livre para fazer o que quiser, mas Dylan não é como pensa que é.

— E como ele é?

— Ele... — Ele corta sua própria fala e repara em meu olhar.

— Esse é o problema ninguém explica a situação, não esperam que eu vá parar de falar com ele sendo que eu nem sei da história.

— É complicado, delicado para... muita gente.

— Tudo bem Adler, não precisa dizer, só quero tirar minhas próprias conclusões dele primeiro.

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