21 - Um mala

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— Eu resolvi o perguntar se ele tinha feito aquilo, ele negou, então eu resolvi ignorar todas as minhas suspeitas e voltamos a ser como irmãos. Mas ele estava diferente, ele estava estranho comigo, havia parado de se importar e estava andando com outras pessoas que não eram uma boa influência. Teve uma acampamento de férias e eu fiquei na mesma cabana que ele, mas no meio da noite ele saiu, então eu o segui, ele estava com os amigos fora da área permitida, fumando e bebendo.

Ele me encarou e disse:

— Ele estava falando tudo sobre mim Haelyn, sobre os problemas que eu tinha, sobre meus irmãos, sobre meu pai, ele tava falando mal da minha mãe, falando todos os nomes ruins que alguém pode falar e depois ele jogou que sempre foi meu amigo por interesse e que eu era horrível, que eu devia como planejado nunca mais poder jogar.

Me lembrei novamente que deveria respirar.

— Ele era meu melhor amigo, e de repente ele foi...

— Um mala. — Eu completei sua fala e ele concordou com a a cabeça.

— Depois a gente brigou, fim da história.

Eu estava meio perplexa, não dava para acreditar que ele estava falando da mesma pessoa que fora tão largas comigo desde quando cheguei aqui.

— Isso foi a quanto tempo? — Eu perguntei e me ajeitei no banco do carro, enfiei minhas mãos no bolso quente da jaqueta.

— Três anos atrás.

— Ele nunca lhe pediu desculpas? — ele me encarou e seu olhar penetrou no meu, seus olhos verdes pareciam congelados, estavam frios, um olhar gélido vinha dele, porém ele piscou e aquilo desapareceu.

— Não, ele conta que eu sempre estive errado e que a culpa é minha. — Ele suspirou.

— Sinto muito.

— Vai ficar do lado do seu amiguinho? — Ele me deu um sorriso travesso.

— Não sei, acredito em você, mas ele é legal comigo, talvez tenha mudado.

— Talvez. — Eu encarei a estrada, estava, aí meu Deus estava nevando! Como não tinha reparado no frio vindo? Eu fiquei perplexa e encarei os pequenos flocos caindo do céu, o ar estava gélido, pelo menos aparentava estar do lado de fora do carro, era minha primeira vez vendo neve.

— Ei, caminho diferente? — Eu o questionei quando percebi que estávamos fora da rota para a faculdade.

— O tempo vai piorar — Ele apontou para uma nuvem distante. — Melhor pararmos em um lugar perto e quando passar te deixo em casa.

— Aonde vamos?

— Na minha avó, ela mora por aqui, a não ser que tenha outra ideia.

— Estou de olho Adler. — Ele riu e balançou a cabeça. — Era melhor ter te deixado vir de metrô.

— Ah por que não me deixa no meio do caminho? — Ergui uma das sobrancelhas e o vi sorrir dizendo:

— Tentador. — Revirei os olhos.

O caminho inteiro fui observando a estrada ao nosso redor, os vidro ado carro começaram a ficar embaçados e uma chuva forte começou, eu não era a maior fã de chuvas fortes. Alguns carros passavam ao nosso lado, encostei minha cabeça no vidro e o silêncio entre nós percorreu.

Desenhei uma cara de tédio no vidro embaçado, então ouvi Adler dizer:

— Estamos chegando, tudo bem?

— Sim. – Por que a academia tinha de ser tão longe da faculdade?

Ele parou o carro em frente a uma casinha branca com um lindo gramado verde em frente, o mesmo estava com partículas brancas.

Olhei para o retrovisor e ajeitei meu cabelo, eu estava cansada e nada arrumada, o que ela pensaria de mim?

— O que foi? — Ele me perguntou encarando me.

— Só ajeitando, estou toda desarrumada.  — Ele revirou os olhos e saiu do carro, logo em  seguida a minha porta foi aberta por ele.

— Está ótima, vem. — Eu dei uma última olhada no espelho e saí.

A jaqueta dele realmente havia me salvado, o tempo fora do carro está gélido. Avançamos para a porta e me senti nervosa,  ele pegou uma chave no bolso e abriu a porta branca, parecendo acostumado com aquilo.

Quando entramos na casa simples senti um aroma maravilhoso, e um ar aconchegante apesar do temporal lá fora que havia começado novamente assim que entramos, na casa estava quente.

Avançamos entre os cômodos da casa e escutei Adler cumprimentar alguém.

— Essa é Haelyn. — Eu andei para frente e vi a senhora de cabelos grisalhos e óculos redondos cortando uma torta na cozinha.

— Oi querida, como vai? — Ela se aproximou de mim e me envolveu em um abraço, eu retribui e sorri para a senhora.

— Matthew é um bobo, sou Lice, mas todos ignoram e me chamam de vó — Ela fingiu desaprovação e então deixou um enorme sorriso escapar. Então eu sorri de volta e me senti bem ali, quando eu vi estávamos sentados todos no sofá da sala comendo a deliciosa torta de maçã enquanto ela me mostrava as fotos de Adler pequeno.

— Teve esse dia que ele brincou na lama do quintal e ficou todo sujo. — Ela me entregou a foto de um bebê lindo sujo de barro. Eu ri e olhei para o quarteback durão ao meu lado, ele deu ombros e se encostou no sofá.

— Ah! E esse dia que ele saiu peladinho na rua! — Ela sorriu e ia me entregar a foto quando Adler a interrompeu com uma tosse rouca.

— Eu acho que já está bom de fotos... — Ele se levantou e pegou a foto do álbum virando a de cabeça para baixo e a colocando no criado da televisão.

Sua avó fez uma careta e então pediu licença e foi até a cozinha pegar outro doce que havia feito.

Assim que ela saiu encarei Adler e ri de canto para o mesmo, ergui a sobrancelhas e disse:

— Peladinho? — Ele revirou o olhar e disse :

— Não vai deixar esse assunto morrer nunca não é?

— Há, não mesmo. — Eu encarei a vista de fora pela janela e percebi que a tempestade de neve havia se transformado em apenas poucos flocos de neve caindo, ele seguiu meu olhar e disse:

— Acho que podemos ir agora. — Eu o encarei, a lareira rústica de repente iluminou seus olhos que pareciam estar mais vivos do que nunca, e ali bem ao meu lado ele ficou estático me olhando de volta. Eu deveria desviar, sabia que devia mas continuei, por mais alguns segundo até que a voz doce chegou no ambiente.

— Chocolate quente? — Eu sorri para Lice e desejei poder vir para aqui quando quisesse.

Ela me lembrava de casa, me lembrava da minha família, e por um momento tive de piscar para conter a vontade de chorar.

Continua...

oi leitores, bom eu fiz uma alteração na passagem de tempo da história, nessa alteração o verão já passou e ela entrou na faculdade depois de julho.

Jogada perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora