13 - Mat cantadas!

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Tinha evitado a biblioteca do campus desde que cheguei aqui, as vezes passava em frente mas nunca entrava, uma parte de mim sabia que se eu voltasse a ler seria para me ajudar a encarar algo que eu não pudesse controlar.

Eu rodei Santa Monica inteira nos últimos 14 dias procurando por algo, estava ajustando detalhes do roteiro e estive na sala do diretor umas vezes, não tinha nada a ser feito, não falavam qual o tipo dessas acusações, ou muito menos quem fizeram elas, eu precisava de um emprego e não tinha achado nada até agora.

Estava começando a me desesperar, estava começando a evitar minhas amigas, por que se eu falase com elas sobre esse problema significaria que ele era real e eu estaria cogitando a ideia de não conseguir um emprego de abandonar o meu sonho e voltar para o Brasil.

Peguei o primeiro livro de romance que vi e o peguei para ler em duas semanas, sai da biblioteca e fui em direção ao campo, o dia estava lindo, exatamente como no dia que eu cheguei, eu olhei ao redor e era exatamente como meu sonho.

Eu estava com o novo roteiro em mãos, tinha me esforçado tanto, passei algumas noites sem dormir, mas o roteiro ficou impecável.

Pisquei algumas vezes e segui para o campo onde as líderes de torcida estavam ensaiando, quando cheguei Lina tentou me chamar e convencer a participar, mas disse não todas as vezes, eu não tinha a mínima condição de dançar e muito menos fazer tudo que elas conseguiam fazer, eu sou incrivelmente desastrada.

Era exatamente como eu precisava, ajustei a câmera e gravei algumas partes que elas faziam a coreografia.

— Haelyn estamos com um novo passo quer que a gente mostra como é? — Lina disse eu eu concordei sem nem pensar duas vezes.

A metade das meninas que participavam da líderes de torcida estavam ali menos Britanny e algumas de suas amigas, o clima estava bom.

— Obrigada meninas era exatamente o que estava precisando, valeu por toparem.

— Que nada Haelyn, quando ficar pronto pode me mandar? — Uma garota de cabelos curtos e óculos redondos disse, ela se chamava Raquel, ela era uma verdadeira querida, e tinha um estilo único, usava um delineado preto e um colar com um cristal na ponta, ela também tinha um sorriso contagiante.

— Claro Raquel, mando para vocês quando eu editar. — Ela sorriu agradecida, pegou a mochila e foi correndo para fora do campo.

Gravei outras partes do campo e algumas pessoas que corriam pela parte normal laranja, gravei algumas áreas verdes, e o céu milhares de vezes, gravei pontos chaves e o lugar que ficavam expostos os troféus de vários jogos ganhos, inclusive foi a primeira vez que finalmente consegui ver tudo da faculdade, essa era uma enorme vidraça no corredor da biblioteca, era cheio de troféus e fotos de diversos jogadores, líderes de torcida, pessoas que vieram que outros países estudar aqui e se formaram, Adler segurando um troféu... Calma o que?

Voltei na foto e resolvi gravar as diversas fotografias do time dele ganhando.

— Agora vai começar a ficar obcecada pelas minhas fotos? Se quiser acho que dá para agendar um sessão só para você se for assim, só marcar linda.

Eu deixei escapar um risinho e o encarei.

— É sério isso? — Fico séria antes de me virar para ele.

Ele está com o mesmo sorriso de sempre para mim, me espanta perceber que ele não sorri daquela forma para muita gente.

— Devia parar de me seguir Adler.  — Guardo a câmera em minha bolsa,

— Já conseguiu terminar o novo roteiro? Com aquela ideia que você me falou? — Ele encosta em uma pilastra perto dali e coloca as mãos nos bolsos da frente da calça.

— Acho que sim — Meu olhar retorna às milhares de troféus expostos. — Quero mostrar às pessoas isso. — Eu aponto para as fotos.

— O meu rosto? — Eu o encaro esperando o mesmo parar de rir.

— O por que de vocês jogarem, e ganharem, o porque de fazerem isso tão bem feito.

— E qual é a resposta?

— Vocês gostam do que fazem. — Ele tomba a cabeça levemente para o lado e encara suas fotos.

— E você? — Eu o encaro. — Gosta do que faz Haelyn?

— Gosto Adler. — Eu começo a andar para fora do lugar e Matthew me segue.

— Como começou? — Nos nos sentamos na escadaria do lado de fora, estava começando a vir o por do sol, o céu estava deslumbrante.

— A jogar? — Ele me questiona e eu aceno em afirmação com a cabeça.

— Eu e meu vô íamos a alguns jogos com minha avó quando eu era criança, com o tempo entrei para o time da escola e desde então nunca mais parei. — Ele olhou para mim com os olhos profundos e tristes, mas como se fosse uma lembrança boa, então ousei perguntar.

— Ele... — Adler assentiu com a cabeça.

— Ele se foi depois do meu primeiro jogo oficial. — Ele bagunça levemente o cabelo e olha novamente para mim, então eu digo:

— Sinto muito. — Eu o encarei e ele estava com um risinho em seu rosto, eu comecei a sorrir também, ele tinha um covinha.

— Quando começou a gostar de publicidade? — Ele me perguntou se aproximando.

— Com trabalhos da escola ai percebi que gostava... — Eu ri pois tinha me lembrado de algo engraçado.

— Uma vez eu gravei meu irmão gripado, com o nariz saindo catarro e fiz propaganda para um medicamento de alívio para nariz entupido. — Adler gargalhou e quase engasgou, não me aguentei e ri junto dele.

— Chamaram ele de meleca por quase um mês!

— Uma vez meu irmão me pegou fazendo cantadas para o espelho e contou para minha família inteira.

— Te chamaram do que? — Eu estava tentando não rir, mas estava impossível.

— Mat cantadas. — Eu ri como nunca, gargalhei.

O fim da tarde chegou tão rápido quanto nossas risadas, olhei para Adler e reconheci que ele era um garoto legal, reparei em seus covinha enquanto ainda riamos, ele então me olhou e mostrou seu sorriso branco e brilhante, eu ri ainda mais e por fim coloquei a mão em minha barriga que já estava doendo, olhei ao redor e me senti feliz pela primeira vez em dias desde a péssima notícia.

Continua...

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