Tinha evitado a biblioteca do campus desde que cheguei aqui, as vezes passava em frente mas nunca entrava, uma parte de mim sabia que se eu voltasse a ler seria para me ajudar a encarar algo que eu não pudesse controlar.
Eu rodei Santa Monica inteira nos últimos 14 dias procurando por algo, estava ajustando detalhes do roteiro e estive na sala do diretor umas vezes, não tinha nada a ser feito, não falavam qual o tipo dessas acusações, ou muito menos quem fizeram elas, eu precisava de um emprego e não tinha achado nada até agora.
Estava começando a me desesperar, estava começando a evitar minhas amigas, por que se eu falase com elas sobre esse problema significaria que ele era real e eu estaria cogitando a ideia de não conseguir um emprego de abandonar o meu sonho e voltar para o Brasil.
Peguei o primeiro livro de romance que vi e o peguei para ler em duas semanas, sai da biblioteca e fui em direção ao campo, o dia estava lindo, exatamente como no dia que eu cheguei, eu olhei ao redor e era exatamente como meu sonho.
Eu estava com o novo roteiro em mãos, tinha me esforçado tanto, passei algumas noites sem dormir, mas o roteiro ficou impecável.
Pisquei algumas vezes e segui para o campo onde as líderes de torcida estavam ensaiando, quando cheguei Lina tentou me chamar e convencer a participar, mas disse não todas as vezes, eu não tinha a mínima condição de dançar e muito menos fazer tudo que elas conseguiam fazer, eu sou incrivelmente desastrada.
Era exatamente como eu precisava, ajustei a câmera e gravei algumas partes que elas faziam a coreografia.
— Haelyn estamos com um novo passo quer que a gente mostra como é? — Lina disse eu eu concordei sem nem pensar duas vezes.
A metade das meninas que participavam da líderes de torcida estavam ali menos Britanny e algumas de suas amigas, o clima estava bom.
— Obrigada meninas era exatamente o que estava precisando, valeu por toparem.
— Que nada Haelyn, quando ficar pronto pode me mandar? — Uma garota de cabelos curtos e óculos redondos disse, ela se chamava Raquel, ela era uma verdadeira querida, e tinha um estilo único, usava um delineado preto e um colar com um cristal na ponta, ela também tinha um sorriso contagiante.
— Claro Raquel, mando para vocês quando eu editar. — Ela sorriu agradecida, pegou a mochila e foi correndo para fora do campo.
Gravei outras partes do campo e algumas pessoas que corriam pela parte normal laranja, gravei algumas áreas verdes, e o céu milhares de vezes, gravei pontos chaves e o lugar que ficavam expostos os troféus de vários jogos ganhos, inclusive foi a primeira vez que finalmente consegui ver tudo da faculdade, essa era uma enorme vidraça no corredor da biblioteca, era cheio de troféus e fotos de diversos jogadores, líderes de torcida, pessoas que vieram que outros países estudar aqui e se formaram, Adler segurando um troféu... Calma o que?
Voltei na foto e resolvi gravar as diversas fotografias do time dele ganhando.
— Agora vai começar a ficar obcecada pelas minhas fotos? Se quiser acho que dá para agendar um sessão só para você se for assim, só marcar linda.
Eu deixei escapar um risinho e o encarei.
— É sério isso? — Fico séria antes de me virar para ele.
Ele está com o mesmo sorriso de sempre para mim, me espanta perceber que ele não sorri daquela forma para muita gente.
— Devia parar de me seguir Adler. — Guardo a câmera em minha bolsa,
— Já conseguiu terminar o novo roteiro? Com aquela ideia que você me falou? — Ele encosta em uma pilastra perto dali e coloca as mãos nos bolsos da frente da calça.
— Acho que sim — Meu olhar retorna às milhares de troféus expostos. — Quero mostrar às pessoas isso. — Eu aponto para as fotos.
— O meu rosto? — Eu o encaro esperando o mesmo parar de rir.
— O por que de vocês jogarem, e ganharem, o porque de fazerem isso tão bem feito.
— E qual é a resposta?
— Vocês gostam do que fazem. — Ele tomba a cabeça levemente para o lado e encara suas fotos.
— E você? — Eu o encaro. — Gosta do que faz Haelyn?
— Gosto Adler. — Eu começo a andar para fora do lugar e Matthew me segue.
— Como começou? — Nos nos sentamos na escadaria do lado de fora, estava começando a vir o por do sol, o céu estava deslumbrante.
— A jogar? — Ele me questiona e eu aceno em afirmação com a cabeça.
— Eu e meu vô íamos a alguns jogos com minha avó quando eu era criança, com o tempo entrei para o time da escola e desde então nunca mais parei. — Ele olhou para mim com os olhos profundos e tristes, mas como se fosse uma lembrança boa, então ousei perguntar.
— Ele... — Adler assentiu com a cabeça.
— Ele se foi depois do meu primeiro jogo oficial. — Ele bagunça levemente o cabelo e olha novamente para mim, então eu digo:
— Sinto muito. — Eu o encarei e ele estava com um risinho em seu rosto, eu comecei a sorrir também, ele tinha um covinha.
— Quando começou a gostar de publicidade? — Ele me perguntou se aproximando.
— Com trabalhos da escola ai percebi que gostava... — Eu ri pois tinha me lembrado de algo engraçado.
— Uma vez eu gravei meu irmão gripado, com o nariz saindo catarro e fiz propaganda para um medicamento de alívio para nariz entupido. — Adler gargalhou e quase engasgou, não me aguentei e ri junto dele.
— Chamaram ele de meleca por quase um mês!
— Uma vez meu irmão me pegou fazendo cantadas para o espelho e contou para minha família inteira.
— Te chamaram do que? — Eu estava tentando não rir, mas estava impossível.
— Mat cantadas. — Eu ri como nunca, gargalhei.
O fim da tarde chegou tão rápido quanto nossas risadas, olhei para Adler e reconheci que ele era um garoto legal, reparei em seus covinha enquanto ainda riamos, ele então me olhou e mostrou seu sorriso branco e brilhante, eu ri ainda mais e por fim coloquei a mão em minha barriga que já estava doendo, olhei ao redor e me senti feliz pela primeira vez em dias desde a péssima notícia.
Continua...
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Jogada perfeita
RomanceHaelyn Blake sempre sonhou com o dia em que entraria na faculdade dos seus sonhos, bem longe do Brasil. Após conseguir finalmente a aprovação na faculdade de publicidade na Califórnia ela se sente realizada, mas nem tudo vai ser mil maravilhas, ela...