06 - Isso não pode estar acontecendo

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Pego minhas chaves, ajeito o cabelo e a minha roupa. Vou em direção a porta e desço o lance de escadas.

Dois dias tinham se passado desde o meu primeiro dia de aula.

— Boa tarde Jad.

— Boa tarde! E bom passeio.

— Obrigada.

Estou na rua e os barulhos da cidade me atingem.

Sigo em frente a duas quadras do campus olhando em volta, eu já estava me acostumando aos poucos.

O ar fresco bateu em meu rosto e eu sorri me sentindo viva, andei por um tempo e finalmente avistei o mercado que eu iria fazer compras.

Fui surpreendida por um cachorro que havia acabado de pular em minha frente, eu amava animais, principalmente cachorros apesar de nunca ter conseguido ter nenhum.

O cachorro em minha frente era um Husky siberiano ele parecia feliz por que abanava o rabo de um lado para o outro, agachei em sua frente e passei a mão pelos pelos macios.

— Ei o que você tá fazendo aqui em? — Olhei para seu pescoço e vi uma coleira com um nome escrito na frente, Brutos, o nome claramente não combinava em nada, o cachorro era um amor.

É quase um milagre, ele parece ter gostado de você. — Eu assusto com a voz atrás de mim, rouca e grave mas bonita.

Então eu me viro e me levanto, Brutos se levanta junto e continua ao meu lado abanando o rabo, o dono da voz é incrivelmente lindo.

E ele é o garoto da faculdade, Matthew Adler, de perto ele era muito alto, e eu era alta para a média de garotas, eu tinha 1,72, ele lança um olhar penetrante em minha direção parecendo estar feliz e ao mesmo tempo um pouco surpreso, o sol agora bate um pouco em seu rosto fazendo com que seus olhos verdes fiquem ainda mais bonitos, ele passa a mão atrás da cabeça na tentativa de arrumar o cabelo, não que precisasse, os fios rebeldes o deixavam mais bonito, já citei que ele é lindo? E que ele de repente abriu um sorriso em minha direção?

— Quase um milagre? — Pergunto.

— Geralmente ele não gosta de ninguém. — Eu quase dou uma risada sincera com sua fala, mas duas pessoas passam do nosso lado fazendo com que Brutos mostre os dentes para as pessoas.

— Brutos, senta. — O cachorro incrivelmente segue a ordem e fica entre nós dois.

— Sou Matthew, é da faculdade daqui não é? Acho que já te vi lá.

— Sim, me chamo Haelyn. — Eu aperto sua mão que estava estendida para mim e sorrio.

— Estava indo para o mercado? — Ele aperta um pouco mais a coleira de Brutos em sua mão.

— Sim, você também? — Ele assente e olha ao redor, depois começamos a andar já que estávamos indo na mesma direção.

— Mandou bem com a Britanny. — Eu olho para ele, Matthew estava lá naquele momento?

— Obrigada, mas acho que ela não vai me deixar em paz.

— Talvez, pelo menos até você virar veterana.

— Estuda lá tem muito tempo?

— Dois anos, você é brasileira, não é?

— Sim, como sabe? — Então ele vira e diz claramente em português:

— Eu também sou. — Podia jurar estar chocada até demais.

— Seu inglês é muito bom! Eu nem percebi.

— Mudei quando criança para cá, por isso.

— Entendi.

Entramos no mercado, ele deixa Brutos num espaço próprio para colocar a coleira de animais, e pela minha surpresa ele continua a caminhar do meu lado, ele coloca as mãos no bolso da frente da calça, pego um carrinho e ele uma cesta, mas algo o impede de seguir ao meu lado de novo.

— Matthew o quarterback? — Três meninas e um garoto chegam perto dele, Matthew agora olha sério, não era da mesma forma que ele estava comigo a segundos atrás, ele assente com a cabeça, uma garota parecendo ter em torno de 14 anos da uns pulinhos de animação e pega uma caneta no seu bolso e uma folha.

— Pode dar um autógrafo por favor? É uma foto? E um beijo para meu tio... — Eu estava um pouco ocupada e pensei que aquilo não necessitava muito da minha presença, eu o olho e ele me encara, indico com a cabeça que vou seguir em frente e ele assente, parecendo no fundo querer que alguém o ajudasse a sair dali.

Começo pegando coisas mais necessárias e depois algumas besteiras, eu fico surpresa quando vejo uma parte de comidas de outros países, vou atrás de arroz e feijão, agradeço mentalmente a Deus quando acho, nunca pensei que ficaria tão feliz em achar arroz e feijão.

Um tempinho depois eu estava no caixa, que não tinha nenhum atendente por que era tudo você mesmo que fazia, então passei as compras e as embalei em duas sacolas enormes.

Ando em direção a saída e cruzo um corredor, mas esbarro em uma superfície alta e rígida, ou melhor, com Matthew, me afasto por um momento e apoio minha mão em seu antebraço para que eu não caia, segundos depois me afasto e volto ao normal.

— Me desculpa. — Eu disse erguendo um pouco a cabeça para ver seu rosto.

— Tudo bem. — Ele diz e nossos olhares se cruzam, e ele diz após ver minha sacolas:

— Quer uma ajuda? — Eu estou prestes a aceitar, mas de repente um fotógrafo aparece tirando fotos dele é o perguntando sobre seus próximos jogos.

— Até mais. — Eu digo e me afasto sem olhar para trás.

Quando chego no dormitório a segunda coisa que faço depois de guardar as compras é pesquisar seu nome na internet,

Encontro várias informações, fotos dele em eventos chiques, milhares de entrevistas, eu fico chocada, ele é praticamente uma celebridade.

Fecho o notebook ainda surpresa e escuto batidas na porta.

— Pode entrar. — Gwen aparece quase correndo para o meu lado com o celular na mão, ela parecia em choque.

— Você estava com o Matthew hoje?

— Sim, e aliás, ele é praticamente uma celebridade, acabei pesquisa... — Ainda bem que eu estava sentada, por que podia jurar que minha pernas me deixariam se eu estivesse em pé.

Gwen estava com o celular apontado para mim com uma foto de segundos depois de eu esbarrar em Matthew, parecendo que éramos um casal, com o título da matéria "Matthew aparenta finalmente estar com alguém, quem será essa garota que agarrou o coração do jogador mais disputado?"

— Isso não pode estar acontecendo. — Minha voz quase nem sai direito.

Continua...

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