14 - você se acha demais

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Faltavam exatamente 7 dias para eu conseguir arrumar um emprego, ou então poderia dar adeus a minha faculdade na Califórnia.

Sentei no degrau do campo que eu já estava costumada e abri meu livro, dessa vez o campo enorme estava vazio e tudo estava silencioso. Abri as primeiras páginas do meu livro favorito, eu o estava relendo pela 4º vez, quando as coisas começam a ir mal, ou fora do meu controle, eu o leio.

Eu tinha levado tantos não que estava acostumada quando mais uma notificação chegou ao meu celular, outra empresa me rejeitando, sério? Ninguém precisando de uma funcionária? Ou só não me acham capaz por que vim de outro país?

Bufei novamente e virei para a próxima página, deveria estar correndo tudo bem como nos cenários que eu criava antes de dormir, agora tudo está confuso, e doido.

Uma parte de mim estava se questionando quem teria feito as acusa sobre mim? Britanny? Ela seria tão má assim? Não, seria possível...

Algumas gritarias, estavam mais para ordens que começaram a surgir no campo. Ótimo os jogadores de futebol americano estavam começando seu treinamento diário. Eu poderia ter jogar fora tudo e deixar as coisas como estão, mas resolvi acabar a campanha e mandar para o senhor Smith, eu deveria estar indo agora apresentar o projeto a ele, mas parece que nada tem mais sentido, vou apresentar para ele e depois? Ele gostando ou não minha única alternativa de ficar nesse lugar é conseguindo um emprego e me desdobrar com qualquer salário possível.

Avanço em mais um capitulo do livro, eu deveria estar indo para minha última aula do dia, mas nada estava me fazendo querer ir, apesar disso relembrei que estar aqui era meu sonho e agora que eu estou mesmo que seja por pouco tempo, eu deveria aproveitar.

Coloco o marca página no livro e subo as escadas em direção à minha sala, ignorando alguns dos olhares de Matthew Adler sobre mim. Acho que até mesmo de suas implicâncias eu sentiria falta.

A aula era de inglês, confesso que não é minha matéria favorita, mas tinha facilidade, me distraio um pouco e pego o celular do bolso, noto uma mensagem do Dylan, ele estava me perguntando se eu estava nervosa para a apresentação, eu disse que não e então desliguei o celular.

Ele já tinha me chamado para sair essa semana umas três vezes e em duas já havia dito que não por conta do projeto, não queria que ele levasse nossa relação além da amizade.

*

— É perceptível senhorita Haelyn, o seu grande desempenho nessa trabalho, qual foi sua proposta?  — Eu estava cara a cara com senhor Smith.

— A verdade senhor Smith é que eu deveria mostrar... — Eu respiro algumas vezes. 

— Eu mostrei oque motivam as pessoas a jogarem, a fazerem o que for necessário para ganharem esses jogos, a essência está em cada um dos jogadores os motivando a continuar para ganharem, a essência está nas líderes de torcida que são tão habilidosas e mostram seu talento a todo momento, a essência está em cada foto, em cada troféu exposto nesta faculdade, a essência está em todo lugar, e a essência dos meus trabalhos é a essência que eu tenho de fazer o melhor que eu consigo, é de eu tentar... — Dou uma pausa mas logo volto a falar novamente.

— Um time é um todo, as pessoas querem ver isso, querem se sentir mais próximas, como se participassem tanto quanto os jogadores, seria importante o time, acompanhar projetos solidários, campanhas, uma comunicação direta com a pessoas, o que eu quero dizer é que existe um pilar que são sustentados por algumas coisas, acredito que para essa publicidade seria necessário três delas. A primeira a essência nos jogadores, mostrar o que motivam eles, as fotos, os troféus, a segunda são quem apoiam esses jogos, a terceira coisa, as pessoas que assistem os jogos, elas querem ver seu time favorito arrebentar naquele campo, querem fazer parte disso de alguma forma, seria fundamental se os jogadores pudessem fazer parte também no meio das pessoas. — Eu respiro fundo e espero ansiosa as próximas palavras o senhor Smith, que me olha sem expressar reação, seus cabelos escuros crespos, alguns são brancos, mas em geral é um senhor novo, sua pele escura é valorizada c seu traje cor de cerâmica, ele ajeita seus óculos quadrados e finalmente se prepara para dizer alguma coisa.

— Deslumbrante, deslumbrante senhorita Haelyn, meus parabéns.

Eu estava com pura ansiedade para prestar atenção no resto das coisas que ele falava antes de sair, escutei coisas como "ainda vai se orgulhar muito de si", ele fechou seu caderno e se levantou da cadeira.

— Até mais senhorita Haelyn. — E não fechou a porta atrás de si quando saiu.

Eu me sentei na primeira cadeira que vi e relaxei, comecei a sorrir para o teto, eu tinha conseguido, foi um sucesso, pelo menos às ultimas coisas que eu faria na faculdade seria com um ótimo desempenho.

Sai da sala e senti algo pesado passar pelo meu ombro, quase como um choque.

— Devia olhar por onde anda sabia? Deve estar mesmo louca por mim, não para de esbarrar comigo. — Matthew Adler estava na minha frente me encarando.

— Ai meu Deus, como descobriu? — Ele sorri com o meu fingimento.

— Mandou bem na apresentação. — Eu o olho surpresa.

— Estava me espiando Adler? — Ele deu ombros e logo em seguida explicou:

— Tive de vir na sala ao lado e parei para escutar. — Ele cruzou os braços, sua jaqueta verde musgo deixou linhas marcadas com o movimento.

Eu iria fazer uma brincadeira mas então escutei duas vozes no corredor, pareciam ser de Dylan e Britanny.

Instantaneamente peguei o braço de Adler e o puxei para dentro da sala que eu estava a poucos momentos como o senhor Smith.

— O que tá acontecendo? — Adler sussurrou.

— Shi! — Sussurrei de volta, escutei os passos junto das vozes se afastarem mais e mais, e então percebi estar quase colada em Matthew, eu estava com minha mão em seu peito e ambos agora estávamos olhando um para o outro.

— É... — Eu disse me afastando bruscamente.

— O que aconteceu? — Ele pergunta colocando as mãos no bolso da frente da calça jeans.

— Não quero esbarrar com ele pelos corredores, tem alguns dias que... eu tenho evitado ele, tipo — Eu faço gestos com as mãos. — Ele tem me chamado para sair e eu digo que não, mas ele não para de me perguntar. — Ele começa a rir e então eu me junto na risada.

— Vou fingir que não é só mais uma desculpa para ficar perto de mim, afinal está louca por mim. — Ele se aproxima e eu o olho de relance.

— Já te falaram que você se acha demais? Ou ser um jogador famoso só eleva mais seu ego? — Eu sorrio.

— Ah é isso que você acha? — Ele se aproxima mais.

— Sim. — Me lembro de respirar.

— Ah é? — Ele se aproximou mais, porém o sinal tocou então nos afastamos rapidamente.

Nos separamos no corredor dizendo apenas uma despedida amigável.

Continua...

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