1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)

Capítulo Um

Naquela manhã, iniciei meu dia com um tranquilo passeio pelo jardim na companhia dos meus três gatos. Antes, éramos quatro, mas um deles desapareceu. Percebi que não fui a única a enfrentar essa situação. Minha vizinha, Anna Miller, que mora a cerca de cinco quilômetros daqui, também relatou o sumiço de seus dois cachorros. Apesar desse acontecimento desagradável, recordo claramente daquele dia. Sentei na grama ao lado das minhas plantas e as observei por um bom tempo. Uma brisa suave balançava meus cabelos, enquanto apenas alguns ruídos ecoavam do bosque próximo. Embora um tanto assustador, já estava acostumada, eram apenas os sons naturais das árvores.

Há três anos, moro nesta casa de campo nos Alpes suíços, um lugar verdadeiramente encantador.Após cuidar do meu jardim, ouvi um som estranho vindo do bosque. Assustada, acabei pisando no rabo do meu gato, que saiu correndo para dentro de casa. Ao segui, percebi que ele havia desaparecido.

Sentei na varanda, observando a rusticidade da casa de pedra, cujas janelas de madeira filtravam a luz suave do sol. O telhado inclinado, adornado com antigas telhas desgastadas, transmitia uma sensação de conforto e proteção. Todos os dias, à mesma hora, por volta das 17:55, eu frequentava a varanda para assistir o espetáculo do pôr do sol, um momento de paz que me reconfortava.

Mais uma vez, ouvi o ruído, por um instante, pensei ter ouvido o Sr. Big, o meu gato desaparecido. Fiquei muito curiosa e queria investigar, mas tinha muitas coisas para fazer naquele dia. Então, encarei o bosque escuro por alguns instantes quando eu vi ele.

—Milt? Onde você se escondeu? — Minha voz ecoou em meio à ansiedade enquanto eu corria para o exterior, ansiando reencontrar meu gato. O estranho ruído ressoava, guiando na direção do bosque. A cada passo, a intensidade do som aumentava. Ao finalmente chegar à margem da floresta, Milt e o Sr. Big saíram das profundezas sombrias. De repente, tudo se acalmou, dando lugar a uma quietude pacífica, lembrando da tranquilidade que antes habitava aquele local.

Um arrepio percorreu meu corpo quando segurei Sr. Big nos braços, preocupada com seu bem-estar. Aproximei-me de Milt, sentindo um misto de alívio e saudade preencher meu coração. —Como senti sua falta— sussurrei, abraçando. Porém, ao chegar à varanda, o insistente toque do telefone na cozinha interrompeu o momento.

Ao atender a chamada, minha avó expressou sua preocupação, e um sorriso se desenhou em meus lábios ao ouvir sua voz amorosa. Apesar da distância física, o vínculo afetivo permanecia inabalável, me dando um conforto. E assim, entre risos e preocupações cotidianas, encerrei a conversa, deixando envolver novamente pelo silêncio da tarde daquele dia.