Capítulo Treze

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No dia seguinte, durante o café da manhã, Marco, com uma expressão curiosa, apontou para o roxo em meu queixo. Eu inventei uma desculpa sobre uma queda que tive no banheiro na noite anterior. Marco aceitou minha explicação, mas logo mencionou que precisava passar em sua casa para buscar algumas coisas depois do café. Naquele momento, uma oportunidade brilhou diante de mim.

Assim que vi Marco fechar a porta atrás de si, me apressei em direção às escadas, ansiosa para aproveitar o tempo sozinho. No entanto, antes que eu pudesse alcançar a porta, ela se abriu mais uma vez, revelando Marco parado ali.

—Lenar? Você chegou tão rápido, para uma pessoa que estava mancando. — disse ele com um tom de surpresa, enquanto uma mecha de seu cabelo loiro e liso era agitada pelo vento que penetrava pela porta entreaberta. Seu olhar, mais uma vez, expressava uma certa desconfiança, fazendo sentir como se minha tentativa de escapar fosse totalmente transparente aos seus olhos.

— É que estou muito apertada preciso ir ao banheiro. E você, por que voltou? — ele foi em direção à sua bolsa.

— Eu só vim checar minha bolsa, acho que esqueci algo. — ele murmurou rapidamente, sentindo a necessidade de uma desculpa convincente enquanto meu coração batia acelerado.— Ah, tudo bem. Eu vou subir então. Até mais. — responde Marco, parecendo distraído. Subi apressadamente, ansiosa para me afastar antes que ele pudesse suspeitar de algo.  Olhei pela janela do quarto de hóspedes e vi Marco saindo com seu carro.

Sozinha em casa, fui surpreendida por um som familiar  pelos cômodos, despertando minha curiosidade. Decidi investigar e, com passos cautelosos, andei até meu quarto, preparada para confrontar o desconhecido. Ao entrar o ambiente, deparei com o Quebra-Nozes exatamente onde o havia deixado, mas sua presença ali era inexplicável. Apesar das emoções que me dominava, decidi continuar, determinada a não permitir que aquela estranha aparição me intimidasse.

Então desci e comecei a cavar um buraco para colocar a caixa. Eu passei uns vinte minutos cavando o buraco. Cada ruído ao redor me deixava mais apreensiva, mas eu precisava terminar aquilo antes que ele aparecesse. Disfarcei colocando algumas flores em cima. Quando ouvi a porta se abrindo. Marco chegou muito rápido. Continuo disfarçando, como se estivesse plantando. Levanto e pego o regador, enchendo na torneira próxima.

Quando ouvi a porta se abrindo, meu coração acelerou.

—Plantando? — ele perguntou para mim.

—O que você acha? —respondi sarcasticamente.

—Você vive nesse jardim. O que tem de especial nele? — ele começou a andar perto da caixa que acabei de enterrar. Eu senti medo, não sabia como ele reagiria ao descobrir o que estava ali.

—Nada de mais para você, mas para mim é muito especial.— o silêncio toma conta.

—Enfim vou entrar, eu tenho que fazer algumas coisas ainda.—ele volta para casa. Quando fico por alí mesmo.

Mas tarde, sentada em um banco virado para uma lagoa, via as libélulas voando sobre o lago. Recapitulava em minha mente todos os passos que eu tinha que tomar. O primeiro passo era visitar minha avó, mas eu precisava manter minhas verdadeiras intenções em segredo de Marco. Desde que acordei, percebi que o telefone da minha casa estava sem sinal, o que me fez suspeitar que ele tivesse manipulado minhas formas de comunicação.  Felizmente, tenho uma noção parcial da verdade por trás de tudo isso. Foi então que uma ideia surgiu: dar calmante para Marco, fazendo com que ele dormisse por algumas horas. Meu plano era voltar depois para reunir evidências que o incriminassem por todas as coisas que ele havia feito.

1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora