Capítulo Dez

0 3 0
                                    

—Marco? — observo ele subindo as escadas com uma bandeja.

—Ah, você acordou. —ele me encara, depois coloca a bandeja em cima da cama.

—Eu, eu não sei o que dizer. O que você está fazendo aqui? — gaguejo, me afastando dele, mas fico encurralada contra a janela.

—O que você acha? Estou cuidando de você, como o seu avô pediu. —ele se aproxima mais de mim e cruza os braços. Eu só fico me perguntando o que te levou até o bosque. Você não sabe que lá é perigoso demais? Teve sorte que te encontrei caída no chão.— ele passa a mão no cabelo dele.

Eu estava extremamente confusa naquele momento. Minhas lembranças eram do meu avô cuidando de mim, e o Marco que estava no bosque. Caio no chão com a mão na cabeça, confusa demais para entender. Já não sabia o que pensar, não sabia onde estava o meu avô. Eu precisava sair dali.

—Lenar, preciso te dizer — Ele toca em meu braço e eu o afasto de mim. Levanto. Ele mantém os olhos fixos em mim, mas logo faz um gesto de negação quando desvia o olhar. Onde está o meu avô, Marco! —exclamo em voz alta. Marco não diz nada, e o silêncio toma conta. Ele era um homem com personalidade forte, que sabia se impor. Porém, seu temperamento era explosivo.

—Só me diga onde está o meu avô? — cruzo os braços.

—Lenar, seu avô faleceu.

Eu entrei em choque, não acreditei no primeiro momento. Foi quando eu gritei de dor. Chorando, eu perguntei a ele.

—Quando? Quando foi? E minha avó, como está? —continuo chorando.

—Sua avó não está muito bem, já faz dias que ela não aparece na vizinhança. E isso já faz dois meses — fico espantada, pois não se passou apenas dias, mas sim meses.

—Olha, se acalma, eu estou aqui e vai ficar tudo bem. Só não dificulta as coisas, tá? —ele entrega a xícara com um chá para mim. Mas ainda continuo a chorar. Eu estava sem chão.

Já havia se passado sete horas desde que recebi a devastadora notícia do falecimento do meu amado avô. Eu e o Marco estávamos na sala. No silêncio pertubante. As minhas lágrimas não cessaram, e a dor ainda dilacera minha alma. Além disso, a desconfiança em relação a Marco persiste, mas diante da urgência, concordei em colaborar com ele. Eu precisava elaborar um plano para escapar daquela casa maldita. E além disso, o peso da perda e a atmosfera sombria estava sobre a casa. Então Marco decide abrir a boca:

-—Lenar, estou saindo para o mercado. Volto logo. E não se preocupe, só fique tranquila aí, tudo vai dar certo. —disse ele, pegando as chaves do carro na bolsa, que estava ali no sofá.

Depois que ele saiu, esperei uns minutos para ter certeza de que ele não voltaria correndo por alguma coisa esquecida. Então fui dar uma olhada na bolsa dele. Não tinha muita coisa útil, só uns papéis de bala, um isqueiro, uma caderneta e... — Ah! A carta que eu estava procurando! — exclamei, feliz por ter encontrado.

1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora