Capítulo Dezesseis

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- Uau, estou realmente impressionada. Você realmente se dedicou e fez todo o seu trabalho de casa. É sério, nunca pensei que você se tornaria um adversário tão formidável. Costumava vê-la como alguém vulnerável, sempre lamentando a perda dos seus pais. É bom ver que cresceu e usou a sua inteligência. Mas é uma pena que tenha escolhido o lado errado.- Ela se senta no sofá, continuando com um sorriso malicioso. -Deixe-me te contar algo, querida. É bem possível que você não saia bem dessa situação.-Suas palavras me atingem em cheio, enquanto lágrimas começam a escorrer dos meus olhos, paralisando meu corpo por completo.

-Primeiro, seu avô por ser
excessivamente compassivo, ele parou todo o trabalho que construímos ao longo dos anos, por causa de alguns animais idiotas- ela levanta furiosa. Você tem ideia de quanto tempo gastei para construir aquela fábrica? E quantos riscos tive que correr? Pois bem, seu avô destruiu tudo. Desde o início deste ano, aquele velho tem me dado problemas. Remédio após remédio. Eu não tinha mais vida social! Apenas cuidando daquele velho rabugento. E quando finalmente tomei as rédeas e decidi agir do meu jeito, ele impediu Marco de enviar a carta para buscar apoio para essa maldita fábrica. -ela grita. - A sorte foi que dei um jeito naquele velho arrogante. Se ele não tivesse aparecido na sua casa naquela noite, estaria vivo agora. Mas ele me viu, e você viu o Marco. Então, não tive escolha a não ser agir rápido.

-Você... você o matou?-Minhas palavras saem em meio ao choro.

-Querida, eu apenas o deixei descansar, algo que ele precisava há muito tempo.- Ela toca meu rosto suavemente, tentando confortar-me.

-Mas voltando ao assunto, eu já havia encontrado a solução para o problema desse maldito ruído da fábrica. Após meses de pesquisa, descobri que os ultrassons são ondas sonoras de alta frequência que não são audíveis para os seres humanos, mas podem ser percebidos por muitos animais, especialmente mamíferos e alguns insetos. É bem provável que você tenha ouvido por causa do seu aparelho auditivo.

As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto. Seus olhos encontram os meus com uma expressão de remorso. -Esse problema surgiu porque seu avô instalou de forma clandestina e indevida na região, emitindo sons que atraem os animais. Então tudo isso foi culpa dele! Se ele tivesse me ouvido... Mas não, ele queria algo que não custasse dinheiro. Velho idiota!- Com um gesto de raiva, ela chuta a mesa, fazendo o vaso quebrar em pedaços.

-Sabe, estou pensando em arrumar minhas malas e passar um tempo na sua casa, para passarmos um tempo juntas como neta e avó. Já que não posso mais confiar naquele tal de Marco. Como aquele idiota permitiu que você escapasse? Bem dizem que se quer algo bem feito, faça você mesmo.-Ela suspira com frustração. -Enfim, não se mexa, embora isso seja meio impossível. -Um riso irônico escapa de seus lábios enquanto se afasta, seus passos já distantes. O silêncio se instala ao meu redor, junto com as lágrimas que rolam pelo meu rosto. Sinto que não tenho mais como sair dessa situação.

Horas se arrastaram desde que cheguei à casa de... bem, de Annelise. Imaginava que Marco já teria acordado e fugido para longe. A única coisa que quebrava o silêncio era o constante tic-tac do relógio de parede, marcando os minutos enquanto eu permanecia paralisada. O dia já estava avançado, mas meu corpo não reagia. Foi então que ouvi o som da janela se abrindo atrás de mim. Incapaz de me virar, senti o pânico crescer quando, sem aviso, uma mão cobriu minha boca.

1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora