Capítulo Cinco

4 6 10
                                    


A manhã após a noite agitada chegou com uma calmaria tensa. Enquanto os primeiros raios de sol timidamente iluminavam a sala, despertei no sofá com os ecos dos eventos perturbadores ainda frescos em minha mente. O toque insistente de minha avó na janela trouxeram de volta à realidade.

—O que vocês estão fazendo aqui?— abrir a porta sonolenta, tentando entender a presença inesperada dos meus avós do lado de fora da casa.

—É assim que você recebe os seus avós?— repreendeu minha avó com uma expressão preocupada, adentrando a casa sem esperar convite, como se a urgência do momento a impulsionasse.

—E-eu vim consertar a torneira! Na verdade, meu amigo veio... o Marco Hell.—tentei disfarçar a surpresa ao vê-lo ali, mas a tensão já estava no ar.

Marco sorriu calorosamente ao entrar, carregando sua caixa de ferramentas como um escudo contra o desconhecido. Sua presença trouxe um estranho conforto, mas também uma sensação de alerta, como se os eventos da noite anterior ainda estivessem pairando sobre nós.

—Ahn, sim. Eu não imaginei que vocês viriam... na verdade, não fiz nada ainda. Mas fiquem à vontade.— murmurei, tentando parecer calma enquanto eles entravam. Minha mente estava ocupada tentando reconstruir os eventos sombrios que haviam se desenrolado naquela noite turbulenta.

Enquanto meu avô e Marco debatiam sobre a localização do banheiro, o murmúrio distante da minha avó na cozinha ecoava como um lembrete das responsabilidades que eu evitei naquele momento de crise. Eu permanecia na sala, distante em meus próprios pensamentos, observando a janela aberta.

—Lenar, você está bem?—Meu avô se aproximou, sua voz suave quebrando o silêncio tenso que pairava sobre nós.

—Estou sim. Apenas estou com sono, não dormi bem esta noite. —respondi, tentando disfarçar o desconforto que me consumia por dentro.

—Qualquer coisa, estou aqui. Você sabe que eu te amo muito.—ele me fez sorrir, mas o sorriso não alcançou meus olhos, ainda assombrados pelos eventos da noite anterior.

—É que eu ouvi uns sons estranhos esta noite e fiquei com medo. — evitei em compartilhar os detalhes perturbadores que havia descoberto.

— Você deve ter ouvido algum animal. Nessa época é muito comum as cabras montanhesas visitarem nossas casas. Lembro até de uma vez em que sua avó se assustou com uma. Ela fez um maior escândalo. — meu avô tentou disfarçar minhas preocupações com uma risada, mas o medo ainda estava em minha mente.

—Ah, bem, eu não sei por onde começar... —desviei o olhar enquanto buscava coragem para enfrentar a verdade oculta. Meu coração batia acelerado, ciente de que minhas palavras poderiam mudar o rumo da minha história.—Espera só um minuto, vou buscar no meu carro as coisas que queria te mostrar. — anunciei, tentando disfarçar a agitação.

Quando fui pegar minha chave do carro, notei que não estava no lugar onde eu a deixei na noite anterior. Estava do lado de fora.

—Acho que esqueci aqui fora ontem.—Embora tenha achado estranho, decidi ignorar isso. Afinal, o dia anterior foi tão caótico que perder a chave parecia ser o menor dos meus problemas naquele momento. Finalmente cheguei ao carro e quando alcancei minha bolsa, meu coração disparou ao perceber que a carta não estava mais lá.

1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora