1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)

Capítulo Quinze

- Onde está o Marco? Desde que ele te encontrou na floresta, ele se ofereceu para cuidar de você. Ele é um bom rapaz. - Minha avó me encara com seriedade, suas palavras carregadas de confiança.

Eu encontro seus olhos fundos e atentos, tentando entender a sua versão e a que Marco me contou. É estranho ouvi-la afirmar que foi ele quem se ofereceu para cuidar de mim, quando na verdade ele disse que foi meu avô quem o instruiu a fazê-lo.

- Não, vó, ele não é um bom rapaz! Ele tem mentido esse tempo todo. - Minha voz sai firme, mas tingida com uma ponta de desespero ao ver a expressão de surpresa e incredulidade se formar no rosto da minha avó.

-Como assim? -Ela me puxa para dentro da casa, seu rosto mostrando preocupação enquanto me leva até a sala de estar.

-Só um minuto, vou pegar algumas coisas para a gente comer.- Ela murmura antes de se dirigir à cozinha.

Após alguns minutos de espera tenso, ela retorna com uma bandeja de biscoitos e uma xícara fumegante de chá, o aroma delicioso envolvendo o ambiente enquanto ela coloca tudo sobre a mesa.

- Vó, preciso te contar algo muito sério. -Começo, minha voz tremendo com a gravidade das palavras. -Meu avô estava envolvido em algo ilícito. Descobri que há apenas duas fábricas desse tipo espalhadas pelo mundo: uma nos Estados Unidos, outra na China, e a terceira seria aqui. Infelizmente, não conseguiram dar prosseguimento ao plano. Acredito que os animais foram atraídos pelo barulho ou algo do tipo. E o que é mais chocante, Marco estava envolvido nisso. Ele era o mensageiro do meu avô. Para não levantar suspeitas, meu avô pedia para que Marco entregasse as cartas. Um dia, descobri uma dessas cartas e ele veio até minha casa. Desde então, coisas estranhas têm acontecido. - Sinto meu peito apertar enquanto deixo as palavras fluírem rapidamente, o medo e a incerteza pesando sobre mim.

Após minha confissão, um silêncio pesado fica sobre nós, meu coração batendo descontroladamente no peito enquanto espero pela reação da minha avó. Ela está em choque, então suspira profundamente antes de se levantar, incapaz de articular uma palavra.

-Então quer dizer que seu avô andou mentindo para mim o tempo todo? Que velho miserável! -Minha avó exclama, sua voz carregada de indignação e mágoa. Sinto o impacto de suas palavras como um soco no estômago, a dor da traição ecoando em cada sílaba.

-Eu entendo que a senhora possa estar surpreendida com isso, mas não seja como ele.-Tento acalmar o clima tenso, mas minhas próprias emoções estão à flor da pele. Minha avó se move atrás de mim, e sinto seu apoio silencioso me envolver como um abraço reconfortante em meio ao caos emocional.

- O que você fez? - Minha voz sai trêmula, enquanto meu corpo parece perder o controle.

- Apenas apliquei algo para te deixar mais relaxada, se é que você me entende - Ela responde com calma, mas há um brilho estranho em seus olhos quando mostra a seringa, fazendo meu coração acelerar com uma sensação de pavor crescente.