Capítulo Onze

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Subindo as escadas devagar, me peguei pensando em como tantas coisas pareciam confusas. Meus gatos vieram junto comigo, como sempre. Sentei à minha mesa e comecei a folhear as anotações que ele tinha feito naquela caderneta que eu peguei. Foi então que tudo se encaixou: Marco, na verdade, esteve em minha casa naquele dia. Ele é quem pegou a carta de mim. Fiquei certa de que Marco estava escondendo muito mais do que dizia, especialmente porque mentiu! E meu avô? Será que o que ele me contou era verdade mesmo? Tentei ligar para minha avó, mas ninguém atendeu.

E então, lá estava, aquela página. Todas as respostas que eu precisava estavam ali. Havia um relatório e uma carta que chamou minha atenção:

"25/03/1986

Para o futuro representante,
Tentamos desenvolver a UltraWave. Infelizmente, não conseguimos. Algo na máquina atraía os animais, mas não conseguimos descobrir o que era. E era terrível. Todos os animais da região morriam quando se aproximavam da fábrica. Ela se tornou um verdadeiro cemitério de animais. Era horrível. Espero que você consiga resolver isso. O Sr. William decidiu sair desse negócio, pois percebeu que a polícia estava investigando. Essa nova tecnologia não poderá ser usada aqui por enquanto. Mas desejo boa sorte nos outros países, como Estados Unidos e China.

P.S.: Marco Hell"

A verdade começou a aparecer diante de mim, trazendo um monte de perguntas e dúvidas sobre essa situação toda. Mas por que a carta apareceu na minha casa? Abri novamente e li:

"Seu projeto estava sendo um sucesso, espero te encontrar em breve".

P.S.: Alpes suíços

Será que Marco mandou essa carta para a Indústria UltraWave. Mas, sem destinatário, eles podem ter tentado devolvê-la e acabou vindo parar aqui? Não tenho certeza, mas parece fazer sentido.

Passaram horas e eu fiz várias anotações. Foi quando ouvi o carro de Marco chegando. Peguei tudo o que tinha encontrado e coloquei de volta no baú de onde tirei. Marco não podia saber. Tinha que fingir que acreditava na história dele. Meu coração batia forte enquanto eu tentava assimilar tudo o que acabava de descobrir.

Quando comecei a descer as escadas, percebi os passos de Marco se aproximando. Estava quase no fim da escada quando escorreguei e caí, batendo o queixo no chão. Me levantei rapidamente, sentindo dor por todo o corpo, mas consegui me deitar no sofá mais próximo. Ali, fingi estar dormindo, enquanto minha mente continuava a girar em torno do que tinha acontecido com meu avô.


Cada batida do meu coração era um lembrete constante da angústia que eu sentia. Enquanto mantinha os olhos fechados, uma avalanche de pensamentos confusos invadia minha mente, trazendo uma dor física e emocional que eu tentava conter desesperadamente. O silêncio ao meu redor era quase ensurdecedor.

Todos os conceitos que eu tinha sobre aquele homem estavam ruindo diante de mim, e o peso do desapontamento e da traição me atingiu como um soco no estômago. Eu sabia que precisava manter a calma e agir com cautela, mas a decepção me consumia, levando a questionar cada palavra trocada com meu avô desde o começo. Eu sempre acreditei que ele era alguém em quem eu poderia confiar.

1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora