1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)

Capítulo Quatorze

- Marco, fiz um suco para você.-digo enquanto lhe entrego o copo no carro.

-Por que decidiu fazer isso?- ele pergunta, aceitando o suco e bebendo tudo de uma vez.

Ao presenciar aquela situação, eu sabia que precisaria agir rapidamente. O tempo era curto, e não podia cometer erros. Era crucial voltar para casa antes que ele acordasse. Após uma hora aguardando o remédio fazer efeito, observo Marco se deitar no sofá. Rapidamente, ele adormece. Precisava pegar a chave do carro.

Enquanto me aproximo cautelosamente, o Sr. Big, o gato da família, começa a miar incessantemente, como se estivesse clamando por atenção. Tento afastá-lo delicadamente do ambiente, mas um movimento repentino de Marco me deixa tenso, paralisado no lugar. No entanto, o Sr. Big persiste, escalando a mesa com suas patas, provocando um som metálico ao derrubar a chave. O barulho ecoa pela sala, alertando a todos na casa.

Em um piscar de olhos, Nelma e Leyá, entram na sala, correndo e pulando na mesa em busca de diversão, agitando ainda mais o Sr. Big. A tensão no ambiente aumenta à medida que a situação foge ao meu controle. A confusão é rápida e caótica, e antes que eu possa processar totalmente o que está acontecendo, decido agir. Em um impulso de adrenalina, saio correndo da sala em direção ao exterior da casa, deixando para trás a cena de caos que se desenrola.

A camionete era grande, muito maior do que eu estava acostumada a dirigir, o volante parecia quase desproporcional em minhas mãos. Enquanto me acomodava no banco do motorista, uma onda de ansiedade percorria meu corpo. Onde ele teria escondido as chaves do meu carro? Essa pergunta martelava em minha mente, especialmente nos últimos dias em que as procurei sem sucesso.No trajeto em direção à casa da minha avó, me peguei mergulhando em um mar de pensamentos turbulentos.

-Preciso chegar lá e contar tudo para minha avó.- disse em voz alta, sentindo um aperto no peito ao pensar nas palavras que teria que dizer. -Preciso verificar se ela está bem e se meu avô realmente faleceu.

Aguardo ansiosamente o sinal abrir. Passo diante do quartel dos policiais, uma ideia se formando em minha mente: seria mais sensato ir direto para lá? Tomo a decisão de seguir em frente em direção à casa da minha avó, que se encontra a apenas dois quarteirões de distância.

Enquanto o carro avança pela rua, a urgência da situação se faz presente a cada segundo. Finalmente, chego ao destino esperado. Estaciono o carro com pressa e saio às pressas, meu coração batendo acelerado no peito. Bato na porta com rapidez, meus pensamentos em desordem enquanto meu olhar varre freneticamente os arredores em busca de qualquer sinal de movimento. O relógio no meu pulso marca impiedosamente o tempo, cada segundo parecendo mais valioso do que nunca. Já são dez e meia da manhã, e o tempo está se esgotando. Tenho apenas mais uma hora para resolver tudo isso.

Com grande demora, minha avó finalmente abre a porta. Eu a abraço imediatamente.

-Vó, que bom te ver! Como você está? E onde está o vovô? - minha voz falha enquanto a ansiedade toma conta de mim.

-Ah, querida... - ela murmura, seus olhos marejados revelando uma dor profunda. -Seu avô... ele se foi.

Sinto um nó se formar em minha garganta enquanto as palavras dela ecoam em meus ouvidos. Ela começa a chorar e, sem pensar, me aproximo e a abraço com força.

-Vó, como isso aconteceu? -pergunto com a voz embargada, lutando para conter minhas próprias lágrimas.

Ela me conta como simplesmente encontrou meu avô sem vida ao amanhecer, naquela manhã em que eu havia caído em um sono profundo. A culpa me invade, uma sensação sufocante que aperta meu peito com força. Será que eu poderia ter evitado isso? Será que minha fraqueza foi o gatilho para sua partida?

As lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto enquanto me afundo na tristeza e no remorso. Então, em meio ao silêncio carregado de dor, ela me faz uma pergunta.