Na sala, comecei a colocar Leyá na transportadora, já que era a mais agitada, seguida por Nelma, filho de Leyá, que se acomodou tranquilamente. Mas ao tentar colocar Sr. Big na transportadora, ouvi um barulho estranho vindo da cozinha. Meu coração acelerou instantaneamente, e eu me movi com cautela em direção ao som, acompanhada por Sr. Big, que se arrepiou como da primeira vez que viu o Quebra-Nozes. Cada passo era carregado de tensão enquanto eu avançava pela sala em direção à cozinha. Quando finalmente cheguei, olhei em volta, mas não vi nada fora do lugar. Respirei aliviada e retornei à sala, onde prendi Sr. Big na transportadora.
Logo depois, percebi que já eram 17:20 e que eu precisava pegar minhas roupas e a caixa no jardim. Com a pressa começando a se fazer presente, corri para o meu quarto, a mente ainda assombrada pelo incidente na cozinha, enquanto tentava manter o foco na tarefa imediata à minha frente.
Ao subir as escadas, deparei-me com os vários porta-retratos alinhados no corrimão, cada um contendo uma parte da minha história familiar. Alguns mostravam meus pais sorrindo, outros capturavam a presença imponente do meu avô. No entanto, um deles se destacava entre os demais: o da minha avó. Eu já o tinha visto várias vezes, mas desta vez era diferente. Na foto, estávamos juntas, radiantes e felizes. Agora, mal podia acreditar no que ela estava fazendo, ou no que ela se tornou. A história ainda tinha peças soltas que não se encaixavam. Faltava algo, e eu podia sentir isso.
Entrei no meu quarto e uma leve brisa invadiu o ambiente através da janela aberta, trazendo consigo uma sensação de calma temporária. Porém, dada a situação em que me encontrava, o silêncio também era perturbador, gerando um certo temor. O ruído do bosque ainda ecoava na minha mente, uma lembrança constante das incertezas que cercavam o meu presente.
Profundamente imersa em meus pensamentos, continuei a arrumar minhas roupas, selecionando apenas algumas peças simples. Cansada do constante ruído ao meu redor, desliguei meu aparelho auditivo. Tinha me acostumado tanto com ele que, às vezes, até esquecia que era surda. Soltei uma risada boba ao perceber o silêncio ao meu redor. Tudo o que eu ouvia agora eram apenas meus próprios pensamentos, era reconfortante em meio ao turbilhão de emoções.
Enquanto organizava minhas roupas, permiti mergulhar mais profundamente em reflexões sobre as reviravoltas da vida. Questionava se não tivesse ido em busca de respostas, nada disso teria acontecido. Pego uma blusa que meu pai me havia dado, e imediatamente lágrimas se formaram em meus olhos, lembrando-me do amor e do apoio que sempre me deram.
Depois de organizar minhas coisas em duas malas, desci as escadas da casa. Olhei para o relógio e vi que já passava das 17:30, quase na hora de eu ir embora. O sol já começava a se despedir no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa.
Decidi dar uma última olhada no jardim antes de partir. Caminhei até lá, entre as flores coloridas e as folhagens verdes, como se estivesse em uma aventura em busca de um tesouro. Encontrei a caixa que tinha escondido no meio da vegetação.
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1° Volume - Jardim de Lenar Muller (CONCLUÍDO)
Mystère / ThrillerEnquanto mantém a serenidade de sua rotina pacífica, Lenar se vê envolvida em um emaranhado de mistérios intrigantes. A antiga região revela segredos enterrados no tempo, e ela se vê obrigada a desvendar os enigmas que assombram as terras onde vive...