(+18) (PLÁGIO É CRIME).
Duas pessoas completamente diferentes dividindo o mesmo espaço.
Ela potinho cheio, ele potinho vazio.
Mas, com algo em comum.
Até onde eles suportam fingir que não sentem nada?!
Depois de cantar minha música para o nada, vou até o carro para voltar para casa. Giro a chave e ele não funciona. Droga! Estragou de novo. Ligo para um conhecido mecânico e ele guincha meu carro até sua oficina.
- Está na hora de trocar de carro né, cara?! Esse não tem mais o que remendar. - Ele fala, enquanto tenta arrumar o que podia.
- Eu sei... Estou sem grana para isso... Ainda estou pagando meu apartamento, esqueceu?! E o que eu ganho com as aulas de música só cobre as despesas da casa, o valor do financiamento e minha faculdade. Eu trabalho para sobreviver, isso sim... - Eu falo, escorado no carro de braços cruzados.
- E as produção musicais? Ninguém pediu mais nenhuma? - Ele pergunta me olhando.
- Não... - Eu falo respirando fundo.
- Que droga. Olha, não vai rolar de concertar hoje. Melhor ir para casa e eu te ligo quando ficar pronto. - Ele fala, limpando as mãos.
- E quanto vai me custar? Eu não tenho grana agora... - Eu falo.
- A gente vê isso depois. Relaxa. Agora vai, te ligo quando ficar pronto. - Ele fala e eu sigo para o ponto de ônibus mais próximo dali.
Chego no ponto de ônibus com meu violão nas costas e vejo uma moça chorando, com uma mala ao lado do corpo. Das duas uma: Ou foi despejada ou os pais mandaram ela embora de casa. Coitada. Ela se ergue me olhando e eu forço um sorriso tentando disfarçar minha pena dela. Cruzo meus braços esperando algum ônibus vir, mas leva mais ou menos 40min para um aparecer. Ela se levanta e olho para o lado. Em alguns segundos, sinto suas mãos tocando meu ombro, me virando para si. Lhe olho assustado. O que essa louca pensa que está fazendo?!
- Eu nunca mais vou te ver... Então... - É isso que ela fala, antes de beijar minha boca e entrar às pressas dentro do ônibus.
Era para eu entrar também, mas fiquei tão chocado com o que ela fez, que minha reação foi ficar ali parado sem mover um dedo. Quando me dou conta, o ônibus já tinha saído.
- Ahhh sua loucaaa!!!! Que merda é essa??!!! - Eu falo, limpando a boca com o casaco.
- Ah que maluca... - Me sento no banco para esperar outro ônibus. Terei sorte se chegar em casa ainda hoje.
- Hã! Completamente maluca... Acho que fugiu de alguma clinica... Isso sim... - Eu resmungo sozinho, me escorando na parada mordendo o canto interno da bochecha.
Droga! Mais 40min esperando. Tudo que quero é ir embora.
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