Capítulo 3 - Onde Numa Turcatti entra na história?

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Por Enzo

A minha noite definitivamente mudou no momento em que vi Estela entrando naquele salão. Não imaginava que terminaria o dia completamente refém de uma, nem tão estranha, mulher.

E esta, inclusive, encontra-se neste momento em meus braços, completamente desfalecida. 

Tudo aconteceu de uma forma muito rápida, em um momento estávamos nos despedindo, trocando o mais doce beijo que eu já havia dado em minha vida, e no outro Estela simplesmente havia desmaiado.

Com ela em meus braços, procurei com os olhos a presença de alguém que pudesse me auxiliar a pedir ajuda, mas por incrível que pareça o hall do hotel estava vazio, e não me deixando outra opção a não ser levá-la para o meu quarto, onde eu poderia raciocinar com mais calma.

Com muito cuidado, carreguei Estela até o 15° andar, onde abri com os pés a porta do meu quarto e delicadamente aloquei a morena em minha cama.

Levantei suas pernas e suavemente retirei suas sandálias. Caminhei até o banheiro e peguei toalhas limpas as umedecendo com água. Sentei-me ao lado dela e olhei seu rosto sereno.

Estela era a mulher mais linda que eu já vi na vida, mesmo naquelas condições, a minha vontade era de protegê-la e de trazê-la para perto de mim. 

De forma delicada, fui depositando devagar a toalha umedecida em seu rosto com o intuito de ajuda-la a recuperar os sentidos.

- Hum...onde estou? – Estela balbuciou ainda de olhos fechados.

- Fique tranquila, chiquita! Está no meu quarto, você desmaiou. – Respondi ainda com a toalha em mãos.

- Meu Deus! Que vergonha! – Ela se remexeu abrindo os olhos cautelosamente.

- Shhh, está tudo bem, você precisa descansar! – Sorri.

- Não posso ficar aqui dessa forma, preciso ir para casa. – Ela ainda falava de forma arrastada, ameaçando se levantar.

- Nessas condições eu jamais deixaria você sair deste quarto, fique, vou pegar um cobertor para você, eu vou dormir no sofá. – Me levantei e ela segurou a minha mão.

- Fica. – Ela pediu, já com os olhos fechados.

Soltei um suspiro e deixei um sorriso escapar de meus lábios.

Estela definitivamente já havia pegado no sono e confesso que eu também já estava quase.

Tirei meus sapatos e desbotoei minha camisa, deitei devagar ao lado da morena e a observei dormir enquanto aguardava o sono me encontrar.

Por Estela

Minha cabeça latejava.

Puta que pariu! Como latejava.

Eu sabia que não estava na minha cama, sentia que eu estava em algum lugar bem diferente do que estou habituada.

A luz que vinha da janela estava atingindo diretamente os meus olhos, e consequentemente fui obrigada a abri-los.

Definitivamente eu não estava em casa.

Meu primeiro pensamento foi verificar se eu estava completamente vestida, e para o meu alívio a única coisa que faltava em mim, eram minha sandálias.

Soltei um suspiro pesado e me ocupei a entender onde eu estava. A julgar pela câmera fotográfica estacionada na cômoda, eu diria que estava no quarto de Enzo.

Levantei-me com cautela e olhei em volta, em cima da mesa de cabeceira havia um bilhete, um copo de água e um comprimido.

Acredito que vá precisar disso, foi ótimo        conhecer você, espero te ver
novamente – Enzo

Sorri com seu cuidado. 

Eu não me lembrava de muita coisa da noite passada, pelo menos não depois de tudo apagar em minha cabeça.

A única coisa que eu tinha certeza que jamais esqueceria era do beijo que trocamos antes de tudo desandar.

Automaticamente toquei meus lábios com a lembrança, mas logo ela foi dissipada quando ouvi uma voz um tanto quanto irritada do outro lado da porta.

Merda!

- Eu espero de verdade que você esteja acordado, Enzito! – Um homem alto, com barba por fazer e definitivamente nervoso, dispara quarto adentro. – Quem é você e o que faz no quarto do meu astro? – Ele me olha de cima abaixo ao notar minha presença.

Astro?

- É...desculpe...e-eu dormi aqui. – Tentei explicar.

- Você transou com ele? Droga, vou ligar para a farmácia e pedir uma pílula do dia seguinte. – O homem já estava pegando o telefone e eu o interrompi.

- Não sei quem você acha que eu sou, mas não fiz nada com ele. – Me levantei completamente ofendida. – Apenas diga a ele que agradeço pela hospitalidade.

O homem me olhou com desdém e eu rapidamente saí daquele quarto.

As coisas ainda estavam muito incertas em minha cabeça. O fato daquele homem irromper daquele jeito no quarto de Enzo me incomodou, principalmente o fato dele ter se referido a ele como astro.

Pelo pouco que descobri do uruguaio, ele era artista aspirante da fotografia e somente isso.

Tentei não ficar focada nessa situação, peguei um uber de volta para minha casa e assim que cheguei corri logo para um banho.

As lembranças do encontro com Enzo ficavam martelando em minha mente, tudo nele era atrativo, sua voz, seu jeito, sua risada, a forma como ele penteava os cabelos para trás com os dedos e principalmente sua boca, meu Deus, que boca.

Eu sabia que as chances de vê-lo novamente seriam praticamente nulas, quero dizer, quais as chances tendo em vista que nem número de telefone trocamos?!

Coloquei na minha cabeça que seria melhor me acostumar com o fato de que talvez eu só teria as memórias para me recordar de que tudo que vivi ontem havia sido real.

Tratei de me arrumar logo para o trabalho e não demorei a sair com meu carro.

Parei em uma padaria e pedi um café expresso, a ressaca era terrível e eu não queria parecer mais defunta do que eu já estava.

Em menos de 20min depois eu já estava dentro do elevador indo para minha sala.

- Olha só, achei que você nem viria ao escritório hoje. – Bruno fingiu surpresa ao me ver.

- Eu tenho responsabilidades, sabia? – Respondi azeda.

- Parece que as coisas não foram tão bem quanto você queria. – Ele me analisou, no fundo ele estava enlouquecido para saber mais sobre o encontro.

- Para a sua tristeza, foi melhor do que eu imaginava. – Sorri presunçosa.

- Verdade? Então porque esse mal humor? – Bruno provocou.

- Não estou de mal humor. – Revirei os olhos me sentando na minha mesa.

- Sei...depois vamos voltar a esse assunto, queria te fazer um convite, vai haver uma exibição de um filme novo da Netflix no shopping da Barra, fiquei sabendo que o ator principal vai estar lá. – Ele me estendeu o ingresso.

- E é sobre o que o filme? – Perguntei indiferente.

- Um avião uruguaio com um grupo de jovens que caiu na Cordilheira dos Andes, a história aparentemente vai ser contada por uma das vítimas, Numa Turcatti, e o ator que o interpreta estará na exibição, é um filme baseado em fatos reais. – Bruno falava com um certo fascínio, quase como se fosse um fã da história original.

- E tem algum cartaz desse filme? – Questionei, ainda não muito convencida.

- Acabei de te mandar no WhatsApp. – Ele respondeu mexendo no telefone.

No momento em que abri a conversa com meu melhor amigo, meu coração disparou.

O filme se intitulava “A Sociedade da Neve” e no pôster principal uma figura um tanto quanto conhecida estampava a capa.

Eu já havia falado do filme, eu já tinha visto algumas coisas por alto, mas nunca prestei atenção aos detalhes, e então tudo fez sentido na minha cabeça.

Numa Turcatti era nada mais nada menos do que Enzo Vogrincic Roldán, e eu havia dormido com ele na noite passada.

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Olá, meus amores!

Eu sei que deveria ter postado ontem, porém, estive mega atarefada no trabalho e acabei me esquecendo!

Espero que gostem e deixem uma estrelinha e um comentário, isso me deixa muito feliz!

Um beijo da tia Vick 🫶🏽

Scandal - Enzo VogrincicOnde histórias criam vida. Descubra agora