Por Estela
Depois do meu breve "desentendimento" com Bruno, decidi passar o resto do meu dia focada na pilha de trabalho que eu tinha que entregar até o fim do expediente.
Geralmente eu ficava sozinha no escritório no período da tarde, mas por algum motivo que eu não sabia qual, o dono de tudo aquilo apareceu em minha sala no momento em que o relógio marcava não mais do que 14h.
- Sr. Otávio. – Pigarreei enquanto me levantava.
- Otávio. – Ele corrigiu com um sorriso nos lábios.
O pai do meu melhor amigo era um homem alto, de pele morena queimada de sol, com barba e cabelos grisalhos, tinha um sorriso que eu nunca vi ele tirando do rosto, e de acordo com as minhas amigas, ele fazia o próprio estilo de sugger daddy.
Sempre que eu o tratava com algum tipo de cordialidade, ele sempre agia da mesma forma, me corrigindo.
- Já cansei de te falar que você não precisa ter esse tipo de tratamento comigo, você é mais do que de casa. – Ele continuou enquanto sentava-se do meu lado. – Bruno deveria passar mais tempo com você e cair em si quanto as responsabilidades dele.
- Não acredito que passar mais tempo comigo faria com que ele mudasse de ideia sobre as próprias escolhas. – Ri nasalmente.
- De qualquer forma, ele ainda tem sorte que você continua aqui, sem você eu ficaria maluco e já teria colocado ele para trabalhar em definitivo a muito tempo. – Otávio se ajeitou na cadeira.
Sorri de canto.
Meu chefe raramente vinha até a minha sala, e quando o fazia, geralmente era para pedir mais alguma coisa ou cobrar algo.
- Bem, eu queria conversar com você sobre um cliente em potencial. – Percebendo que eu não continuaria a conversa, Otávio completou. – É um cliente que eu acredito que vai demandar muito mais tempo do que os outros, e ele é um pouco difícil de lidar.
- E qual seria o caso? – Questionei.
- Basicamente ele está sendo acusado de um homicídio que ele não cometeu, eu acredito nele, é um senhor de idade, não faria mal para uma mosca, mas é justamente por esse fator que torna a situação dele tão difícil.
- Otávio, eu não sei se seria o ideal jogar esse caso para mim, quer dizer, você sabe que eu sou muito mais inclinada para outras áreas, penal é lindo nas doutrinas, na vida real a coisa é bem diferente. – Falei com sinceridade.
- Você é a melhor advogada que eu tenho no momento, me diz que vai pelo menos pensar no assunto? É um caso que mais cedo ou mais tarde vai ganhar visibilidade da mídia, e eu quero que você e esse escritório cresça ainda mais. – Ele me olhava de forma firme e ao mesmo tempo suplicante.
Analisei suas feições por mais alguns minutos e soltei um grande suspiro.
- Tudo bem...pensar...vou pensar. – Respondi por fim.
- Ótimo! Eu sabia que poderia contar com você. – Ele levantou e ameaçou a me dar um abraço.
- Eu falei que vou PENSAR! – Frisei.
No fundo eu sabia que nada que eu falasse para ele tiraria de sua cabeça que eu pegaria o caso. E provavelmente ele estava certo, eu iria acabar pegando se eu não quisesse ficar mal aos olhos do meu chefe.
Por mais que ele fosse aparentemente muito tranquilo, eu não iria querer ganhar Otávio Machado como inimigo, e eu sabia que isso acontecia quando alguém não fazia o que ele queria e na hora que ele queria. A única exceção de tudo isso até o momento era o Bruno, mas sabe-se lá Deus até quando.
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Scandal - Enzo Vogrincic
FanfictionO que você faria se sua vida virasse de cabeça para baixo do dia pra noite? O que você faria se descobrisse que o cara com quem você dormiu na noite passada é famoso, e pior, possui uma legião de fãs ao seus pés? Essas eram algumas das mil perguntas...