Capítulo 24 - Só pode ser brincadeira

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Por Estela

O sol da manhã de segunda feira preencheu o quarto de Enzo, incomodando um pouco minha visão. Olhei para o lado e notei o uruguaio dormindo pesadamente e com o corpo relaxado. Havíamos dormido tarde na noite anterior, e a lembrança do motivo arrancou um sorriso involuntário dos meus lábios.

Catei a camisa de Enzo que estava jogada no canto do quarto e a vesti sem cerimônia. Caminhei a passos cautelosos até a janela e fechei as cortinas com o intuito de melhorar a qualidade do sono de meu namorado, apesar de que eu duvide muito que ele esteja sentindo qualquer tipo de incômodo naquele momento.

Ajeitei o cobertor em seu corpo e guiei meu corpo até a cozinha, onde me dispus a preparar um café. Uma e Ada, ao perceberem que eu estava mexendo nos armários, automaticamente vieram ao meu encontro, relando o corpinho em meu calcanhar.

- Vocês estão com fome, não é, meninas? – Me abaixei para as acariciar.

Alguns ronronados se manifestaram, dando ainda mais firmeza para a afirmação a pouco feita.

Coloquei a água do café para esquentar e providenciei a comida das gatinhas.

Ao final da tarefa, peguei meu notebook e o liguei em seguida. Precisava marcar uma reunião com Otávio com urgência para resolver a questão da minha permanência no Uruguai.

Mandei uma mensagem para o meu chefe e em menos de cinco minutos ele já havia me respondido, alegando que poderia conversar naquele mesmo instante.

Mais que depressa, fui até o closet e peguei um vestido mais comportado, não ficaria de bom tom se eu aparecesse em uma câmera, trajando as vestes do meu namorado na frente do meu chefe e pai do meu melhor amigo.

Voltei para a cozinha e me preparei para a chamada.

- Estela! Como vai? Aconteceu algum problema? – Otávio se pronunciou assim que a chamada foi iniciada.

- Oi...está tudo bem, não aconteceu nenhum problema. – Sorri gentil. – Desculpe se a mensagem acabou fazendo você pensar o contrário.

- Não se desculpe, foi só um pensamento que me ocorreu, afinal, você está de férias. – Ele deu de ombros do outro lado da tela.

Aquele era o momento de falar.

- Bem, era sobre isso que eu queria conversar com você, se possível. – Comecei e Otávio assentiu com a cabeça, me dando permissão para prosseguir. – Gostaria de estender um pouco mais a minha estadia fora do Brasil e assumir os processos de forma remota, se isso não for atrapalhar, claro.

Otávio ficou em silêncio por alguns segundos. O semblante dele era estático, como se não estivesse esperando por aquilo, e eu poderia entender seu espanto, afinal, tudo tem acontecido tão rápido, que nem eu mesma estava certa de que havia digerido toda essa situação cem por cento.

- Bem, confesso que não estava esperando por isso. Na verdade, já estava contando com a sua volta no próximo mês. – Ele respondeu por fim.

- Entendo, e vou entender caso a resposta seja negativa. – Eu já estava me preparando para o pior.

Otávio novamente ficou em silêncio, me gerando ainda mais ansiedade.

- Por quanto tempo pretende ficar..."afastada"? – Ele teve cautela ao pronunciar a última palavra.

- Honestamente? Ainda não sei, pretendo descobrir hoje à tarde, mas acredito que não seja mais do que seis meses. – Falei de forma honesta.

- Certo, podemos tentar fazer um teste pelo próximo mês e ver como funciona, mas se eu perceber que seu rendimento continua comprometido, não terei outra alternativa ao não ser te obrigar a fazer uma escolha. – Otávio exibia um semblante sério, o qual raramente eu estava habituada.

Scandal - Enzo VogrincicOnde histórias criam vida. Descubra agora