Extra 4 - Um Escritor e sua Inspiração (1).

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*Este extra se passa nos dias atuais.*

Du Fushi vinha trabalhando há algum tempo em seu mais novo livro. Porém, além dos prazos apertados e de seu redator pressionando-o, o jovem escritor vinha sofrendo com um período de bloqueio criativo.

Du Fushi estava brigando com o texto digitado em seu notebook, escrevendo e deletando-o logo em seguida dezenas de vezes. Com uma rusga de irritação, ele decidiu sair um pouco de seu apartamento para desanuviar a mente e tomar um café, levando um caderno de notas caso tivesse algum insight.

Caia uma chuva fraca e fazia frio, Du Fushi então vestiu seu casaco bege impermeável e saiu levando um guarda-chuva. Ele não dirigia, então pegou o metrô para o centro da cidade, observando com cuidado as pessoas. Ele precisava de uma fonte de inspiração.

Seu romance progrediu até o clímax, onde o casal principal estava separado por causa de uma discussão. Ele só não sabia se deveria reaproximá-los ou provocar uma separação definitiva. Du Fushi tinha dois livros anteriormente publicados que tiveram uma boa aceitação do público, mas eram livros que ele considerou um tanto previsíveis e se pudesse, os reescreveria.

Infelizmente, Fu Fushi era um perfeccionista muito autocrítico, o que chegava a lhe prejudicar e atrasar o trabalho 100% das vezes. Ele queria escrever algo inovador, nunca visto antes... Era uma pena que às vezes parecia que não havia mais nada a ser inventado neste mundo.

Ele desceu na estação principal e caminhou pelas ruas movimentadas do centro comercial, apesar da chuva, e foi em direção a sua cafeteria favorita.
A atendente sorridente logo reconheceu seu cliente fiel e preparou um Green Tea Latte para ele. Du Fushi ainda pediu um bolo com recheio de cream cheese e batata roxa.

Sentando-se no fundo da loja, ele começou a devorar seu bolo avidamente. Seu humor estava tão fechado quanto o tempo.
Sentindo-se melhor com o excesso de açúcar, ele começou a beber chá verde, para limpar as papilas gustativas.

Aos poucos sua mente relaxou e ele sentiu que tinha tomado a atitude certa. Ficar em casa se estressando só iria piorar sua vida. O texto já estava atrasado mesmo. Enquanto exercitava um pouco de auto indulgência, a porta da loja se abriu e um homem entrou.

Ele era alto e usava um sobretudo cinza chuva e roupas elegantes de alfaiataria. Parecia algum tipo de CEO importante. E além disso, ele tinha consigo um cachecol verde-escuro que se destacava em suas roupas sóbrias com elegância.

Du Fushi aprovou intimamente a aparência do cliente recém chegado, tomando nota. Talvez ele devesse colocar uma terceira pessoa, interferindo no relacionamento do casal. Ele não gostava muito de triângulos amorosos, mas poderia fazer uma tentativa.

O homem chegou até o balcão, com um sorriso confiante e pediu um americano gelado. Du Fushi continuou a observá-lo flertando com a atendente, que se desmanchou em sorrisos, correndo prontamente para atendê-lo.

O homem então varreu o ambiente, como se procurasse algo e seus olhos pousaram tranquilamente em Du Fushi, sentado no canto. A intensidade do olhar foi tão grande, que Du Fushi imediatamente retraiu o olhar, desviando-o para as gotas de chuvas que escorriam no vidro da janela.

En. Que desagradável. Ele pensou, desconfortável. Esse era o tipo de homem atrevido que vivia a caça de parceiros casuais. Definitivamente não era o tipo de pessoa que ele gostaria de descrever em seu romance. Se bem que seria algo novo, diferente do que ele estava habituado a escrever.

Du Fushi tomou seu último gole de chá, anotado esta nova ideia. Sentindo-se aliviado de suas preocupações e com um novo desenrolar para sua estória, o jovem escritor levantou-se renovado depois de tirar um grande peso das costas.

Ele pagou a conta e passou flutuando sobre nuvens, sem perceber que o homem de antes continuava a encará-lo atentamente.
Vendo-o sair, o CEO coçou o queixo interessado e quando a atendente trouxe-lhe o café, ele comentou.
"Parece ser um cliente assíduo este que saiu."

A atendente riu, entregando todas as informações de bandeja. "Du Fushi vem aqui pelo menos umas três vezes durante a semana. É um escritor e adora tomar chá verde acompanhado por doces."
"Ah, então é mesmo o escritor? Seu rosto me pareceu familiar, porém pensei que fosse apenas alguém parecido."

"Oh! Não me diga que o senhor é um fã?" A atendente sorriu, corando. Ela também era uma leitora ávida dos livros de Du Fushi e ficou surpresa pelo homem a sua frente também também o ser. Afinal, Du Fushi escrevia romances homoafetivos eróticos.

O homem sorriu misteriosamente para ela, agradecendo o café. Em seguida, ele estendeu-lhe o cartão de visitas e anotou seu número de telefone.
"Tenho então um pedido a lhe fazer, no qual você ganhará muito com isso."Ele piscou para a moça.

Enquanto isso, Du Fushi que pegava a condução para casa espirrou, pensando que tinha se resfriado.
Depois disso, ele conseguiu escrever durante horas, recuperando o tempo perdido.

Ele espreguiçou-se, diante do notebook, após ficar longas horas digitando. Dessa vez sua estória progrediu muito e ele tinha bastante material para encaminhar para sua editora.

Ele analisou o texto. O protagonista é seu amante tiveram um desentendimento, o que culminou no afastamento deles e a entrada de uma terceira pessoa no relacionamento, um indivíduo de personalidade duvidosa, mas que acrescentou mais maturidade ao enredo.

Du Fushi sorriu satisfeito e desligou o equipamento após revisar o texto. Ele correu para a cama, mergulhando debaixo das cobertas. Sair tinha sido algo muito produtivo e ele decidiu que voltaria na cafeteira no dia seguinte. Afinal, ele ainda não tinha provado o bolo com recheio de feijão verde.

🔸️🥮🍵🔹️

O dia seguinte ainda continuou com um céu cor de chumbo, e Du Fushi acordou tarde. Ele estava se sentindo muito preguiçoso e enrolado no cobertor como uma lagarta era confortável demais para ele querer sair.

Com muito custo, ele se levantou, banhou-se e preparou o café da manhã. Olhando para o céu carrancudo, ele mudou seus planos. Voltou para cama, levando café e notebook e passou a manhã inteira escrevendo.

Depois do almoço, ele se sentiu mais disposto e tirou o pó da casa com um aspirador. Uma nesga de sol tentava aparecer por entre as nuvens e ele se animou para sair um pouco. Porém, ele foi dar apenas algumas voltas no parque que ficava de frente para o condomínio de apartamentos onde morava e ele levou o bloco de notas consigo.

Entretanto, ele não viu nada de muito relevante. Havia pouco movimento e este se resumia a poucas pessoas se exercitando em caminhadas e alongamentos ao ar livre.
Entediado, ele decidiu ir comer na cafeteria do centro. Dessa vez, ele voltou para casa e pegou seu notebook para acompanhá-lo.

No meio do caminho, Du Fushi recebeu uma mensagem. Sua editora, Zhen Lin, já havia revisado o texto e queria encontrá-lo. Que rápido! Du Fushi assustou-se com a velocidade da mulher lendo, afinal ele tinha enviado vários capítulos (quem não leu uma novel em um dia que atire a primeira pedra, ainda mais esta que nem estava finalizada kkkkk), mas já que estava mesmo a caminho do centro, então ele passou o endereço da cafeteria.

Ao chegar no estabelecimento, Du Fushi foi até a atendente, que sorriu de uma forma estranha.
"Um Green Tea Latte e um bolo de feijão verde, por favor." Du Fushi pediu sem hesitar.
"Perfeitamente senhor Du. Levarei a sua mesa em um instante!" A moça respondeu alegremente. Era quase como se estivesse brilhando.

Du Fushi sentou-se na mesma mesa de costume e aguardou pacientemente. Não demorou muito para Zhen Lin chegar e antes mesmo que a atendente aparecesse com o pedido, os dois já estavam discutindo o texto. Zhen Lin abriu no notebook de Du Fushi as correções e estava pontuando os tópicos principais onde queria mudanças.

Nesse meio tempo, a quieta cafeteira recebeu outro visitante. O CEO da outra vez entrou, ele sorriu para a atendente e olhou ao seu redor. Ele localizou Du Fushi, mas ao vê-lo acompanhado, ele congelou. A atendente observou o mal entendido e reclamou interiormente.

Ah, minhas gorjetas!

Notas

Kkkkk, a atendente pensando só nos ganhos extras.

O Protagonista é um Bastardo!Onde histórias criam vida. Descubra agora