Wo Dan não veio me incomodar mais e pensei que ele não iria esperar que eu comparecesse a recepção inicial do general Tung. Lamento senhor juiz, sou alguém que quando assume um compromisso, vou até o fim. Estava lá pontualmente junto com o restante dos servos, à espera de Tung Yachen.
A comitiva chegou por volta da hora da cabra (~ 13 hrs) e posso dizer que nunca vi uma pessoa que gostasse tanto de esbanjar para fazer uma viagem de trabalho. O General Tung veio com mais de 100 homens, compostos por seus soldados, servos e algumas concubinas. Nem parecia que era uma reunião para discutir a questão de segurança na fronteira.
Tung Yachen parecia ser um pouco mais novo do que Chen Hao, talvez porque ele fizesse a barba. Não simpatizei com ele, seu sorriso carregava um ar sarcástico e ele parecia ser de verdade um homem cruel e egocêntrico.
Suas concubinas não pareciam ser muito felizes, apesar de estarem cobertas com ouro e pedras preciosas. Apesar de parecer que nada neste mundo agradaria este homem, ele pareceu bem satisfeito com as boas vindas oferecidas pelo grneral Chen, como se esta organização fosse minimamente aceitável para quem vivia como um deus.
Bufei bem baixinho e virei o rosto. Chen Hao era muito superior a este homem. Se ele ainda insistisse em atormentar Chen Na, eu mesmo daria um jeito nele... Eu já era um homem condenado mesmo, um crime a mais, um a menos não faria diferença.
Senti o olhar de Wo Dan novamente sobre mim, porém o ignorei. Parece que toda vez que eu pensava em algo impróprio ele estava de olho em mim, ou talvez fosse minha consciência pesada que dava esta impressão de estar sendo vigiado.
Enquanto isso, Chen Hao recebia pessoalmente Tung Yachen, os dois trocaram alguns cumprimentos e o convidado de honra foi conduzido ao salão do banquete.
Nesse momento, ele viu Chen Na pela primeira vez. Prestei bastante atenção em sua expressão, ele não transpareceu nenhum agrado. Acho que o plano de Chen Na deu certo. Apesar dela estar muito bela, vestindo um hanfu cor de damasco, com uma maquiagem leve, não era mais aquela beleza de partir corações.
Tung Yachen devia estar muito desapontado por vir com tanta pompa e não encontrar o que queria. Com certeza ele estava pensando que sua concubina predileta era dez vezes mais bela do que esta mulher.
Suspirei aliviado, pegando a pipa para tocar. As mulheres sentaram em uma mesa separada, Wo Dan e os dois generais ficaram em outra. Os pratos do banquete foram trazidos, um porco inteiro assado, pato caramelizado com castanhas, porções e mais porções de legumes fritos e bolos incrementados.
Os dois conversavam enquanto serviam-se de vinho. Não sei como não cairiam bêbados depois de esvaziarem dois jarros em menos de um shichen.
Este tempo todo estive acompanhando os músicos, eles apreciaram meu desempenho já que toda a peça que tocavam eu conseguia acompanhá-los. Acho que a minha aparência fazia todos não me levarem a sério, tanto que o General Tung nem se deu ao trabalho de me olhar duas vezes. Até o momento que Chen Hao resolveu me mencionar.
"Ah sim, hoje também temos a presença de um contador de estórias. Wo Dan aqui o trouxe. Soube que ele sabe qualquer estória que você deseja ouvir e pode até criá-las!"
"É mesmo?" Tung Yachen sorriu daquela forma zombeteira que eu detestei à primeira vista. "Onde ele está então?"
Chen Hao me chamou. Aproximei-me e curvei-me perante eles."Eh, você é o contador de estórias? Tão franzino. Conhece as Viagens do Rei Mu [1]?" Tung Yachen logo questionou com um olhar desafiador.
Assenti com a cabeça e comecei a contar. Essa era uma narrativa fantástica e heroica, bem ao estilo de um general pedir.
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O Protagonista é um Bastardo!
RomansDu Fushi é um contador de estórias. Ele vagou por quase todos os lugares e conhecer os enredos mais incríveis que existem, seu talento é incomparável. Contudo, Du Fushi também é alvo de estórias, de que foi abençoado pelo deus dos Viajantes com capa...