Epílogo - Concílio entre deuses.

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*Os acontecimentos descritos neste capítulo são de um mês depois e não são de conhecimento de Wo Dan e Du Fushi, não sendo narrados por nenhum deles.*

Um templo novo foi erguido para Yueling na clareira. Wo Dan mesmo mandou que fosse escavada a terra para fazer as fundações e uma nova construção surgiu praticamente da noite para o dia. Dessa vez, ele não mediu esforços para demonstrar sua gratidão a divindade de Jiang.

Mais do que isso, ele também ergueu um altar para Dizang no mesmo templo e ficaram os dois deuses como protetores da cidade. Yueling não gostou muito de dividir a atenção com o deus dos viajantes, mas como Dizang raramente aparecia, pois viajava por muitos lugares, ela não se incomodou tanto.

Entretanto, assim que o templo foi concluído, Dizang fez uma breve visita para conhecê-lo. Havia muitas flores brancas crescendo ao redor da construção e o espaço era limpo, aconchegante e acolhedor. Ele aprovou a sobriedade e simplicidade de seu altar, bem como a sua imagem, que foi a mais fidedigna feita até aquele dia, tanto a dele, quanto a de Yueling, uma cortesia de Du Fushi, que os descreveu nos mínimos detalhes para um escultor.

Vendo-o parado ali, contemplando seu novo templo, Yueling não pode deixar de ir conhecer o deus pessoalmente.
"Oh! Então você é o protetor e guardião de Du Fushi?"
"Senhorita Yueling! Está tão bela como sempre!" Dizang acenou amavelmente para ela.

"Tsc! Não fica bem um monge ficar elogiando mulheres."
"Eh? A beleza feminina para mim é comparável à das flores. Não vejo maldade nelas só porque são bonitas."
"Hunf!" Yueling era difícil de se lidar, mas não era tão mal educada e convidou Dizang para tomar chá.

Os dois se sentaram no altar e beberam da oferta deixada no dia pelos fiéis.
"Por curiosidade, por que ajudou Du Fushi tantas vezes?" Yueling perguntou, aproveitando para comer um bolinho de feijão verde feito cuidadosamente por Ling Xi e deixado por Yang Ming, dois felizes e satisfeitos recém casados.

"Ele provou ser uma boa pessoa... mas na verdade, eu estava era aqui para ajudar Wo Dan desde o início." Dizang respondeu, também provando um pedaço de bolinho. O chá era de flores de pêssego e combinava perfeitamente com o sabor rico do doce.
"Como você conheceu Wo Dan? Duvido que ele tenha feito algo de bom para você!"

"Fez e não fez. Ele me ajudou a encontrar um discípulo meu, Wo Wun."
"O pai de Wo Dan foi seu discípulo???"
"Sim, hehe... Mas acho que não nasci para ser mestre." Dizang explicou o seu passado.

Durante algum tempo, ele decidiu se  cultivar no mundo mortal. E Wo Wun admirado com suas capacidades, pediu que ele lhe ensinasse. Dizang tentou ao máximo transmitir-lhe os ensinamentos budistas para que ele alcançasse o Dao, mas como todos sabem, Wo Wun se desencaminhou completamente.

Tomando conhecimento disso e sabendo que o caminho de seu discípulo estava fadado a ter uma morte violenta por vingança de seus inimigos sobreviventes, e na qual sua esposa e filho também seriam mortos, Dizang decidiu assumir a responsabilidade pela má sorte do pupilo.

Ele partiu e encontrou Wo Dan, que entregou seu próprio pai a ele. Dizang não culpava o menino e nem mesmo seu pai o fez. O deus não só salvou Wo Wun de uma morte cruel como também o encaminhou para o círculo das reencarnações para que ele tivesse outra chance, mas antes que Wo Wun bebesse da água do esquecimento,  ele pediu para que Dizang olhasse por seu filho.

O deus concordou prontamente.
"Só não serei mestre outra vez! Já vi que não tenho vocação para ensinar! Porém, conseguirei alguém que o livre dos maus caminhos e o faça feliz." Dizang prometeu.

Desde então ele vinha acompanhando Wo Dan, enquanto procurava alguém que fosse compatível com ele. Logo, ele encontrou um rapaz, cujo destino parecia muito pior que o dos outros dois, porém Dizang percebeu que a estrela dele e a de Wo Dan eram favoráveis.

O Protagonista é um Bastardo!Onde histórias criam vida. Descubra agora