O Protagonista é um Bastardo!

Capítulo 72 - Revivendo um Culto.

Apesar de tantas pessoas estarem à minha procura, elas foram exatamente no sentido oposto da direção que tomei. Eu voltei novamente para Jiang, com todo cuidado como fiz da última vez. De certo modo, Wo Dan estava certo, eu sempre fui alguém muito escorregadio e difícil de agarrar. Mas não que isso fosse impossível, como ele mesmo provou.

Porém, eu estava focado em meu mais novo objetivo, que era salvar a vida dele. Cheguei a Jiang quando o sol começava a nascer, sentindo mais cansaço do que o normal. Dizang aliviou muito minha dor física, mas o corpo demonstrava sinais de esgotamento. Eu não ia durar muito mesmo, então que estes últimos momentos fossem bem usados.

Fui onde havia um pequeno lago, onde as mulheres costumavam lavar roupas. Havia uma moça jovem, que chegou antes das demais com uma cesta carregada de roupas sujas. Apesar do susto de um dia atrás, as pessoas de Jiang já estavam aos poucos tentando retomar suas vidas.

Essa moça era exatamente o que eu precisava agora! Caminhei até ela sorrindo amigavelmente, embora ela me olhasse com ligeira desconfiança.
"Bom dia, jovem senhorita!" Cumprimentei-a educadamente.
A moça secou as mãos em seu vestido, ainda em guarda.

"Bom dia, senhor..." Ela enfatizou que não sabia meu nome e que eu era um desconhecido. Ela deveria morar nas extremidades da cidade, por isso veio tão cedo para lavar roupas.
"Pode me chamar de Du Fushi. Eu gostaria de lhe pedir uma informação." Não fiz questão de esconder minha identidade, isso não importava por hora.

"Que tipo de informação?"
"Aqui em Jiang, soube que havia um culto a uma divindade, que protegia os amantes e abençoava casamentos."
"Oh, este culto... Ele está proibido, senhor." A moça respondeu secamente.

"Proibido? Sim, de fato estava. Não mais agora." Continuei a conversa com naturalidade, era mais fácil agir assim para convencê-la. "Aparentemente o juiz Wo o tinha abolido, por uma série de questões que não vem ao caso, mas ele resolveu estas questões e irá permitir novamente a construção de um novo templo para essa divindade."

"Verdade?" A moça pareceu incrédula.
"Sim! Na verdade, está vendo esta pipa? Sou um músico contratado. Estou vindo do sul especialmente para fazer uma reapresentação da divindade esta noite. Mas Wo da-ren está muito ocupado desde que os bárbaros tentaram invadir a cidade e a responsabilidade deste evento caiu inteiramente sobre mim."

"E o que o senhor quer saber afinal?"
"Bem, eu não sou daqui... gostaria de saber o nome da deusa e detalhes sobre sua estória. Irei compor uma música para ela que ficará na estória! E em segundo lugar, preciso de um bom lugar onde poderei reunir os crentes dela esta noite. Sei que vocês fariam uma festa para comemorar a vitória dos bárbaros, talvez tenham sobrado alguns enfeites para eu usar..."

A mulher parou para pensar, me avaliando. Tentei não esboçar nenhum nervosismo ou atitude suspeita, então ela assentiu de leve com a cabeça.
"Eu ainda era mais nova quando o culto foi proibido, mas lembro da minha mãe fazer oferendas para a deusa. Chamavam-na de Yueling [1]."

"O templo dela foi destruído para ser construído uma escola maior, mas tem uma clareira muito bonita e espaçosa no lado leste da cidade, que você poderia usar. Agora que o inverno acabou, a neve está derretendo e parece que já há brotos de pequenas flores crescendo lá."

"Isso é perfeito! Se não for pedir muito, também gostaria que espalhasse a notícia para os seus conhecidos. A apresentação ocorrerá no início da hora do galo (~17hrs)."
"Wo da-ren realmente irá permitir isso?" A mulher ainda duvidava. Sorri inconscientemente. Ela estava com medo de quebrar a proibição e com razão, é claro.

"Claro que sim. Por que eu arriscaria meu pescoço indo contra a determinação de um juiz como Wo Dan? Eu pareço um louco por acaso? Além disso, recebi uma moeda de prata por este serviço, o pagamento já foi feito. Wo da-ren acredita que cometeu um erro e deseja se redimir. Na verdade, me parece que ele está apaixonado e por isso voltou atrás em sua decisão."