O Protagonista é um Bastardo!

Capítulo 22 - Acho que tomei a decisão certa.

Depois de dias tão conturbados, tive uma pequena pausa para descanso. Chen Na levou-me para conhecer o centro comercial de Ba, um lugar vibrante e cheio de cores. Vendia-se de tudo, desde tecidos, comidas, joias até artigos gerais para a casa. A senhora Chen trouxe um servo para ajudá-la com suas compras e fiquei apenas como uma companhia.

Também pude provar vários tipos de baozi, carne de porco defumada com gergelim e nirá, e macarrão de arroz com sopa de tofu frito. Aproveitei para conhecer e explorar tudo. Ba era muito rica, comparando com Jiang, que parecia mais um vilarejo da zona rural. Entretanto, pensando assim, a calmaria de Jiang era mais aprazível, como um bom lugar para se envelhecer junto de alguém...

Bem, lembra um pouco a vila onde meu avô vivia, a única diferença era que era uma região fria, um pouco árida e montanhosa, enquanto que o sul era mais quente e tinha terras mais férteis. Uma vez fui mais para o sul ainda, para ver o mar, mas tive medo das ondas e não me atrevi a entrar. Se fosse Wo Dan, destemido e desenfreado como era, com certeza ele iria até nadar lá, não apenas molhar os pés como fiz.

Neste momento Wo Dan estava com os dois generais, na fronteira da cidade, avaliando a recém concluída construção de parte da muralha. Pelo que eu pude descobrir, ouvindo um cochicho ali, outra lá, apesar deste reforço na proteção e segurança desta comandaria, havia o risco dos bárbaros do norte terem se infiltrado durante a construção e se escondido na divisa. Mas este era um medo enraizado em todas as pessoas do norte e às vezes não passava de suspeitas infundadas.

Mesmo assim fiquei um pouco apreensivo com essas informações, só faltava Chen Hao ser morto por bárbaros agora na fronteira depois de tudo...  Além disso, o que eu deveria também fazer depois que Tung Yachen fosse embora? Meus instintos diziam para fugir de volta para o sul o mais rápido possível,  por outro lado, eu estava reticente em ir, como se algo estivesse me prendendo a este lugar.

Chen Na me levou até uma casa de chás e fiquei entretido com estes pensamentos. Nunca me senti preso a lugar algum, essa era a primeira vez que sentia isso. Estranho.
"Você está com os pensamentos tão longe. Há algo o preocupando?" Chen Na perguntou. Suas feições pareciam mais bondosas após ela perder sua beleza sobrenatural.

Sorri espontaneamente, foi bom conhecer Chen Na. Se eu fosse contar esta estória, só falaria do amor dela pelo marido e de sua gentileza, excluindo o fato de que ela tem um primo bastardo e pervertido que me dopou, sequestrou, extraiu uma confissão à força e me dopou de novo, só para que eu pudesse ajudá-la.

Se bem que pensando melhor... eu não contaria minha identidade tão fácil de qualquer forma e ele também não tinha como expor o caso de sua prima para todos os contadores de estórias até que me encontrasse...

Devo estar enlouquecendo, pois estou começando a considerar que ele estava certo ao fazer o que fez.
"Estava pensando para onde ir depois da partida de Tung Yachen..."

"Mas vai partir tão cedo?" Os grandes olhos da senhora Chen ficaram tristes. "Por acaso algo não o agradou?"
O seu primo.
"Não, não é nada disso! Eu apenas tenho que decidir um itinerário novo para mim."
"Você não pensa em se estabelecer em algum lugar, constituir família talvez?"
Ela tomou o chá com um ar misterioso.

Ri interiormente. Ela não estava pensando em me casar com alguma conhecida, não?
"Gosto da minha vida como está. Conheci lugares muito bonitos e vivi experiências maravilhosas. "
"Mas você não deve levar uma vida muito confortável."
Dei de ombros. "Não é algo que me faz falta, estou bem assim."

Chen Na parecia ainda mais triste. "Du Fushi, fique mais alguns dias conosco e pense nisso com cuidado, além disso você pode ser alvo de outras pessoas. Eu conheço Wo Dan e sei que talvez ele não tenha sido delicado procurando você... mas outras pessoas poderiam ser muito piores!"
Concordo plenamente! Por isso que vou me aposentar desta carreira de contador de estórias. Vou virar um monge!