O Protagonista é um Bastardo!

Extra 4 - O escritor e sua inspiração (2).

O CEO procurou um lugar para se sentar, aparentemente deprimido.  Sem pestanejar, a moça levou até ele o cardápio e antes de mais nada, cochichou para ele:
"Parece que estão em uma reunião de trabalho."
"Oh!" Com isso o humor do homem mudou e ele relaxou.

Ele então pediu um americano gelado e ficou algum tempo observando a dupla na outra mesa. Zhen Lin era uma mulher prática, ela fez as correções e levantou-se para sair. Ele até gostava de conversar com Du Fushi, mas ela tinha uma lista de tarefas intermináveis para fazer, de modo que não poderia ficar por mais tempo.

Na saída, ela reparou no homem bonito sentado sozinho. Ela sorriu inconscientemente e seguiu seu caminho.
Uma vez sozinho, Du Fushi soltou um leve suspiro de cansaço, fechou o notebook e finalmente deu uma grande mordida no bolo.

O recheio adocicado preencheu sua boca e ele pensou que estava vendo estrelas de tanta felicidade.  Quando piscou os olhos de movo, viu que o homem que ele tinha observado da última vez, estava bem diante de seus olhos. Ele quase engasgou.

"Olá, boa tarde!" O homem sorriu suavemente. "Desculpe perguntar assim, mas você é o escritor,  Du Fushi?" Dito isso, ele ergueu diante dele seus dois exemplares de livros escritos.

As bochechas de Du Fushi coraram. Esse homem era seu leitor?!
"Uh... sim. Eu sou." Ele não queria que sua foto estivesse no livro, mas Zhen Lin insistiu tanto! Du Fushi na verdade estava com medo de ser reconhecido e hostilizado pelo conteúdo de suas obras.

"Que sorte a minha! Meu nome é Wo Dan, posso ter um minuto de seu tempo?" O homem disse já se sentando.
"Uh... claro..."
"Eu te vi aqui há alguns dias atrás e reconheci o seu rosto. Mas pensei que fosse alguém parecido. Então peguei meus dois exemplares e trouxe-os comigo. Se fosse você, gostaria de pedir para autografá-los "

Ah, que bom! Du Fushi ficou aliviado. Ele só encontrou seus leitores em feiras de livros e lançamentos, então não sabia como tratá-los em público. Ele retirou uma caneta do bolso e abriu a primeira página em branco do livro.
"O que gostaria que eu escrevesse na dedicatória?"

"Hum... Escreva: Para Wo Dan, meu fã número um, com amor, do seu pequeno Du." Wo Dan disse tudo isso com tamanha naturalidade que Du Fushi o encarou até em choque.  Com amor? Seu pequeno Du?

Este homem só pode estar zombando de mim! E por que todo mundo tem que enfatizar o quanto eu sou pequeno?

"Senhor Wo... isso não seria..."
"Pode me chamar de Wo Dan. Sabe, eu sempre fui muito crítico quanto as minhas leituras. Eu detestava esses romances clichês, onde o amor parece ser uma obrigação na vida das pessoas. Assim... como se todos tivessem que seguir o mesmo caminho e apaixonar-se fosse um pré-requisito.  Se formou, tem um emprego estável, tem que se apaixonar e casar."

"Eu... meio que entendo isso..." Du Fushi sem perceber começou a escrever a dedicatória depois desse súbito desabafo de Wo Dan, que prosseguiu sua linha de raciocínio.
"Então eu lia esses romances e sempre tinha alguém empurrando o protagonista para o romance, sendo que o objetivo dele era outro, mas ele acabava aceitando porque ele tem que se apaixonar!"

"Eu comprei o primeiro dos seus livros há um ano atrás, quando iria fazer uma viagem a trabalho e confesso que me surpreendi. Os personagens não se apaixonam porque tem que seguir este caminho, é algo mais natural, que nasce de uma amizade, uma admiração,  eles não estão seguindo um roteiro."

"Bem, é verdade que as pessoas podem viver à procura de um grande amor, mas acho que se for assim que seja porque elas querem e não por que todos deveriam estar fazendo isso. Como você mesmo disse, parece quase uma obrigação..." Du Fushi concordou.