O Protagonista é um Bastardo!

Capítulo 27 - Uma Visita Noturna.

Na casa Ko eu jantava com os criados. Ko Luan não queria ter intimidade com seus subalternos, então pude repetir muito feliz duas tigelas de arroz seguidas. Poder comer livre de formalidades é uma benção, a digestão é até melhor.

Depois, fui até o jardim e sentei-me sob o pavilhão, para admirar as estrelas. Eu já fazia isso antes de conhecer Wo Dan, não tem nenhuma relação com aquela última noite juntos. Como dormi sob as estrelas boa parte da minha vida, admirá-las era quase um hábito.

Nunca me cansei de vê-las, mas não tinha pretensão de alcançá-las ou possuí-las. Gostava apenas de ver, principalmente quando elas caiam, riscando o céu.
Como não havia ninguém por perto, os Ko já haviam se recolhido, sai do Pavilhão e deitei-me confortavelmente na grama baixa, com os braços apoiando a cabeça. Sentia-me sonolento por ter comido demais e pisquei os olhos algumas vezes.

Preciso ver uma forma de unir os Ko de uma vez por todas... pensei enquanto minhas pálpebras pesavam. Antes que elas se fechassem, consegui abrir os olhos e vi Wo Dan bem à minha frente. Pelo susto, quase deixei escapar um grito, porém este foi evitado a tempo pelo juiz, que rapidamente tapou minha boca... com a sua própria!

Esse bastardo teve coragem de me roubar um beijo!

Wo Dan aproveitou a brecha e invadiu minha boca com sua língua. Ela era quente e macia, e também ávida, tentava se manter na minha cavidade a todo custo, por mais que eu tentasse expulsá-la. Não sei se foi a falta de ar, mas minha mente ficou entorpecida e meus braços estavam sem forças enquanto eu tentava empurrá-lo.

Afastá-lo era como tentar tirar uma montanha do lugar. Vendo que eu me debatia, seus braços se fecharam mais apertados sobre mim.
Sem maldito! Assim que pararmos para respirar eu vou gritar sem parar!

Como se adivinhasse meus planos, Wo Dan aprofundou o beijo o máximo que pode, até que minha cabeça estivesse em um estado de caos completo, difícil até para falar.

Seus lábios quentes separaram-se finalmente dos meus e eu respirei profundamente, tentando me recuperar. Minhas boca e bochechas formigavam sem parar.

"Boa noite, ratinho. Vendo as estrelas para lembrar de mim?" Ele perguntou com um tom jocoso .
"Eu já olhava as estrelas muito antes de te conhecer! Como entrou aqui?" Ofeguei ainda ao falar.

Wo Dan acariciou com o polegar a minha boca. "Pulei o muro, é claro. Não disse que viria visitá-lo?"
"Você então é um juiz que visita os outros na calada da noite? Iria invadir um quarto por vez até me encontrar se não tivesse me vistose não tivesse me vistose não tivesse me vistose não tivesse me vistose não tivesse me visto no jardim?"
"Claro. Você vale o risco."
Fiquei enfurecido com a face grossa dele, mas engoli a raiva. Não vou cair neste golpe como todas as outras vítimas.

"Sei. Agora saia de cima de mim. Seu peso está me esmagando."
"Eh? Você está duvidando?"
"Como eu ousaria? Afinal, você deve ter se arriscado para dormir com todos os seres vivos desta cidade!"

Wo Dan continuou em cima de mim, sem se importar com esta afirmação. Ele nem fez questão de refutá-la.
"Você gostou dos pêssegos?"

"Sim, obrigado por enviá-los." Agradeci naturalmente. Eu não sou de ficar fazendo joguinhos. Estava com vontade, comi e agradeci, sem mais.
"Oh... então eu mereço um agradecimento melhor, não acha?"
"Muitíssimo obrigado, ilustríssimo juiz. Que Dizang o abençoe com bastante pêssegos no seu jardim."

Wo Dan fez beicinho como uma criança."Não é este tipo de agradecimento que eu quero."
"Lamento, só sei agradecer assim. Ou posso contar uma estória para você também."
Ele riu e puxou meus braços para cima, prendendo os pulsos com uma mão.
"Eu quero outro beijo, senhor Du."