14. Medo

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-Também te amo, estrelinha- ele diz com um sorriso na cara. Levanto-me para lhe dar um abraço. Ele teve um grande trabalho para conseguir compor aquilo.

Sem querer, tropeço e caio à àgua. Este é o meu maior medo. E era por este motivo que não queria subir à ponte. Porque eu tinha tanto medo. Eu não sei nadar. Nunca aprendi.

Tento mecher os braços para voltar para superfície mas não está a funcionar. Cada vez estou mais fundo. Cada vez tenho menos ar. Cada vez tenho mais àgua dentro de mim. Cada vez tenho mais medo.

Tento acalmar-me e pensar no que a minha dizia. Conta até três e meche os pés. Mas não consigo. O meu cérebro está incapaz de pensar no que quer que seja. Fecho os olhos e deixo-me levar pela àgua.

***

Quando finalmente acordo tenho o Hans debruçado sobre mim sem a camisola e todo molhado. Começo a cuspir àgua.

-O que aconteceu?- pergunto.

-Olha caíste à àgua. Afogas-te, eu fui te buscar, heroicamente e comecei a usar as técnicas que sabia. - Ele diz, sarcasticamente

- Acho que faz sentido.- Digo enquanto me levantava.

-Porque é que nunca me disseste que não sabias nadar?- Ele pergunta indignado.- Imagina que caias à àgua na noite que fomos à ponte.

-Porque é que achavas que eu tinha tanto medo? Achavas que tinha medo de cair? Óbvio que tinha, mas o meu medo era de cair na àgua e acontecer isto que me aconteceu.

-Porque é que tens tanto medo de àgua?

-A minha mãe morreu afogada quando tinha 7 anos. Ela amava fotografia. E foi para um cruzeiro para fotografar as criaturas marinhas. Mas não correu como esperado. O meu pai tentou-me ensinar a nadar mas nunca fui capaz após tudo o que aconteceu à minha mãe.

-Uau... estrelinha tenho tanta pena de ti.

-Está tudo bem, Hans. É só passado.

-Estrelinha, não digas isso. Tu és muito corajosa. E sobreviveste. Está tudo bem. Tudo ficará bem, prometo...

-Prometes?- pergunto.

-Prometo, estrelinha.

Este nosso amorOnde histórias criam vida. Descubra agora