No morro da Rocinha

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Tudo aconteceu muito rápido, que coisa de maluco. Nunca que vou me rebaixar e ficar brigando por macho, sou essas não.

Liz: Bota loucura nisso.

Jeovanna: Tu escutou ele falando que depois quer falar com você? - Ela fala segurando minha mão.

Liz: Escutei sim, mas não deve ser nada demais.

Damos de ombro sobre esse assunto e seguimos conversando até chegar a casa dela que é mais ou menos perto da minha.

Entramos dentro de casa e já deu para sentir o cheiro da comida, só pelo cheiro deve estar muito boa.

Tia Lurdes: Até que fim, onde vocês estavam?

Jeovanna: Rolou uma discussão lá na praça, aí ficamos para olhar, só isso mãe. - Mentiu rápido, e nem parece que mentiu, falou com tanta convicção. Arrasou.

Tia Lurdes: Ata. Oi meu amor, quanto tempo. - Vem me abraçar e eu retribuo - Como você está?

Liz: Oi tia. Eu estou bem e a senhora?

Tia Lurdes: Estou bem. Vamos comer, fiz uma lasanha de frango deliciosa para você.

Liz: Nossa, só pelo cheiro deve estar uma delícia.

Passei o dia na casa da Jeovanna e quando deu umas seis horas eu fui embora para casa.

Fui andando pelo morro e não me canso de dizer o quanto aqui e bonito. Ver as crianças brincando na rua, como se na existisse maldade.

Na praça tava tocando uns pagodes e dava para ver dentro de um bar alguns coroas jogando sinuca, vi isso e lembrei de quando eu jogava com meu pai, eu sinto muita falta dele. Será que eu mando mensagem para ele? Acho melhor não, não quero arrumar problemas para ele.

Chego na minha casa e vejo que fizeram uma macumba bem na minha porta. Repreendo todo mal que não provem do senhor e entro dentro da minha casa e pego uma vassoura e água para limpar essa sujeira que fizeram.

Começo a limpar e percebo que tem algumas senhoras na rua olhando para mim enquanto eu limpo, essas velhas devem saber quem foi.

Continuo limpando até ver que ficou tudo limpinho e entro dentro de casa.

Pego um pijama e vou tomar um banho e lavar meu cabelo, está precisando. Lavo tudo direitinho e faço uma hidratação. Enquanto a hidratação vai agindo no meu cabelo decido fazer alguma coisa para comer, porém para o meu azar, eu esqueci de fazer compras.

Que ódio! Não acredito que vou ter que me trocar e ir com o cabelo assim na rua, fala sério. Coloco uma blusa um pouco maior que eu e um short jeans.

Saio de casa e vou até o mercadinho que tem aqui do lado, praticamente e compro pão, salsicha, molho de tomate, milho, ervilha, ovo de codorna, ketchup, batata palha e alguns temperos para fazer um cachorro quente. Algo simples e rápido.

Volto para casa e coloco a salsicha para ferver na água e enquanto isso vou tirar a hidratação do cabelo. Enrolo na toalha e volto na cozinha para fazer o cachorro quente. Tinha esquecido de colocar os ovos e coloco junto com a água da salsicha que estava fervendo.

Puta merda, esqueci o alho e a cebola. Vai assim mesmo, pelo menos tem tempero né.

Termino de fazer o cachorro quente e quando iria me sentar para comer alguém bate na porta, ainda sentada eu grito quem é mas ninguém responde, então continuei fazendo meu pão até que batem de novo e eu grito mas não respondem.

Levanto já puta e abro a porta pronta para xingar a pessoa e dou de cara com o Diogo.

Liz: Porra Diogo, porque não fala que era você?

Morte: Tô muito afim não, posso entrar? - Vish, parece que ele não tá bem.

Liz: Pode ué. - Dou de ombros. - Tava fazendo um pão pra mim comer, você quer?

Morte : Não foi isso o que eu vim comer, mas aceito né.

Liz: Hahaha, engraçadinho. - Ele pega o pão e começa a fazer o dele. - Mais cedo você disse que queria conversar comigo, era sobre o que?

Morte: Eu quero saber porque você decidiu vir morar aqui, sendo que você morava em um apartamento no Leblon.

Liz: Ata. - Começo a comer meu pão e ele fica me olhando esperando uma resposta. - Tá falando sério?

Morte: Tô ué. Preciso saber mais sobre você, vai que você é x9.

Liz: Nem brinca com uma coisa dessas. Vamos terminar de comer e depois eu falo, não é um assunto muito fácil pra mim. - Ele concorda e voltamos a comer.

Eu comi dois pães mas o bonito deu prejuízo, ele comeu cinco pães cara, meu Deus. Ainda bem que fiz bastante, se não nem iria sobrar.

Guardei as coisas que sobrou e limpei a bancada e fomos sentar no sofá.

Tentei distrair ele com outras coisas mas não deu certo, ele queria saber o porque eu vim morar aqui.

Liz: Tá bom, que tanta insistência. - Estava olhando para ele mas desvio o meu olhar e fico olhando para a parede na minha frente. - Eu morava com meus pais e minha irmã mais nova, porém era briga todos os dias. Eu só fui começar a ter liberdade mesmo, quando eu comecei a trabalhar com a Jaqueline, com ela eu tive mais liberdade, porque além dela me acobertar nas besteiras que eu fazia, ela também me levava para balada, resenha essas coisas. Só que minha mãe sempre me deixou muito de lado, eles sempre focaram mais na minha irmã, em ela ter uma carreira de sucesso, porque na cabeça deles eu não teria futuro nenhum. Eu não gosto de falar muito, porque é algo que ainda me machuca sabe? Eu fui expulsa de casa no dia seguinte que eu vim em um baile aqui escondido, foi até o baile que você me mandou um balde com bebidas. Dormi na casa da Jeovanna e não respondia eles, sabia que eu iria ouvir de qualquer jeito em casa, então quando eu voltei pra casa, ouvi um monte de besteira. Minha mãe me xingou de tudo o que você pode imaginar, meu pai sempre foi um bocó, nunca soube se posicionar em relação a nada dentro de casa, então eu bati boca com ela, falando que já era maior de idade, que eu ajudava nas contas dentro de casa, porque todo lugar que eu queria sair, eu tinha que levar minha irmã. Então foi essas coisas que foram acumulando, eu morava em Laranjeiras, fui morar no Leblon com a Jaque por algumas semanas, até consegui meu cantinho aqui. É isso. - Eu já estava chorando, pois é difícil pra mim lembra de tudo o que aconteceu.

Morte: Caralho. Desculpa fazer você lembrar disso, mas eu precisava saber.

Liz: De boa. - Me levanto e vou até o banheiro lavar o rosto. - Vou ir pro quarto deitar, se quiser vir.

Ele levanta e vai tomar um banho, tava com roupa o dia todo do trabalho né, mas que certo.