No morro da Rocinha

33

Liz

Já estou no hospital tem um tempinho, Jaque saiu para resolver algumas coisas de trabalho e vai passar em casa para tomar um banho e trazer o que é necessário para a Sol ficar aqui nesse tempo.

Não consigo acreditar que eu estou aqui vendo ela deitada nessa cama de hospital com vários tubos para ajudar ela a respirar. O que me dá mais raiva é saber que o pai dela poderia ter tomado mais cuidado, ele sabe que ela tem alergia e não prestou atenção no tipo de coisa que ela comeu? fala sério.

Levanto da poltrona que estou sentada e caminho até ela, pego na mãozinha dela e fico fazendo carinho.

Liz: Oi minha princesa, acorda logo, tia Liz está com muita saudades de você. O que você acha de irmos para a praia quando você acordar ou fazermos um passeio em? - Faço carinho na cabeça dela alisando os lisos cabelos em tons escuro.

O médico entra no quarto e pede licença pra ver como ela está.

Médico: A senhora e o que dela mesmo? - Fala sem olhar para mim e apenas prestando atenção nela.

Liz: Eu sou tia, Doutor. Mas porque a pergunta?

Médico: Por nada, apenas porque não tinha te visto aqui ainda, somente a senhorita Jaqueline.

Liz: Hum.

Corto o assunto e deixo ele se concentrar na Sol para não fazer nada de errado.

Médico: Ela está se saindo bem, creio que logo fique melhor. Daqui uma hora o meu estagiário irá trazer o remédio para injetar na veia dela.

Liz: Estagiário?

Médico: Sim.

Liz: Não quero estagiário nenhum, esse é o seu papel, dar o remédio para ela.

Médico: Eu estarei atendendo outro paciente na hora do remédio dela, mas ele poderá trazer.

Liz: Ou o senhor vem fazer o seu papel direito, ou eu vou fazer um escândalo aqui, esse não é o papel do estagiário, ele apenas ajuda e te auxilia. Você sabe que eu posso te denuncia por isso né?

Médico: Verei o que eu posso fazer.

Ele pega e sai do quarto.

Quer mandar o estagiário, meteu logo essa, acontece algo com ela quero ver.

Sento novamente e fico jogando no meu celular para passar o tempo um pouco, estou cheia de sono. Fico jogando e acabo deixando meus pensamentos me levarem para o que aconteceu ontem, não sei se realmente é isso que eu quero para minha vida, eu tô gostando dele, sei que para ele eu sou apenas mais uma, mas não sei o que eu realmente quero, no carro quando falei que estamos juntos, percebi que ele não gostou. Acho melhor deixar ir fluindo.

Abro meu instagram e vejo que tem uma nova pessoa me seguindo, entro no perfil para ver e era a Penélope, logo aceitei, achei ela muito maneira.

Acabo cochilando e acabo sonhando com meus pais.

Pai: Desculpa filha, volta para casa, por favor!

Liz: Não irei voltar pai, estou melhor sem vocês. Agora consigo ter a liberdade que eu sempre quis.

Mãe: Tá vendo, isso é pra você aprender, eu já sabia que ela iria ser orgulhosa e jogar as coisas na nossa cara. - Falando com meu pai - Já que você não quer voltar para casa, você vai ter que ajudar a gente financeiramente! Eu e seu pai estamos precisando de pelo menos mil e quinhentos todo mês.

Liz: Você só pode estar ficando maluca, na hora de falar que eu não ajudava em nada dentro de casa você falou, agora quer vir aqui pedir ajuda? Eu não tenho mais obrigação nenhuma com vocês, me esqueçam.

Pai: Por favor minha filha, esse dinheiro será uma grande ajuda para continuar pagando o curso de atriz para sua irmã, não temos como pagar.

Liz: Ahhhhh, que legal em! Então vocês só vinheram me procurar para isso, porque se vocês não estivessem precisando foda-se a filha aqui né.

Pai: Fala direito com a gente, ainda somos seus pais!

Liz: Não tenho mais nada para falar com vocês. - Falo me retirando mais sou puxada pelo braço e ganho um tapa na cara do meu próprio pai. Logo em seguida acordo no susto.

Meu Deus, que sonho doido. Pareceu tão real. Passo o mão no meu rosto onde levei o tapa e parecia tão real mesmo.

Jaque: Que foi, aconteceu algo?

Deve ter reparado na minha cara de assustada.

Liz: Nada, foi só um sonho. Chegou tem muito tempo?

Jaque: Poucos minutos, porque?

Liz: Você acredita que o médico queria por o estagiário para dar a medicação da Sol?

Jaque: Ué gente, como assim? Pago tão caro para ela ser atendida da melhor maneira e é dessa forma que ele queria fazer, mas não vai mesmo.

Ela pega e sai da sala e me deixa sozinha com a Sol. Olho para o meu celular e vejo que desde a última vez que o médico saiu daqui, se passaram apenas querenta e cinco minutos, e parece que eu dormi uma eternidade.